Moreira Campos

escritor brasileiro

José Maria MOREIRA CAMPOS (Senador Pompeu, 6 de janeiro de 1914Fortaleza 6 de maio de 1994), mais conhecido como Moreira Campos, foi um contista brasileiro considerado um dos mais importantes do gênero no país, com obras traduzidas para o alemão, francês, hebraico, italiano e inglês.[1][2][3]

Moreira Campos
Nascimento 6 de janeiro de 1914
Senador Pompeu
Morte 6 de maio de 1994
Fortaleza
Cidadania Brasil
Filho(a)(s) Natércia Campos
Alma mater
Ocupação escritor
Prêmios
Empregador(a) Universidade Federal do Ceará
Religião Catolicismo

Biografia editar

Moreira Campos nasceu no município de Senador Pompeu em 1914, mudando-se para Lavras da Mangabeira dez anos depois.[4] Em 1930, a família se muda para a capital, Fortaleza, por conta de dificuldades financeiras.[4] Lá, Moreira Campos casa-se com Maria José Alcides Campos e o casal da à luz três filhos: Natércia, Marisa e Cid.[4]

Ingressou no Liceu do Ceará em 1930, terminando seus estudo secundários após seis anos.[5] Em 1946, entrou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC) e licenciou-se em Letras Neolatinas em 1967.[5] Entre 1970 e 1971, foi Decano do Centro de Humanidades da UFC e, durante este período, implantou e coordenou o Primeiro Ciclo Universitário.[5] Três anos depois, entre 1974 e 1978, foi Pró-Reitor de Gradução, exercendo, eventualmente, o cargo de Reitor.[5]

Na área do magistério iniciou-se como professor de Português, Literatura e Geografia em colégios. Exerceu o magistério na Universidade Federal do Ceará, no Curso de Letras, como titular de Literatura Portuguesa. Integrante do Grupo Clã e pertenceu à Academia Cearense de Letras.[6][7]

Em 30 de outubro, falece em Quixadá o pai do escritor, aos 47 anos. Em abril de 1932, falece Adélia Moreira Campos, mãe do escritor, aos 47 anos.

Estilo editar

Sempre gostei de estórias, desde menino. Minha mãe lia regularmente e fazia versos, embora para uso doméstico. Meu pai, que freqüentou o seminário, às vezes escrevia para os jornais. Aos treze anos, eu já perpetrava as primeiras poesias, entre elas dois sonetos.

Moreira Campos em 1985[8]

Para o ensaísta Sânzio de Azevedo, a obra de Moreira Campos situa-se, principalmente, no campo do conto psicológico, na linhagem de Chekov e Machado de Assis, sem contudo deixar de lado o conto regionalista.[9] Para Azevedo, Moreira Campos trata, principalmente, dos dramas da alma humana e não da presença da terra (como o fazem Afonso Arinos ou Gustavo Barroso), mas há histórias, "principalmente do livro Portas Fechadas (1957), [que] se nutrem da vivência sertaneja do escritor."[9]

Para a acadêmica Antônia Lucineide de Pessoa Albuquerque, os livros Vidas Marginais e Portas Fechadas caracterizam a 1.ª fase da produção literária do autor, trazendo contos mais descritivos e minuciosos, enquanto que a 2.º fase surge com As Vozes do Morto, que traz um conto mais sintético e moderno.[10] Ela observa que, em seus primeiros livros, Moreira Campos narra utilizando a primeira pessoa, enquanto que em O Puxador de Terço e Os Doze Parafusos as personagens não chegam a ter nomes, visando, talvez, a universalidade.[10] Como uma das peculiaridades dominantes de Moreira Campos, ela destaca sua maneira sutil de sugerir sentimentos como a desilusão, o amor e a crueldade em suas personagens centrais.[11] Para ela, o contista deixa que transpareçam expressivos momentos da realidade através da descrição de sensações íntimas e de uma linguagem curta, direta, concisa e dinâmica, a qual, às vezes, é repleta de adjetivos comedidos, construções nominais e sinestesias.[12] Por serem narrados no imperfeito, seus contos expressam uma idéia de continuidade e duratividade; eles enfocam o absurdo da vida nas injustiças sociais as quais estão sujeitas as pessoas marginalizadas.[10]

Lista de obras editar

  • Vidas Marginais (1949), contos; distinguido com o Prêmio Artur de Azevedo, do Instituto Nacional do Livro
  • Portas Fechadas (1957), contos[13]
  • As Vozes do Morto (1963), contos
  • O Puxador de Terço (1969), contos
  • Contos Escolhidos (1971), contos[14]
  • Momentos (1976), poesia[15]
  • Os 12 Parafusos (1978), contos[16]
  • 10 Contos Escolhidos (1981), contos[17]
  • A Grande mosca no copo de leite (1985) contos[18]
  • Dizem que os cães veem coisas (1987) contos[19]

Homenagens editar

  • No ano de 1993, no dia cinco de novembro, é agraciado com a Medalha da Abolição, a maior comenda concedida pelo governo do Estado do Ceará e recebe a placa de Honra ao Mérito da prefeitura Municipal de Fortaleza.[20][21]
  • Uma escola em Fortaleza foi nomeada em homenagem ao professor,[22]
  • Em agosto, é instituída a Comenda "Moreira Campos" em Senador Pompeu, sua terra natal a ser entregue anualmente a três pessoas de destaque no município.
  • Os Encontros Literários do Departamento de Letras da UFC passam a se denominar "Moreira Campos".
  • É descerrada uma placa com o seu nome na sala dos professores do curso de Letras.
  • É inaugurada a Sala Literária "Moreira Campos" no Palácio da Cultura.
  • Em dois de dezembro de 1992, recebe o título de professor emérito da Universidade Federal do Ceará.
  • Ingressa na Academia Cearense da Língua Portuguesa no ano de 1977,
  • No ano de 1962 ingressa na Academia Cearense de Letras.
  • Em 1958 recebe o Prêmio Artur de Azevedo, do Instituto Nacional do livro.
  • Recebeu em 1977 a Comenda Senador Fernandes Távora da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará.

Referências

  1. Lima 1993.
  2. Monteiro 1980.
  3. Carvalho 1981.
  4. a b c Barbosa, Diego (5 de janeiro de 2019). «Moreira Campos, que faria 105 anos neste domingo (6), segue influenciando gerações de escritores - Verso». Diário do Nordeste. Consultado em 22 de março de 2020 
  5. a b c d Albuquerque 1985, pp. 151-152.
  6. Campos, Moreira (2014). Moreira Campos centenário: vinte e um contos selecionados. [S.l.: s.n.] 
  7. Marques 2018.
  8. Albuquerque 1985, p. 161.
  9. a b Azevedo 1984, pp. 44-46.
  10. a b c Albuquerque 1985, p. 153.
  11. Albuquerque 1985, p. 152.
  12. Albuquerque 1985, p. 152-153.
  13. Campos, Moreira (1957). Portas fechadas: côntos. [S.l.]: Edições O Cruzeiro 
  14. Campos, Moreira (1978). Contos escolhidos. [S.l.]: Edições Antares 
  15. Campos, Moreira (1976). Momentos: poesia. [S.l.: s.n.] 
  16. Campos, Moreira (1978). Os doze parafusos. [S.l.]: Editora Cultrix 
  17. Campos, Moreira (1978). Contos. [S.l.]: Imprensa Universitária 
  18. Campos, Moreira (1985). A grande mosca no copo de leite: contos. [S.l.]: Editora Nova Fronteira em convênio com o Instituto Nacional do Livro, Fundação Nacional Pró-Memória 
  19. Campos, Moreira (1993). Dizem que os cães vêem coisas. [S.l.]: Maltese. ISBN 9788571804500 
  20. Campos, Moreira (2014). Moreira Campos centenário: vinte e um contos selecionados. [S.l.: s.n.] 
  21. Campos, Moreira; Montenegro, João Alfredo de Sousa; Rocha, Demócrito (1989). Demócrito Rocha: o poeta e o jornalista. [S.l.]: Fundação Demócrito Rocha 
  22. escolas. «Escola - EMEIF Escola Municipal Professor Jose Maria Moreira Campos - Fortaleza - CE». Escol.as. Consultado em 4 de setembro de 2018 

Bibliografia editar

  • Carvalho, Sérgio Waldeck de (1981). Folheto de trabalho sobre 10 contos escolhidos de Moreira Campos. Brasília: Horizonte Editoria. OCLC 10848447 
  • Lima, Batista de (1993). Moreira Campos: a escritura da ordem e da desordem. [S.l.]: Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará. OCLC 253559221 
  • Marques, Rodrigo (2018). Literatura cearense: outra história. Fortaleza: Editora Dummar. ISBN 9788567333373 
  • Monteiro, José Lemos (1980). O discurso literário de Moreira Campos. Fortaleza: Edições UFC. OCLC 612055252 
  • Azevedo, Sânzio de (22 de março de 1984). «Moreira Campos e a Arte do Conto». Revista de Letras. 7 (1/2). Consultado em 22 de março de 2020 – via www.periodicos.ufc.br 
  • Albuquerque, Antônia Lucineide de Pessoa (25 de março de 1985). «A Versatilidade Temática em Moreira Campos». Revista de Letras. 8 (1). Consultado em 25 de março de 2020 – via www.periodicos.ufc.br 

Ligações externas editar