Mosca-da-azeitona

espécie de inseto

A Mosca-da-azeitona[1] ou daco[2][3], também conhecida, ainda, como mosca-da-oliveira[4] (Bactrocera oleae), é um inseto díptero, da família dos tefritídeos, cujas fêmeas depositam os ovos nas azeitonas, sendo que as larvas, ao eclodir dias depois, se desenvolvem no interior do fruto, arruinando-o.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMosca-da-azeitona

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Diptera
Subordem: Brachycera
Família: Tephritidae
Género: Bactrocera
Espécie: B. oleae
Nome binomial
Bactrocera oleae
(Rossi, 1790)
Sinónimos
  • Dacus oleae (Rossi, 1790)
  • Dacus oleae var. flaviventris (Guercio, 1900)
  • Dacus oleae var. funesta (Guercio, 1900)
  • Musca oleae (Rossi, 1790)

Ciclo de vida editar

O daco é capaz de resistir aos Invernos, quando está pupado e debaixo da terra, a uma profundidade que ronda entre um a cinco centímetros, geralmente no solo do sobosque dos olivais.[5] As larvas são capazes de se aguentarem, também, ao Inverno, se permanecerem dentro das azeitonas que permaneçam nas árvores, por colher.[6]

Por torno do advento da Primavera, os adultos saem dos seus esconderijos e, valendo-se do seu considerável poder de voo, dispersam-se, ocupando novos olivais.[5] As fêmeas depositam os ovos sob a epiderme das azeitonas, a cerca de 1,5 mm de profundidade e em direcção oblíqua cujos caroços já endureceram. O ovo apresenta uma coloração branca, medindo à volta de 0,8 milímetros de comprimento e 0,2 milímetros de largura. [7]

Geralmente só depositam um ovo por azeitona, sendo certo que o daco fêmea comum é capaz de produzir entre 300 a 400 ovos, por Primavera. Poucos dias depois, dá-se a eclosão e despontam dos ovos larvas brancas, quase transparentes, com corpos moles de não mais de 1 milímetro de comprimento, onde se destacam as mandíbulas negras.[8]

A larva, para crescer e sobreviver, alimenta-se da polpa da azeitona e vai construindo tuneis tortuosos e afilados, que vão alargando à medida que a larva vai crescendo. [9]

Por ocasião do término do seu amadurecimento, a larva converte-se numa pupa, ainda dentro da azeitona, transformando-se ulteriormente no daco adulto. Por altura do Inverno, as últimas larvas atiram-se das azeitonas ao chão, onde se soterram, para se poderem resguardar do Inverno sob a forma de pupa.[5]

O daco prospera melhor sob temperaturas entre os 20 e os 30 graus Celcius. Se as temperaturas excederem os 30 graus, há sérias hipóteses de os fêmeas não depositarem tantos ovos, sendo que as tanto as larvas como as pupas não sobrevivem a temperaturas acima dos 35 graus.[6]

Na agricultura editar

São consideradas um flagelo para a oleicultura europeia, acarretando avultados prejuízos para os olivicultores, constituindo a principal praga da olivicultura portuguesa, com maior incidência nos olivais das regiões do Alentejo e de Trás-os-Montes.[10]

Os exemplares de azeitonas que sobrevivem aos ataques da mosca-da-azeitona geralmente só permitem fazer azeites ácidos e com altos índices de peróxidos. Sendo que, o grosso da colheita, na maioria dos casos, acaba por perder-se ou menoscabar-se, visto que as azeitonas atacadas pelos dacos, raramente sobrevivem, acabando por destelar precocemente e apodrecer no chão.[6]

Prevenção editar

Há inúmeros modos de prevenção contra os efeitos perniciosos deste insecto, que abarcam métodos tão dispares como tratamentos químicos; técnicas de luta biotécnica, como sendo o recurso a armadilhas com soluções atractivas; armadilhas cromotópicas amarelas com feromonas; técnicas de luta biológica, com insecticidas biológicos.[5][6]

Algumas metodologias menos invasivas passam por [10]:

  1. Privilegiar de cultivares mais resistentes, a título de exemplo, os cultivares de Cobrançosa e Madural mostram-se mais resistentes do que a Verdeal Alentejana, mercê da espessura da epiderme e da polpa do fruto;
  2. Promover as colheitas antecipadas, por forma a escamotear-se aos ataques às azeitonas, que soem de ocorrer no Outono;
  3. Apostar mais na gestão do agroecossistema, o que significa ao recurso à fauna e flora auxiliar indígena para combater os ataques dos dacos , destacando-se, a título de exemplo, os carabídeos, família de insectos que se alimenta das larvas, e as flores dos cardos e da ínula, Dittrichia viscosa, ou mesmo o enrelvamento do sotobosque do olival, a fim de criar focos de atracção de insectos que, por seu turno, ataquem os dacos.

Referências

  1. Infopédia. «mosca-da-azeitona | Definição ou significado de mosca-da-azeitona no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  2. Infopédia. «daco | Definição ou significado de daco no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  3. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de daco». aulete.com.br. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  4. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de mosca-da-oliveira». aulete.com.br. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  5. a b c d Saramago, Inês Soares Lino (2009). OLIVAL EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO. Beja: INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA. pp. 56–63 
  6. a b c d Torres, Laura (2007). Manual de Protecção Integrada do Olival. Viseu: João Azevedo Editor 
  7. Patanita, M. (1995). Oleae Gmelin, e a traça da oliveira, Prays oleae Bernard, na região de Moura numa perspectiva de protecção integrada. Lisboa: UTL, ISA, 
  8. Garcia, A. G. (2000). Nueva Olivicultura. 4ª Edición. Madrid: Ediciones Mundi-Prensa 
  9. Torres, Laura (2010). «Manual de Protecção Integrada do Oliva: A mosca da azeitona ( Bactrocera oleae (Gmelin) )» (PDF). Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas da Républica Portuguesa. 2 páginas. Consultado em 17 de março de 2020 
  10. a b «Mosca-da-azeitona: conhecer a praga para melhor lidar com ela». Vida Rural. 3 de novembro de 2015. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
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