Os Demónios de Alcácer Quibir

filme de 1976 dirigido por José Fonseca e Costa

Os Demónios de Alcácer Quibir (1976) é um filme português de longa-metragem de José Fonseca e Costa que, na linha do cinema militante, se embrenha na ficção, misturando situações verosímeis com fantasia histórica.

Os Demónios de Alcácer Quibir
Portugal Portugal
1976 •  pb •  87 min 
Género drama
Direção José Fonseca e Costa
Roteiro José Fonseca e Costa
Augusto Sobral
Elenco António Beringela
Ana Zanatti
Sérgio Godinho
Luís Barradas
João SemedoZita Duarte
Artur Semedo
Lançamento 9 de Abril de 1977
Idioma português

Estreia em Lisboa, no cinema Quarteto, a 9 de Abril de 1977.

Ficha sumária editar

Sinopse editar

A uma greve de operários agrícolas no Alentejo, a polícia associa elementos de um grupo de teatro ambulante. A acção decorre no espaço aberto e agreste da charneca. Com a conivência de Lianor, a trupe penetra no palácio de D. Gonçalo, velho aristocrata. O fidalgo vive obcecado por visões de grandes feitos passados, num universo de fantasmas.

Acabam os malteses por descobrir o seu tesouro: uma caixa cheia de carabinas e munições. Durante a carga policial que se segue, enfrentam os agentes de armas na mão. Nos horizontes, só a negra África se avista.

Enquadramento histórico editar

Os Demónios de Alcácer Quibir é a primeira ficção do cinema militante português em tempos de liberdade, depois do censurado Nojo aos Cães de António de Macedo, feito cinco anos antes, durante a época do fascismo. Sendo ambas obras típicas do novo cinema, este filme de Fonseca e Costa explora o universo visionário que a Revolução dos Cravos deixa entrever, pondo em foco a pertinente contradição entre as realidades de um período de mudanças profundas e a utopia que a revolução de cariz socialista perde de vista. A contradição é perturbadora e provoca sombrias expectativas, que os indicadores históricos não iluminam.

O olhar com que os cineastas progressistas portugueses dessa década (e praticamente todos o são) olham o futuro torna-se opaco. Desiludidos com o caminho que as coisas tomam, volvido o tempo de esperança, tentam interpretar as realidades do seu país de um ponto de vista que não é suficientemente elevado para criar o distanciamento certo. Aquilo que avistam não é nítido. Surgem, nesse contexto, obras intricadas, voltadas para dentro, assombras pelo passado. Todas as ficções militantes da década sofrem desse "mal": as de Eduardo Geada, as de Luís Galvão Teles. Verde por Fora, Vermelho por Dentro, será porventura a única (a mais mal tratada pela intelisenzia reinante) que, pondo pé fora da intriga classista, empolando a adivinha, forçando a caricatura, conseguirá sair vacinada, livrando-se do mal.

Ficha artística editar

  • António Beringela – Beringela
  • Ana Zanatti – Lianor
  • Sérgio Godinho – Camolas
  • Luís Barradas – soldado mudo
  • João Semedo – D. Gonçalo
  • Zita Duarte – Joana
  • Artur Semedo – capitão
  • Carlos José Teixeira – latifundiário
  • Pedro Efe – operário grevista
  • Osvaldo Medeiros – mordomo
  • Fernando Gusmão
  • Fernando Loureiro
  • Maria Alice Vergueiro
  • Beatriz de Almeida
  • Rogério Vieira
  • Carlos César
  • Tony Morgon
  • Vítor Carvalho
  • José Severino
  • Ana Flora
  • João Dionísio
  • José Figueiredo
  • João Carlos Gorjão
  • João Pedro Fonseca Costa
  • Carlos Sequeira
  • Cármen Gonzalez

Ficha técnica editar

Fontes editar

Ver também editar

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Ligações externas editar