Parque Estadual do Sítio do Rangedor

unidade de conservação da natureza pertencente ao governo do estado do Maranhão

O Parque Estadual do Sítio do Rangedor é uma unidade de conservação brasileira localizada na cidade de São Luís, no Maranhão. Com 120 hectares de área, o parque é uma unidade de proteção integral de reposição de aquíferos. Sua existência, no meio da cidade, garante o abastecimento de importantes lençóis freáticos, localizados no subsolo.[1]

Parque Estadual do Sítio do Rangedor
Categoria II da IUCN (Parque Nacional)
Parque Estadual do Sítio do Rangedor
País  Brasil
Localidade mais próxima São Luís
Dados
Área 121 ha
Criação 2005
Gestão Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão
Sítio oficial https://segov.ma.gov.br/vemproparque/parque-rangedor/

História editar

O parque fica localizado no bairro do Calhau, entre o Sítio Santa Eulália e o Sítio Rangedor, áreas de propriedade do Instituto de Previdência do Estado do Maranhão, em uma localização privilegiada da cidade.[2]

Em 1991, foi construído o Palácio Henrique de La Roque, o Centro Administrativo do Estado do Maranhão, nas proximidades do estação. A criação da estação ecológica foi fruto de mobilização para a preservação ambiental da área e sua importância para infiltração de água pluviais para recarga de aquíferos, tendo em vista que a nova sede da Assembleia Legislativa foi construída no local (2008), bem como o Multicenter do Sebrae e o Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana, além da futura construção da nova sede do Instituto Metrologia e Qualidade Industrial do Maranhão.[3]

A Estação Ecológica Sítio Rangedor foi estabelecida como uma área totalmente protegida pelo decreto estadual 21.797/2005, com uma área inicial de 126 hectares. Posteriormente, o decreto estadual 23.303/2007 reduziu a área para 120,95 hectares.[2]

A lei 10.455/16 alterou a categoria de unidade de conservação da Estação Ecológica do Sítio Rangedor, que passou a denominar-se Parque Estadual do Sítio Rangedor. Anteriormente, visitas públicas eram permitidas apenas para fins educacionais. Com a nova classificação, a unidade visa preservar o ecossistema natural de grande importância ecológica e beleza cênica, apoiar a pesquisa científica e a educação e interpretação ambiental e apoiar a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico.[3]

 
Praça das Nascentes

Em 2017, foi iniciada a construção de um novo espaço no parque, buscando transformá-lo em um espaço de lazer, esporte, aliado à preservação ambiental. O projeto utilizaria uma área de 7% do parque, na região que estava degradada com queimadas criminosas, despejo de lixo e prática ilegal de caça. A construção das áreas de lazer também recebeu críticas de ambientalistas, pela importância do local para reposição de aquíferos e garantia de abastecimento das reservas de água no subsolo.[4][5]

A inauguração do novo parque ocorreu em de setembro de 2019, que passou a contar com oito praças com equipamentos de esporte e playgrounds. Na Praça do Esporte, há duas quadras poliesportivas, uma quadra de areia e uma de tênis, além de academia e parquinho para as crianças. Também há pista para caminhada e uma ciclovia de 3,5 km, bem como um Batalhão de Polícia Ambiental e uma vila de food trucks, além de estacionamento com 500 vagas. Outras praças existente são as do: do Amor, Murici, Ouriços, Tiracambú e Pajeú.[6]

Um borboletário foi inaugurado em 2021, com o objetivo de promover a educação ambiental ao permitir a observação das fases da vida das borboletas e o despertar a sensibilidade e o respeito ao meio ambiente.[7]

Em 2021, foi anunciada a construção de novas estruturas no interior do parque, como estacionamento, praças, playground, trilhas, afetando uma área de 11.327,18 m².[8]

Caracterização e importância editar

O Parque Estadual do Sítio do Rangedor. engloba uma área de 120 ha, remanescente do bioma Amazônico (Amazônia Oriental), ambiente original da Ilha de Upaon-açu, com diferentes estágios de sucessão ecológica, funcionando como reguladora térmica em um ambiente que possui um crescimento urbano acentuado.[9]

Clima editar

O clima de São Luís é tropical, quente e úmido. A temperatura mínima na maior parte do ano fica entre 22 e 24 graus e a máxima geralmente entre 30 e 34 graus.[10] Apresenta dois períodos distintos: um chuvoso, de dezembro a julho, e outro seco, de agosto a novembro. A média pluviométrica é de 2200 mm/ano.

 
Palmeiras babaçu no parque

Geomorfologia editar

As litologias presentes na unidade de conservação são representadas por rochas e sedimentos das formações Itapecuru e Barreiras, cujas idades correspondem ao período Cretáceo e o Paleógeno, respectivamente.[9]

Entre os tipos de solo encontrados no parque estão: Neossolo Quartzorênico, Argissolo Vermelho-Amarelo e Neossolo Litólico.[9]

Recarga de aquíferos editar

O destaque topográfico em relação às áreas adjacentes, as rochas sedimentares que dão origem a solos permeáveis e a vegetação, constituem ambiente propício à infiltração de águas provenientes de precipitações pluviométricas.[3]

Estes atributos, somados à sua condição de área pública com extensão considerável em meio urbano densamente povoado, tornam o parque uma área favorável a recarga de aquífero, além de influenciar na manutenção do microclima da região, na proteção contra a salinidade e recarga dos rios próximos, sendo abrigo de vegetação e de animais nativos. Portanto, é inegável a sua contribuição para a qualidade ambiental da Ilha de São Luís.[3]

A água precipitada no parque flui para as áreas topograficamente mais baixas das suas proximidades, como a bacia do Rio Calhau, e partes dos bairros Santa Eulália, Vinhais, Cohafuma e Renascença, alguns deles possuindo afluentes do rio Anil.[9]

A recarga hidráulica do parque também contribui como força contrária à entrada de água do mar para o continente, o que pode perder força dada a diminuição das precipitações provocadas pelas mudanças climáticas e o aumento na exploração dos aquíferos com a perfuração de poços.[9]

Biodiversidade editar

 
Praça no interior do Parque.

Flora editar

Dentre as espécies vegetais do parque estão: o jatobá (Hymenaea courbaril), o pau pombo (Tapirira guianensis), o angelim (Andira surinamensis), o ingá macaco (Inga sp), pau-terra (Qualea parviflora), a janaúba (Hymatanthus articulata), o jacarandá (Jacaranda copaia), tucum (Astrocarium vulgare), o babaçu (Attalea speciosa), a jatobá (Hymenaea courbaril), buriti (Mauritia vinifera), o angelim (Andira surinamensis), o pau terra (Qualea parviflora), a mirindiba (Terminalia sp), o merim (Gracinia brasiliensis), a janaúba (Hymatanthus articulata), ipê (Handroanthus ochraceus), dentre outras.[9]

Fauna editar

Na fauna encontrada no Rangedor, há:[9]

Conservação editar

Em 2006, foi verificado que 30% da área do parque estava com solo exposto na área total do parque, provavelmente pela retirada de terra e piçarra no passado, percentual que foi reduzido em razão do plantio compensatório realizado entre o período de 2013 e 2015.[9]

Na década de 90, era realizada uma atividade de mineração clandestina de laterita e argila na região central do parque, provocando a modificação do relevo e da permeabilidade do solo, deixando a área sem formações vegetais e com uma depressão disforme, sujeito a erosão, ravinamentos e voçorocas.[9]

As queimadas, a caça de animais silvestres, coleta de material vegetal, depósito de resíduos sólidos, extração irregular de areia e cascalho, ocupações irregulares, despejos sanitários irregulares são fatores de ameaça à unidade de conservação.[9]

Referências

  1. «PES do Sítio Rangedor | Unidades de Conservação». uc.socioambiental.org. Consultado em 23 de maio de 2018 
  2. a b Ana Gissele Soares Coelho (UEMA/MA). «PARA QUE SERVE A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: um estudo de caso da Estação Ecológica do Rangedor na cidade de São Luis- MA» (PDF) 
  3. a b c d «Sitio_rangedor_2017» (PDF) 
  4. «Parque do Rangedor é entregue em São Luís». Jornal Pequeno. 8 de setembro de 2019. Consultado em 11 de setembro de 2019 
  5. «Projeto em unidade de proteção integral de São Luís é criticado por ambientalistas» 
  6. MA, Segov (6 de setembro de 2019). «PORTARIA Nº 61, DE 06 DE SETEMBRO DE 2019..» (PDF). Governo do Maranhão. Consultado em 11 de setembro de 2019 
  7. «Borboletário do Parque do Rangedor inaugura neste sábado». O Imparcial. 3 de julho de 2021. Consultado em 24 de outubro de 2021 
  8. SEATI (5 de julho de 2021). «Governo do Maranhão entrega Borboletário e assina ordem de serviço da expansão do Parque Estadual do Sítio do Rangedor». Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais – SEMA. Consultado em 24 de outubro de 2021 
  9. a b c d e f g h i j k l m «Plano de Manejo (2017)» (PDF) 
  10. Universidade Federal do Maranhão. «Comportamento térmico no centro histórico e comercial de São Luís-MA» (PDF). Consultado em 8 de fevereiro de 2011 
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