Phyllostominae é uma subfamília de morcegos da família Phyllostomidae. Possui 10 gêneros e 23 espécies[2][3]. Os membros dessa subfamília ocorrem desde o México até o norte da Argentina[3]. Estão ausentes da maioria das ilhas do Caribe, exceto Trinidad, apesar de Tonatia saurophila ter sido descrita com base em um fóssil da Jamaica. A sufamília Phyllostominae contém as espécies de filostomídeos mais adaptadas à carnivoria, mas muitas espécies também consomem néctar, pólen e frutos. Um dos membros da subfamília, Vampyrum spectrum, é o maior morcego das Américas e também o maior morcego não-Pteropodidae do mundo, podendo atingir 1 metro de envergadura[4].

Como ler uma infocaixa de taxonomiaPhyllostominae[1]
Ocorrência: Mioceno-Recente 16–0 Ma
Trachops cirrhosus
Trachops cirrhosus
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Placentalia
Ordem: Chiroptera
Família: Phyllostomidae
Gray, 1825
Subfamília: Phyllostominae
Gray, 1825
Tribos

Taxonomia e Evolução editar

Filogenias moleculares evidenciaram que a subfamília Phyllostominae, como tradicionalmente concebida, era um táxon polifilético.[2] Os gêneros Macrotus, Micronycteris, Lampronycteris, Lonchorhina, Trinycteris, Glyphonycteris e Neonycteris, tradicionalmente classificados em Phyllostominae hoje são classificados em outras subfamílias, deixando Phyllostominae stricto sensu com apenas 10 gêneros: Macrophyllum, Trachops, Gardnerycteris, Lophostoma, Tonatia, Phylloderma, Phyllostomus, Chrotopterus, Mimon e Vampyrum. Phyllostominae ainda é subdividida em três tribos: Macrophyllini, Phyllostomini e Vampyrini.

Os fósseis mais antigos da subfamília são do Mioceno médio (entre 16-12 milhões de anos) de La Venta, Colômbia. São representados na localidade os gêneros Notonycteris † e Tonatia (ou Lophostoma). Recentemente foi descoberto um fóssil do Mioceno do Panamá, batizado de Americanycteris cyrtodon[5]. Essa espécie extinta teria um tamanho similar ao Chrotopterus auritus, sendo claramente um Phyllostominae, mas não alocável no momento a alguma das três tribos reconhecidas.

Classificação editar

Características morfológicas editar

As espécies de Phyllostominae possuem desde um tamanho pequeno (6–9 gramas, em Macrophyllum[6]) a grande em Vampyrum spectrum (126–190 gramas), a maior espécie de Phyllostomidae. Muitas espécies possuem molares dilambdodontes, ou seja, mantém a configuração em "W" primitiva em morcegos. A fórmula dentária das espécies dessa subfamília é:

 

A cauda geralmente é presente e atinge entre 1/3 à metade do uropatágio, que na maioria das espécies é bem desenvolvido. Em Vampyrum spectrum, a cauda é ausente, e Macrophyllum macrophyllum possui a cauda atingindo a extremidade posterior do uropatágio. A maioria das espécies possui orelhas relativamente grandes.


Ecologia editar

Estudos sugerem que os dois maiores morcegos da subfamília, Chrotopterus auritus e Vampyrum spectrum, sejam espécies monogâmicas.[7] A terceira maior espécie, Phyllostomus hastatus, forma haréns (várias fêmeas e um único macho) e grupos de "solteiros", contendo uma proporção maior de machos em relação a fêmeas.[8] Algumas espécies, como as do gênero Phyllostomus, possuem um dieta onívora, alimentando-se desde frutas até outros morcegos. Phyllostomus discolor é uma espécie altamente nectarívora e importante polinizador de algumas plantas[9]. Vertebrados são itens frequentes na dieta das espécies maiores, como Vampyrum spectrum, Chrotopterus auritus e Trachops cirrhosus, este último conhecido por predar sapos. Já foram registradas 25 espécies de aves na dieta de Tonatia bidens na Ilha do Cardoso, São Paulo e 18 espécies de aves na dieta de Vampyrum spectrum na Costa Rica.[4][10]

Os morcegos filostomíneos geralmente utilizam ocos de árvore, cavernas e paredões rochosos como abrigos naturais, mas algumas espécies, como Lophostoma silvicolum, podem se abrigar em cupinzeiros ativos[11], e Macrophyllum macrophyllum é frequentemente encontrado em construções humanas e canos de concreto próximos ou sobre cursos d'agua.[12]

Referências editar

  1. Simmons, N.B. (2005). Wilson, D.E.; Reeder, D.M. (eds.), eds. Mammal Species of the World 3 ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. pp. 312–529. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. a b Baker, Robert J.; Solari, Sergio; Cirranello, Andrea; Simmons, Nancy B. (1 de junho de 2016). «Higher Level Classification of Phyllostomid Bats with a Summary of DNA Synapomorphies». Acta Chiropterologica. 18 (1): 1–38. ISSN 1508-1109. doi:10.3161/15081109ACC2016.18.1.001 
  3. a b Gardner, Alfred L. Mammals of South America, Volume 1 (em inglês). [S.l.: s.n.] doi:10.7208/chicago/9780226282428.001.0001 
  4. a b «No. 184, Nov. 23, 1982 of Mammalian Species on JSTOR». www.jstor.org (em inglês). Consultado em 8 de maio de 2017 
  5. Morgan, Gary S.; Czaplewski, Nicholas J.; Rincon, Aldo F.; Bloch, Jonathan I.; Wood, Aaron R.; MacFadden, Bruce J. (1 de dezembro de 2023). «A new early Miocene bat (Chiroptera: Phyllostomidae) from Panama confirms middle Cenozoic chiropteran dispersal between the Americas». Journal of Mammalian Evolution. 30 (4): 963–993. ISSN 1573-7055. doi:10.1007/s10914-023-09690-4 
  6. Harrison, David L. (1 de janeiro de 1975). «Macrophyllum macrophyllum». Mammalian Species (62): 1–3. doi:10.2307/3503986 
  7. Greenhall, Arthur M. (20 de maio de 1968). «Notes on the Behavior of the False Vampire Bat». Journal of Mammalogy. 49 (2): 337–340. ISSN 0022-2372. doi:10.2307/1378008 
  8. McCracken, Gary F.; Bradbury, Jack W. (1 de fevereiro de 1981). «Social organization and kinship in the polygynous bat Phyllostomus hastatus». Behavioral Ecology and Sociobiology (em inglês). 8 (1): 11–34. ISSN 0340-5443. doi:10.1007/BF00302840 
  9. Kwiecinski, Gary G. (1 de dezembro de 2006). «Phyllostomus discolor». Mammalian Species: 1–11. ISSN 0076-3519. doi:10.1644/801.1 
  10. Martuscelli, Paulo (1 de agosto de 1995). «Avian predation by the Round-eared Bat (Tonatia bidens, Phyllostomidae) in the Brazilian Atlantic forest». Journal of Tropical Ecology. 11 (3): 461–464. ISSN 1469-7831. doi:10.1017/S0266467400008944 
  11. Dechmann, Dina K. N.; Kerth, G. (1 de dezembro de 2008). «My home is your castle: roost making is sexually selected in the bat Lophostoma silvicolum». Journal of Mammalogy. 89 (6): 1379–1390. ISSN 0022-2372. doi:10.1644/08-MAMM-S-061.1 
  12. Garbino, Guilherme Siniciato Terra (2 de dezembro de 2016). «Research on bats (Chiroptera) from the state of São Paulo, southeastern Brazil: annotated species list and bibliographic review». Arquivos de Zoologia (São Paulo) (em inglês). 47 (3): 43–128. ISSN 2176-7793. doi:10.11606/issn.2176-7793.v47i3p43-128 
 
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