Praia de Icaraí (Caucaia)

Praia de Caucaia
 Nota: Se procura outros significados de Icaraí, veja Icaraí (desambiguação).
Praia de Icaraí
Localização
Coordenadas
Localização
Descrição
Tipo de praia
Reta
Extensão da orla
2,5 km
Banhada por
Funcionamento
Acesso público
Mapa

Icaraí é uma praia localizada no município de Caucaia, no estado do Ceará, que tem um bairro homônimo abrangendo toda sua extensão. Fica a 20 Km do centro de Fortaleza e 26 km do Aeroporto Internacional de Fortaleza. Excelentes acessos pela rodovia Ulisses Guimarães e pelas rodovia CE-090.

Descrição editar

Reta de areia branca e batida, a Praia de Icaraí possui 9 quilômetros de extensão. Nela localizam-se diversos condomínios, casas de veraneio e vilas de pescadores.

Processo de erosão costeira editar

A partir do final da década de 1960 e, principalmente, na década de 1970, a erosão atinge progressivamente as praias do litoral oeste de Fortaleza, retirando os sedimentos e transportando-os na direção oeste. Cada praia erodida fornece sedimentos para a praia subsequente, entretanto, não recebe a reposição necessária ao equilíbrio sedimentar, entrando em colapso, recuando a linha de costa e destruindo as estruturas urbanas com perda de patrimônio público e privado. A erosão segue seu caminho, mas só é percebida e relatada quando atinge essas estruturas urbanas.[1]

Na década de 1980, os processos erosivos atacam pela primeira vez o município de Caucaia, no outro lado da foz do Rio Ceará, fenômeno amplamente noticiado na imprensa local, sendo a Praia dos Dois Coqueiros a primeira a ser arrasada pelo ataque das ondas. O litoral de Fortaleza conseguiu fazer suas estruturas de proteção de modo a minimizar os impactos negativos dos processos erosivos, mas a penúria em sedimentos persiste, provocando déficit sedimentar ao longo de todo o litoral de Caucaia, que não fez as mesmas intervenções que o município de Fortaleza.[1]

Na sequência do tempo e à medida que a erosão caminha para leste na década de 1990, os proprietários de imóveis ao longo da orla tentam proteger seus patrimônios construindo com recursos próprios, ou pressionando o poder público para construir com recursos públicos, estruturas de proteção costeira. Deste modo, foram feitas 10 intervenções entre as praias de Iparana e Icaraí, todas após a construção do enrocamento na Colônia de Férias do SESC. Foram nove as estruturas do tipo enrocamento e um Bagwall. Os nove enrocamentos tem extensões diferentes, sendo o menor com apenas 70 metros. Os dois maiores, um na Praia de Icaraí, com 330 metros, e o outro na Praia do Pacheco, com 270 metros. No total, somando a extensão de todos os enrocamentos, somam 1.430 metros de artificialização do litoral com rochas graníticas. Todos esses enrocamentos protegem o litoral da erosão, mas, sem exceção, perde-se também a área de praia.[1]

Nos anos 2000, o Icaraí foi rapidamente sendo "engolido" pelo mar. Para se ter uma ideia, existia uma avenida à beira-mar (a Avenida Litorânea) com pista dupla. Hoje, o mar engoliu a faixa de areia inteira e mais de ⅔ da avenida. Poucos barraqueiros resistem, longe dos verdadeiros parques aquáticos que existiam antigamente, como o Paraíso Perdido Park, o Icaraí City, o Lago Dourado, dentre outros.[2]

A outra obra costeira na Praia de Icaraí foi a construção, em 2010, pela Prefeitura Municipal, de um modelo de proteção denominado de Bagwall, que consiste na construção de estruturas de concreto em forma de escada entre o continente e a linha de preamar, para amortecer o impacto das ondas e conter o recuo da linha de costa. Apesar dos avisos de especialistas das universidades locais de que essa opção de proteção não era a adequada para a Praia de Icaraí, o poder público construiu 835 metros de Bagwall nessa praia (Souza, 2011) e, como era de se esperar, a estrutura, não funcionou de forma eficiente. Esse modelo de proteção costeira (Bagwall) tem apresentado bons resultados em áreas protegidas de ondas, como baias e enseadas, ambientes bem diferentes da Praia de Icaraí.[1]

Um dos argumentos que levam à propagação da crença popular (que o aterro da Praia de Iracema causou a erosão costeira na Praia de Icaraí) é a afirmação de que “para se fazer o aterro, um novo molhe foi construído, defronte à Avenida Rui Barbosa, e que esse molhe reteria sedimentos que fariam falta nas praias de oeste, sendo a de Icaraí a mais afetada”. Esse argumento, entretanto, não se sustenta, pois quase 10 anos após sua construção, o molhe da Praia de Iracema não acumulou sedimentos no seu lado leste. Não há como as estruturas dos espigões do Aterro da Praia de Iracema terem prejudicado o caminhamento das areias, vez que não existem areias caminhando nesse trecho da Praia de Iracema.[1]

Turismo editar

A Praia de Icaraí, desde os meados dos anos 2000, foi referência por sediar diversos eventos culturais, como suas calorosas festas de carnaval, um dos mais tradicionais do estado do Ceará[3] e campeonatos de surf como o Circuito Cearense e Nordestino de Surf.[4]

No entanto, o processo de erosão costeira da praia nos últimos anos[5] decretou o fim do turismo no local.[6] Moradores do entorno reclamam que faltam ações efetivas para conter os problemas. Habitação e comércio também foram fortemente afetados.[7]

Recentemente o Governo do Estado anunciou a construção de 3 espigões na orla da praia do Icaraí. A obra será feita pelo Governo do Estado em parceria com a Prefeitura de Caucaia. Está previsto no projeto a construção de 11 espigões em torno do litoral caucaiense, sendo 3 desses na praia do Icaraí. [8]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e «DINÂMICA COSTEIRA DO LITORAL DE FORTALEZA E OS IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO DOS ATERROS DAS PRAIAS DE MEIRELES (BEIRA MAR) E IRACEMA SOBRE O LITORAL DE CAUCAIA» (PDF). Instituto de Estudos Pesquisas e Projetos da UECE- IEPRO, Laboratório de Gestão Integrada da Zona Costeira – LAGIZC e Universidade Estadual do Ceará - UECE. 1 de outubro de 2018. Consultado em 26 de março de 2020 
  2. A praia do Icaraí está desaparecendo por causa da erosão - G1 Ceará - CETV 2ª Edição - Catálogo de Vídeos, consultado em 26 de março de 2020 
  3. Carnaval no Icaraí: antes e depois da destruição causada pelo mar - G1 Ceará - CETV 2ª Edição - Catálogo de Vídeos, consultado em 26 de março de 2020 
  4. Morais, Dávilla (17 de fevereiro de 2020). «O avanço do mar na Praia do Icaraí: promessas, lutas e desejos de uma comunidade costeira». Portal do NIC. Consultado em 26 de março de 2020 
  5. Façanha, Matheus Cordeiro; Di Ciero, Clara D'ávila; Souza, Louise Aquino; Marino, Thelma Rios Donato (2017). «Erosão costeira da praia do Icaraí (Caucaia/CE)». INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS - UNICAMP: 2946–2952. ISBN 978-85-85369-16-3 
  6. «Avanço do mar gera prejuízo para comerciantes e moradores da praia do Icaraí, na Grande Fortaleza». 5 de março de 2020. Consultado em 26 de março de 2020 
  7. «Maré alta na praia do Icaraí gera transtornos e preocupa moradores e comerciantes - Metro». Diário do Nordeste. 20 de fevereiro de 2019. Consultado em 26 de março de 2020 
  8. Povo, O. (31 de março de 2022). «Praia do Icaraí, em Caucaia, vai receber três espigões para conter avanço do mar». O POVO. Consultado em 1 de agosto de 2022