O rio Utinga é um curso de água que banha o estado da Bahia. É um rio muito importante para o abastecimento da população e para a agropecuária desenvolvida nas cidades de Utinga, Wagner, Lajedinho e Andaraí, que são municípios da Chapada Diamantina. Tem como afluentes os rios Mucambo,[1] Verde, Bonito, Atalaia e Cachoeirinha. A bacia hidrográfica formada pelo rio Utinga abrange uma área de aproximadamente 3000 km². Esta área hidrográfica, encravada na porção central do estado da Bahia, constitui um subsistema hidrográfico integrante da bacia do rio Paraguaçu. O rio Utinga nasce próximo à localidade de Cabeceira do Rio, situada no município de Utinga e distante apenas 5 km da sede e percorre a sentido sudoeste.[2]

Rio Utinga
Altitude da nascente 600 m
Foz Rio Santo Antônio
Altitude da foz 300 m
Afluentes
principais
Rio Mucambo, Rio de Cachoeirinha, Rio Bonito
País(es)  Brasil

Este rio é responsável pelo abastecimento de grande parte da população dos municípios de Utinga, Wagner, Lajedinho e Andaraí. Suas águas, além de serem usadas para consumo humano e animal, são a grande responsável pelo desenvolvimento econômico de toda a região, através da agricultura familiar, agronegócios, pecuária e a piscicultura. Atualmente diversas culturas são cultivadas ao longo do curso do rio: banana, mamão, café, tomate, pimentão, melancia, abóboras, hortaliças etc.

A palavra Utinga, que, em Tupi Guarani, significa "águas claras", foi dada pelos povos Paiaiá, tribo indígena que viveu às margens do rio e que teria dado origem ao povoamento da região. Esse rio, de águas cristalinas, é, nos dias de hoje, um tesouro ameaçado. O nível de suas águas é cada vez menor devido ao uso desregrado e insustentável praticado por muitos agricultores e pecuaristas. A poluição, o assoreamento e a falta de políticas públicas de revitalização e de uso sustentável têm levado ao iminente fim de um dos mais preciosos tesouros da humanidade.

Geografia editar

O rio Utinga, que tem uma extensão linear aproximada de 80km, recebe sua maior de contribuição hídrica pelo lado direito, onde os afluentes são perenes, mantidos pelas formações geológicas lito-estratigráficas da chapada Diamantina. Nesta margem ocorrem três tipos predominantes que são: conglomerados com conjuntos de estratifica cruzada acanalada e tabular, arenitos bimodais; a Formação Caboclo caracterizado por arenitos e argilitos com estratificações, laminitos algais, onde se localiza a nascente do rio Bonito; e o tipo com arenitos e siltitos com estratificação cruzada como ocorrem nas serras do do Gavião e da Sovela.[3] Há presença de caatinga arbórea e floresta estacional.[4]

Todavia, pela margem esquerda seus afluentes são temporários, devido a engrunamentos associados a aspectos geológicos (sedimentos de pelito, calcário e arenito), e também à maior aridez do clima, que resulta em decréscimo da precipitação.[5] Nesta margem ocorrem dois tipos geológicos predominantes: o primeiro são as coberturas detríticas (constituídas pelos detritos de outras rochas) relacionadas ao ciclo de pediplanação (formação de superfícies planas); e segundo, a formação de calcilutitos, calcarenitos e calcissiltitos com laminações planoparalelas; calcários dolomíticos com níveis de silexitos; laminitos algais.[3]

O solo predominante na bacia do Rio Utinga é o latossolo vermelho-amarelo, mas há presença de cambissolo háplico (próximo a nascente do rio e entre Utinga e Wagner) e agrissolo vermelho-amarelo (margem esquerda do rio Bonito) e uma pequena região de neossolo litólico. Ainda o latossolo vermelho a leste de Wagner.[6] Com exceção dos neossolos litólicos, por serem rasos e geralmente pedregosos, esses solos são propícios para agricultura, alguns dos quais necessitando de adubação e correção da acidez.[7]

A formação de microclimas tropical chuvoso de floresta com um período de chuva no verão e outro no inverno e clima tropical de altitude com chuvas no verão [8] favorece algumas colheitas, como a de café, que se desenvolve na região da junção dos munícipios de Wagner, Bonito e Utinga desde a década de 80 do século XX.[9]

Economia editar

A economia dos municípios envolvidos por esta bacia desenvolve-se, boa parte, em torno da agropecuária, sobretudo a de pequenos produtores. Desenvolve-se a agropecuária de subsistência que se dá nas vazantes do rio ou de seus afluentes (prescindindo de irrigação), uma vez que cerca de metade da população é da zona rural, mas compete ao setor de serviços a maior parcela do produto interno bruto (PIB).[10]

Ver também editar

Referências

  1. CPRM – Serviço Geológico do Brasil Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea Diagnóstico do Município de Utinga Estado da Bahia / Organizado [por] Ângelo Trevia Vieira, et.al. Salvador:CPRM/PRODEEM, 2005. 14p + anexos “Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea”
  2. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.IBGE. Mapa Físico do Estado da Bahia.
  3. a b MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA - SECRETARIA DE MINAS E METALURGIA - CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL FOLHA SD.24-V-A SEABRA"
  4. Mapeamento da Cobertura Vegetal da Bahia.Governo do Estado, SEAGRI/DDF, 1998."
  5. A.D.C. Pereira et.al. "POTENCIAL HIDROGEOLÓGICO DA BACIA DO RIO UTINGA-BA"
  6. Solos: Estado da Bahia 2012 - Plano Estadual de Recursos Hídricos (2004), Resolução CNRH N° 32/2003, Resolução CONERH N° 43/2009, Resolução CONERH N° 80/2011 e Banco de Dados do INEMA (2011).
  7. Cleverson V. Andreoli et al. ,2012 “FORMAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS PARA O ENTEDIMENTO DE SUA IMPORTÂNCIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL”.
  8. Secretaria do Planejamento, Ciencia e Tecnologia – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – Gerencia de Recursos Naturais – Tipologia Climática Koppen – Estado da Bahia 1998
  9. Sítio <http://sarpa.com.br/por/about_us/history.php> acessado em 20 de fevereiro de 2017
  10. Sítio IBGE <http://cidades.ibge.gov.br/> acessado em 20 de fevereiro de 2017
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