Testo Junkie (publicado em inglês com o subtítulo Sex, Drugs, and Biopolitics in The Pharmacopornographic Era)[nota 1] é um livro, descrito como uma "auto-teoria",[1] do escritor e filósofo Paul B. Preciado. Foi publicado originalmente no ano de 2008 em espanhol, como Testo yonqui.[2] Testo Junkie narra a experiência multifacetada e liminar de Preciado enquanto esteve sob tratamento hormonal com testosterona de uso tópico, um ato político e performativo, enquanto trabalhava em Paris, bem como aborda perspectivas que interconectam temas como indústria farmacêutica, pornografia e capitalismo.[3]

Testo yonqui
Testo Junkie (BR)
Testo Junkie
Capa da edição espanhola
Autor(es) Paul B. Preciado
País Espanha
Assunto
Editora Espasa
Páginas 324
ISBN 8467026936
Edição brasileira
Tradução Maria Paula Gurgel Ribeiro
Editora N-1 Edições
Lançamento 2018
Páginas 448
ISBN 978-8566943535

Esboço e conceito editar

De acordo com Preciado, Testo Junkie é um "corpo-ensaio", no qual escreve sobre o uso da testosterona como forma de desfazer o gênero inscrito no corpo pela mercantilização e controle capitalista da sexualidade e da reprodução, um processo que transcende à norma social esperada com a transição de gênero.[4] Além disso, Testo Junkie é uma homenagem ao escritor francês Guillaume Dustan, amigo gay próximo de Preciado que contraiu AIDS e morreu de overdose acidental de um medicamento que estava tomando. No livro, Preciado também relata as mudanças em seu corpo, devido ao tratamento com testosterona, por meio das lentes de um caso com sua então amante, a escritora francesa Virginie Despentes, mencionada como "VD".[5]

Sexo e sexualidade são temas importantes no livro, visto que seu ponto de partida retoma discussões da obra História da Sexualidade (1976-1984), de Michel Foucault, e das obras de Judith Butler. Testo Junkie é uma história política sobre as tecnologias reprodutivas, incluindo contraceptivos orais, viagra, drogas usadas em doping, fluoxetina e a história do uso clínico dos hormônios testosterona e estrogênio, que se conectam ao próprio uso de fármacos de Preciado.[6]

Capitalismo farmacopornográfico editar

No livro, Preciado cunha o conceito de era farmacopornográfica, termo baseado em sua ideia de que a indústria farmacêutica, a indústria pornográfica e o capitalismo tardio estão cada um integrados pelos ciclos capitalistas de controle reprodutivo e social por meio da regulação dos corpos. A era farmacopornográfica se enquadra no contexto de uma crítica ao capitalismo e a suas estratégias políticas, sociais e econômicas globais.[7]

Notas

  1. Em português: "Sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica"

Referências

  1. Hansen, Sarah (2016). «Testo Junkie: Sex, Drugs, and Biopolitics in the Pharmacopornographic Era by Paul B. Preciado». State University of New York Press 
  2. Delatte, Marta (5 de agosto de 2014). «Meet the 'Testo Junkie' Who Hacks Her Gender with Testosterone». Vice Magazine 
  3. Bianco, Marcie (25 de setembro de 2013). «'Testo Junkie: Sex, Drugs, and Biopolitics in the Pharmacopornographic Era' by Beatriz Preciado». Lambda Literary 
  4. Tucker, Ricky (4 de dezembro de 2013). «At Work: Pharmacopornography: An Interview with Beatriz Preciado». The Paris Review 
  5. Fateman, Johanna. «Bodies of Work: Two books of autofiction examine the sexual politics of the postporn era». Bookfroum. Bookforum. Consultado em 25 de junho de 2015 
  6. Wark, McKenzie (7 de dezembro de 2013). «Testo Junkie, by Béatriz Préciado». Public Seminar 
  7. «Modes of Subversions against the Pharmacopornographic Society: Testo Junkie by Beatriz Preciado - THE FUNAMBULIST MAGAZINE». THE FUNAMBULIST MAGAZINE (em inglês). 14 de maio de 2013. Consultado em 22 de julho de 2018 

Ligações externas editar