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L'Amore (Brasil: O Amor / Portugal: O Amor) é um filme italiano de 1948, dirigido por Roberto Rossellini e estrelado por Anna Magnani e Federico Fellini. Com uma dedicação inicial ao talento de atuação de Magnani, a obra se consiste em dois episódios, um intitulado Una voce umana (Uma voz humana) e o segundo Il Miracolo (O Milagre). Essa segunda parte foi banido nos Estados Unidos, até a decisão contrária da Suprema Corte americana em 1952 em favor do filme e da liberdade de expressão.


Ficha técnica
L'amore
O Amor (PRT/BRA)
Op.rafa/Testes
Itália
p&b •  80 min 
Direção Roberto Rossellini
Produção Roberto Rossellini
Roteiro Roberto Rossellini

Federico Fellini

Tullio Pinelli

Elenco Anna Magnani

Federico Fellini

Música Renzo Rossellini
Distribuição Joseph Burstyn
Lançamento 1948 (Itália)

1950 (EUA)

Idioma italiano

Sinopse editar

L’Amore é dividido em dois episódios independentes. O primeiro, Una voce umana, cuida-se de um monólogo adaptado da peça escrita por Jean Cocteau em 1930 [1], La voix humaine, e retrata uma mulher interpretada por Anna Magnani , que, sozinha em seu apartamento, passa a noite ao telefone tentando desesperadamente convencer o seu amado para que ele não a abandone.

Já o segundo episódio, Il miracolo, é baseado na obra Flor de santidad de Ramón María del Valle-Inclán[1] . Neste capítulo, Nanni, uma pobre e religiosa mulher de uma aldeia do interior da Itália (novamente Anna Magnani ), encontra um andarilho (Federico Fellini) e está convicta de que ele seja São José. Nanni é seduzida por ele e, tempos depois, quando descobre que está grávida, acredita que isto seja um verdadeiro milagre, o que leva a mulher a ser ridicularizada pelos demais moradores do vilarejo.

Produção editar

Una voce umana, a primeira das duas partes que compõem L'Amore, foi realizada por conta da sugestão da própria Anna Magnani, atriz principal do filme. Já havendo performado em Roma o monólogo do poeta francês Jean Cocteau, La Voix humaine, a mesma uniu o autor e Rossellini e os pressionou para colaborarem na realização de um filme da obra de Cocteau. Roberto Rossellini usou, para financiar o filme, o dinheiro do adiantamento que Joseph Burstyin, um distribuidor de filmes, havia providenciado para o filme alemão, que depois seria nomeado Germania anno zero (Alemanha, Ano Zero) e tentou convencer Basilio Franchina, que era seu assistente, a ser tolerante em omitir o desvio de fundos, o que gerou conflitos entre os dois. Anna e Rossellini eram livres para improvisar e filmar tarde da noite, já que, além do "diálogo" de Cocteau, não havia nenhum roteiro. Una voce umana foi rodado em duas semanas em um estúdio na Place Clichy no final de abril e início de maio, no intervalo entre suas duas viagens a Berlim para a preparação do filme Germania anno zero (Alemanha, Ano Zero).[2]

Entretanto, Una voce umana era muito curto para ser lançado por conta própria, uma vez que apresentava apenas 35 minutos de duração. Assim, Rossellini saiu em busca de uma história em livros, perguntando para amigos e escritores, porém não teve muito sucesso. Foi Federico Fellini, que havia trabalhado com Rossellini em Roma, Cidade Aberta e Paisà, que finalmente sugeriu a história ideal para a segunda parte da obra, sendo esta nomeada de II Miracolo. A narrativa iria abordar a jornada de uma simples pastora, uma “tola mística”, que, por consequência de sua intensa religiosidade, por seu forte afeto e sua devoção apaixonada a São José, passa a acreditar que o próprio santo à visitou e lhe concedeu a graça de carregar seu filho. Assim, Ana Magnani interpreta a personagem principal e Federico Fellini, além de participar da realização do filme, é escalado para interpretar o "desconhecido" ou “santo". A execução da primeira cena apresentou dificuldades, Pinelli e Fenilli, um dos roteiristas do filme, se debruçaram durante duas semanas à procura de definir um tom adequado, a combinação ideal entre encadeamento e realismo, carnalidade e piedade, que iria impulsionar toda a história. Amalfi, lugar bastante apreciado por Rossellini, encaixou-se perfeitamente para ser a locação da segunda parte da obra. Assim, as duas histórias independentes, que abordam diferentes tipos de amor, foram unidas por Rossellini, apenas para problemas de distribuição, e formaram o filme sob o título L’Amore. [2]

Lançamento e circulação editar

L’Amore estreou em agosto de 1948, no IX Festival Internacional de Cinema de Veneza[3]. Devido a questões judiciais envolvendo direitos autorais referentes à peça de Jean Cocteau, a versão original do filme não foi amplamente exibida. Assim, o capítulo Il miracolo acabou sendo removido de L'Amore para distribuição internacional. Posteriormente, Il miracolo foi reunido aos filmes A Day in the Country (1936), de Jean Renoir, e Jofroi (1933), de Marcel Pagnol, para compor a obra Ways of Love [4]. Em 1978, uma versão restaurada de L’Amore foi exposta no Roxie Theater, em São Francisco, nos Estados Unidos.

Recepção editar

L’amore abre em 12 de Dezembro,1950, no Teatro Paris, em Manhattan com críticas mistas[5]. Por um lado, Una voce umana é a primeira instância em que o estilo e as técnicas do "neo-realismo" - embora esse termo ainda não tenha entrado em uso - foram aplicados a assuntos não relacionados com a guerra e suas consequências. Alguns críticos, no entanto, o atacaram como um desvio de assuntos mais importantes. Foi um "experimento", insistiu Roberto: o cinema era uma arte nova, cheia de todos os tipos de possibilidades inebriantes, e agora a câmera era um microscópio e ele um entomologista[2]. Mesmo com sua inovação, o curta é mal visto tanto pelo público quanto para os críticos da época, incluindo André Bazin, que declarou que o filme era simplesmente escandaloso em sua preguiça cinematográfica[6]. Assim que L’amore foi lançado, ele foi violentamente atacado na Europa, América Latina e nos Estados Unidos, também sendo instantaneamente proibido na Argentina e Austrália. Edward T. McCaffrey, o comissionário de licenças em Nova Iorque e um antigo comandante da filial do estado de New York do Catholic War Veterans , achou Il Miracolo “pessoal e oficialmente blasfêmico"[5], e decide censurar a obra, mesmo essa já tendo a permissão do New York State Regents. A pressão popular e industrial faz com que o New York Board of Regents reverta pela primeira vez em sua história uma decisão de sua censura em aprovar um filme, e a licença de L’amore é revogada em 16 de Fevereiro, 1951, Burstyn decidiu levar a questão até a Suprema Corte americana, que no fim deliberou a favor do filme em 26 de Maio de 1952[7]. Em uma decisão histórica para a indústria fílmica, a Corte afirmou que filmes não são somente negócios e, portanto, deveriam aproveitar dos mesmos direitos de liberdade de expressão previstos na Primeira Emenda que outras mídias partilham.

Premiações editar

Indicação ao Top 10 Filmes

Indicação Grande Prêmio Internacional

1950 | Vitória: Melhor Filme de Língua Estrangeira

1949 | Vitória: Melhor Atriz

Disponibilidade editar

A produtora Janus Films detém a distribuição de L'Amore, de modo que o filme está atualmente disponível para visualização na página da plataforma The Criterion Channel[8] . Além disso, o DVD de L'Amore encontra-se disponível para compra sob encomenda na página da loja Livraria da Travessa[9].

Referências editar

  1. a b «Roberto Rossellini» (PDF) 
  2. a b c Gallagher, Tag (1998). The adventures of Roberto Rossellini. New York: Da Capo Press. OCLC 39458893 
  3. ADINOLFI, PIERANGELA (2016). La voix humaine di Jean Cocteau: dalla pièce al cinema italiano. L’adattamento di Roberto Rossellini. [S.l.]: Nuova Trauben  line feed character character in |título= at position 65 (ajuda)
  4. «Amore - Trailer - Cast - Showtimes - NYTimes.com». web.archive.org. 6 de março de 2016. Consultado em 19 de julho de 2021 
  5. a b «Roberto Rossellini». publishing.cdlib.org. Consultado em 19 de julho de 2021 
  6. Moliterno, Gino. «L'amore – Senses of Cinema» (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2021 
  7. «FindLaw's United States Supreme Court case and opinions.». Findlaw (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2021 
  8. «L'amore». The Criterion Channel (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2021 
  9. «O AMOR - Roberto Rossellini - DVD». Travessa.com.br. Consultado em 19 de julho de 2021 

Ligações externas editar

https://www.imdb.com/title/tt0040092/?ref_=nv_sr_srsg_3

https://mubi.com/pt/films/lamore

https://www.rottentomatoes.com/m/amore_1948