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Muñecaria: repositório aleatório

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Boneca de papel é a representação do brinquedo feita sobre o papel; suas imagens são "figuras bidimensionais, desenhadas ou impressas em papel para serem recortadas e proceder à sua posterior montagem com que já seria possível empregá-las para o jogo ou entretenimento", na definição do Museu de Pontevedra, que possui uma coleção destas peças.[1] Eram substitutas das bonecas verdadeiras, mais caras e inacessíveis à maioria da população.[1]

history

As primeiras bonecas de papel, com a finalidade moderna que se dá, surgiram na Europa em finais do século XVIII na França, Alemanha e Reino Unido; surgiram então figuras de homem ou de mulher, como manequins ou figurinos, acompanhados de vários trajes ou complementos que se podiam trocar e se destacavam por sua elaboração cuidadosa no desenho, detalhes e texturas; nesta época foram criadas na França os chamados pantin, que eram bonecas de papel desenhadas e impressas, publicadas em várias seções contendo os braços, pernas, tronco e cabeça para depois serem cortadas e coladas sobre um papel mais grosso, e as partes então unidas como marionetes; foram feitas inicialmente para a diversão das classes mais ricas e depois se popularizaram a ponto de não haver um lar que não as tivesse; as mais caras eram impressas a cores, ao passo que as mais populares eram feitas em preto e branco para que o dono lhes desse o acabamento.[1]

Destas os modelos mais comuns eram arlequim, personagem da comédia Scaramouche, ou figuras populares como pastores e pastoras; com o tempo o interesse por estas bonecas, que eram comuns no período natalino, foi decaindo no interesse infantil; contudo, no século XIX passaram a ser produzidas mais largamente, o que lhes reduziu o custo: em França as edições principais se deram pelo editor Jean Charles Pellerin a partir de 1800 e em Espanha, pouco tempo depois, por Esteban Paluzie i Cantalozella.[1] Em 1810 surge na Inglaterra a Little Fanny, da editora Fuller, as primeiras bonecas voltadas exclusivamente para crianças, que vinham acompanhadas de poemas ou histórias moralistas.[1]

Com o desenvolvimento, a partir de 1840 da litografia, as bonecas de papel se tornaram ainda mais populares e baratas, atingindo em meados deste século o seu apogeu; ao lado das bonecas verdadeiras, as de papel também se converteram num objeto de desejo das meninas da época.[1]

Estas produções foram se incrementando a ponto de em 1865 existir a mais variada gama de personagens retratadas e ainda os cenários que as complementariam.[1] As figuras de soldados de papel eram um concorrente muito mais barato e acessível que os correspondentes de chumbo, voltados para as crianças abastadas que os podiam adquirir.[1] Logo elas reproduziam figuras da realeza ou personalidades conhecidas, eram oferecidas ao público em forma de "set" — em caixas que simulavam o ambiente; mas logo passaram a ser disponibilizadas até mesmo de forma gratuita, em cartões promocionais ou impressas nas embalagens de alguns produtos como forma de incrementar suas vendas.[1]

A revista feminina estadunidense Godey’s Lady Book foi a primeira que incluiu as "paper dolls" em suas páginas, em 1840, sendo logo copiada por revistas de outros países, alcançando grande sucesso editorial na França.[1]


As bonecas eram brinquedos existentes deste a antiguidade; sua origem se deu, contudo, não apenas como um brinquedo infantil mas também com papel comercial, como uma forma de se promover de um lugar para outro, em pequena escala, o estilo de se vestir; foi a partir do quarto final do século XVIII que transformou-se num brinquedo majoritariamente feminino; no século XIX passaram a ter um fim também pedagógico, como instrumento de desenvolvimento do instinto maternal.[1] No começo eram resultado de trabalho artesanal de alto custo e, com a industrialização, passou-se a atender à crescente demanda até se converter num luxo acessível para a maioria das meninas burguesas, com a evolução dos materiais e modos de produção.[1]

As revistas femininas e de moda de meados do século XIX passaram a conter seções destinadas a divulgar as bonecas existentes no mercado, bem como artigos a tratar de roupas e acessórios para elas.[1] Assim uma revista espanhola de setembro de 1852 trazia o anúncio: "Nos parece que em nada poderíamos empregar melhor o ócio e diversão em que nos tem o status quo da moda, do que formando uma grande folha de padrões (que se dividirá no número seguinte) relativos a quanto constitui a equipagem de uma boneca: vestido, gorro de linho, lenços, etc., em uma palavra, tudo quanto forma o guarda-roupa de uma elegante boneca. Não duvidamos que esta novidade será do agrado de nossas apreciáveis subscritoras, em especial às mais mais jovenzinhas a quem particularmente o dedicamos."[1][nota 1]

Na revista francesa Poupée Modèle Madame Lavallée Peronne, dona da butique parisiense À la Poupée de Nuremberg onde era vendida uma boneca chamada Lily, assinava um artigo destinado aos acessórios das bonecas.[1] Em 1878 ela lançou em França a primeira boneca de bolso; de tamanho reduzido (entre 12 e 13 cm) era feita em biscuit e com membros articulados, olhos de vidro e peruca loira, chamada a partir de 1880 de Mignonette (Pequenina, em livre tradução);[nota 2] ela logo veio a se tornar no maior sucesso de vendas, um êxito como a preferida das meninas que durou até os primeiros anos do século XX, quando outras bonecas passaram a ocupar o posto de privilegiada no gosto infantil.[1]


Inversão do papel — a mulher vista como boneca

Se por um lado a boneca busca representar o ser humano, por outro parece haver uma latente e por vezes mórbida inversão do papel, em que a mulher é tomada como um ser inanimado e sujeita às vontades do homem, especialmente.[2] Esta inversão dos papéis é modernamente construída pela mídia, especialmente na publicidade, embora tenha raízes históricas e culturais bastante antigas.[2]

Na mítica grega tem-se o construtor de seres artificiais Dédalo, como em Tebas havia cabeças falantes; Pélope e também Atalante tinham partes artificiais em seus corpos, mas esta fantasia veio a encontrar seu ápice na obra de Mary Shelley, Frankenstein ou o Moderno Prometeu"; esse ideal tem uma vertente de gênero, quando ocorrem as figurações de mulheres: na literatura trazem um componente erotizado do corpo feminino, dentro do objetivo de se criar mulheres dóceis aos desejos masculinos.[2]

O romance La mujer de ámbar do autor espanhol Ramón Gómez de la Serna traz um exemplo desta erotização da figura feminina; também Gustavo Adolfo Bécquer traz esta fantasia em sua obra El beso, onde mostra um capitão que se enamora pela estátua de uma mulher que encontrara num cemitério.[2] A noção de que a mulher ideal é uma boneca, que a feminidade está conectada à representação artificial em objetos inorgânicos continuou viva nas fantasias mais vanguardistas do século XX; isto se deu também no cinema onde neste período diversas obras trazem o humano sendo mecanizado — como é exemplar o caso do filme Blade Runner com uma mulher artificial, ou na crítica feita em Metrópolis, de Fritz Lang, onde figura da "mãe criadora" é uma alusão à sociedade mecanizada.[2]

Em 2015 a versão da boneca Barbie da empresa Mattel que continha acesso à internet foi questionada por possibilitar o acesso de estranhos a informações das crianças; no começo de 2017 a Alemanha proibiu a venda da boneca Minha Amiga Caila, após as autoridades serem questionadas pelo estudante da Universidade de Saarland Stefan Hessel sobre a falta de segurança no software do brinquedo; capaz de responder a perguntas feitas pelas crianças por meio de bluetooth, Caila apresenta a possibilidade de que hackers possam acessá-la de forma oculta, violando a rigorosa legislação alemã que proíbe formas de monitoramento da privacidade individual — algo que foi praticado durante o regime nazista — levando as autoridades da Bundesnetzagentur (Agência Federal de Redes) a recomendar que os pais destruam as bonecas que porventura já tenham sido compradas; a despeito disso a TRA (sigla em inglês para a Associação Britânica dos Produtores de Bonecas) afirma que o brinquedo é seguro e que os pais devem monitorar os filhos, ao passo que o fabricante atesta que Caila não apresenta riscos se obedecidas as instruções.[3] http://dollreference.com/ http://web.archive.org/web/20060509213820/http://www.miniaturasbrasil.com.br/CasasdeBonecas-HistoriaCasasBonecas.htm/


Notas e referências

Notas

  1. Uma livre tradução para: “Nos ha parecido que en nada podíamos emplear mejor el ocio y vacación en que nos tiene el status quo de la moda, que formando un gran pliego de patrones (se repartirá con nuestro número inmediato) relativos a cuanto constituye el equipaje de una muñeca: vestido, gorro de lencería, pañuelo &.&. en una palabra, todo cuanto forma el guarda-ropa de una elegante muñeca. No dudamos que esta novedad será del agrado de nuestras apreciables suscritoras, en especial de las más jovencitas á quienes particularmente lo dedicamos.”
  2. Era também conhecida por La Poupée Mignonette.

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p Natalia Fraguas Fernández. «Bonecas de papel e outros xoguetes do século XIX na colección do Museo de Pontevedra» (PDF). Museo de Pontevedra. Consultado em 28 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2017 
  2. a b c d e BERNÁRDEZ RODAL, Asunción (2009). «Representaciones de lo femenino en la publicidad. Muñecas y mujeres: entre la materia artificial y la carne» (PDF). Cuadernos de Información y Comunicación, nº 14, pág. 264-284. UCM (Universidad Complutense de Madrid). ISSN 1135-7991. Consultado em 10 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2017 
  3. BBC (17 de fevereiro de 2017). «Autoridades alemãs fazem alerta contra boneca que pode ser hackeada para espionar crianças». BBC. Consultado em 4 de março de 2017. Cópia arquivada em 4 de março de 2017 
Vicente Celestino
 
André Koehne/teste
Celestino, em 1937.
Informação geral
Nome completo Antônio Vicente Filipe Celestino
Também conhecido(a) como Voz Orgulho do Brasil
Nascimento 12 de setembro de 1894
Local de nascimento Rio de Janeiro
Morte 23 de agosto de 1968 (73 anos)
Local de morte São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Gênero(s) MPB
Progenitores Mãe: Serafina Celestino
Pai: José Celestino
Cônjuge Gilda de Abreu
Extensão vocal tenor
Período em atividade 1915-1968
Gravadora(s) Odeon
Columbia
RCA Victor

Antônio Vicente Filipe Celestino (Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1894São Paulo, 23 de agosto de 1968) foi um dos mais importantes cantores brasileiros do século XX.[1]

Celestino foi o responsável pela primeira gravação do Hino Nacional Brasileiro, em 1917, feito pela Casa Edison, numa versão que foi considerada oficial.[2]

Biografia

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Celestino era filho da dona de casa Serafina e do sapateiro José Celestino, que viviam no bairro de Santa Tereza, região central do Rio de Janeiro; seus irmãos João, Pedro, Radamés e o ator Amadeu Celestino também se dedicaram às artes.[3]

Lançou o primeiro disco em 1916.[3]

Em 1917, já consagrado como artista, foi o cantor que primeiro gravou o Hino Nacional, tendo por acompanhamento a Banda do Batalhão Naval e, em poucas passagens, também por um coro; esta versão, em si bemol, deu um tom de difícil interpretação pelas pessoas ao Hino; a Banda deu andamento mais lento e solene nas passagens do cantor, enquanto mantinha o estilo tradicional (mais rápido e vibrante) apenas durante os refrões - o que veio a motivar apreciação oficial por uma comissão de reavaliação do Hino em 1936 e, durante algum tempo, insatisfação por parte das bandas militares da época; a despeito disso a versão foi oficializada em 1922.[2]

No ano de 1937 compôs "Coração Materno", que veio a se constituir num de seus maiores sucessos que inspirou dez anos depois uma peça teatral homônima, estrelada por Vicente e seu irmão Amadeu.[3]

Em 1946 sua esposa Gilda dirigiu "O Ébrio", do qual também fez parte do elenco seu irmão Amadeu.[3]

Quando na década de 1950 o presidente Getúlio Vargas criou o Serviço Nacional de Teatro, Celestino fez-lhe uma homenagem em forma de serenata, diante do Palácio Guanabara, residência oficial do mandatário, pelo reconhecimento que finalmente era dado à profissão artística.[3]

Referências

  1. Vicente Celestino no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
  2. a b Rafael Rosa Hagemeyer (2011). «Levando ao longe o canto da pátria» (PDF). Fênix – Revista de História e Estudos Culturais, Vol. 8 Ano VIII nº 3. Consultado em 17 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 17 de agosto de 2018 
  3. a b c d e Viviane Rosalem. «Amadeu Celestino, 90 anos». IstoÉ. Consultado em 15 de setembro de 2018. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2018 

Alagoas em português

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Na Guerra do Paraguai o comando do monitor, o primeiro na função, coube ao então tenente Joaquim Antônio Cordovil Maurity (mais tarde almirante - creio que merecia artigo...).

http://www.naval.com.br/ngb/A/A018/A018.htm

Humaitá

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Passagem de Humaitá e Tebiquari (dados da fonte):

Autor: Aldeir Isael Faxina Barros
Titulo: A Atuação da Esquadra Imperial Brasileira contra a Posição de Fortín no Tebiquary
Periódico: Revista Brasileira de História Militar
Rio de Janeiro, Ano VII, Nº 20, Novembro de 2016 Pág. 52 e seg.
http://www.historiamilitar.com.br/wp-content/uploads/2018/06/RBHM-VII-20.pdf
ARQUIVO em 30/3/2019: https://archive.fo/d7jDK

Texto:

“Os encouraçados Bahia, Silvado e Lima Barros, apesar de serem do tipo monitor não recebiam, durante a guerra, tal denominação. A Armada Imperial só nomeava monitores os seis navios construídos no Rio de Janeiro (Alagoas, Pará, Rio Grande, Ceará, Piauí e Santa Catarina)”

Artur Silveira de Mota, Barão de Jaceguay, comandante do Barroso, narra a passagem da foz do Tebiquari, onde chegaram às 14:20 de 23/6:
“fundeamos a três amarras pouco mais abaixo do Tebiquari (SIC); os outros dois navios fundearam na margem do Chaco; todos largaram os monitores, e estes, mais próximos da bateria, também fundearam; durante o resto do dia foi um bombardeio incansável e, em regra,durante a noite, de quarto em quarto de hora, fazíamos nosso tiro”e que na manhã seguinte “o Bahia com um monitor amarrado a bombordo e o Silvado subiram o rio a toda velocidade.”

O papel do Alagoas era proteger a bombordo o Bahia, comandado por Antonio Luiz von Hoonholtz, que narra a reação dos paraguaios em Fortín, sofrendo ataques de uma primeira bateria: “duas descargas sucessivas acolheram e abalaram este navio, causando-lhe espantosas depressões e bastantes avarias”; após avançarem, ainda sob fogo desta primeira bateria, enfrentam a segunda em seu relato: “o segundo reduto enfiava-nos pela proa enquanto pelo través os canhões de 68 abalavam a couraça com suas balas despejadas em cheio 12 braças de distância”.

Após esse sucesso o Alagoas ficou um dia atracado em Monte Lindo para reparos; isto não permitiu, contudo, que o navio cumprisse o papel que lhe seria designado pelo Barão da Passagem, comandante da flotilha em Humaitá: após cruzarem as baterias chegaram a um arroio (na verdade um braço do rio Paraguai) chamado Recodo onde avistaram embarcações inimigas: o Silvado deveria guardar a parte de baixo, o Bahia a parte de cima, enquanto o Alagoas deveria adentrar no arroio e afundar os navios inimigos, mas não pode efetuar a tarefa pois trazia danificado seu sistema de propulsão; o Barão registrou, sobre o Alagoas: “fiz dirigir um bombardeio seguido sobre o lugar em que via-se sair a fumaça dos vapores, cujos costados estavam ocultos por uma ilha que forma o riacho, ao mesmo tempo que os maquinistas de bordo ajudados pelo primeiro do Silvado cuidavam de reparar a máquina.”

Este combate foi assim travado tendo o Bahia com o Alagoas atracado a seu estibordo e junto ao Silvado partem para enfrentar os navios paraguaios, amparados estes por forte contingente em terra; às 16:10 sofre o Bahia intenso bombardeio no qual perde seu prático; avariado, o Bahia teria navegabilidade somente em razão de possuir duas hélices que atuavam em velocidades diferentes; assim, para evitar que os navios fossem abordados pelos inimigos, é convocado, por meio de um tubo acústico para a comunicação entre os navios, o “velho Picardo”, prático do Alagoas, que ali manobra o Bahia até uma posição segura, após sofrerem duras perdas humanas e de material.

Deste episódio ficou a dúvida da existência de torpedos do lado dos paraguaios; Hoonholtz registrou: “prosseguiu o Bahia galhardamente a sua marcha, amparando sempre a sua sombra o simpático e memorável Alagoas, com o qual transpusemos a toda força e sem novidade as estacada e a misteriosa linha de torpedos, cuja existência ainda persiste em afirmar o sargento Assencio Pereira”.

Ainda no relato de Hoonholtz, enfrentaram uma corrente trespassada no rio por engenheiros ingleses e este teria contado com a propulsão do Alagoas conjugada ao Bahia para forçar a passagem, em aríete, mas isto não dera resultado, somente alcançado após ter ordenado o bombardeio do ponto na margem que prendia a cadeia e esta foi finalmente rompida, a fim de que assim esta embarcação pudesse manobrar; tal fato, entretanto, não encontra registro pelo oficial do Alagoas.