Nota: Para o réptil, veja víbora-áspide.

Áspide (em grego clássico: ἀσπίς; romaniz.: aspís; lit. "escudo"; pl. aspides; em latim: aspis) era um termo genérico grego para escudo comumente associada ao clípeo (em latim: clipeus) romano. O áspide utilizado pela infantaria grega, os hoplitas, por vários períodos, era chamado hóplon (em grego clássico: ὅπλον), mas nem todo áspide era um hóplon. Sua origem é incerta e as fontes clássicas divergem quanto ao tema, com algumas alegando tratar-se duma invenção autóctone, ao atribuírem o primeiro uso a Proteu e Acrísio de Argos, enquanto outras alegam tratar-se duma emulação egípcia.

áspides decorados, 2011

Os áspides eram circulares com a parte interna convexa, tinham por volta de 90 centímetros de diâmetro, aproximadamente 13 kg de massa e eram feitos de madeira com um revestimento fino de bronze. Comumente carregados presos em dois pontos, no antebraço do usuário por uma faixa de bronze e na mão por uma corda, diferente de outras formas de escudo seguradas no centro somente com a mão. Eram eficientes na proteção contra golpes de lanças e espadas mas não contra flechas e lanças de arremesso.[1][2][3][4] Os áspides eram comumente decorados.[5]

História

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Oxano cário

Segundo Pausânias, o áspide foi utilizado pela primeira vez por Proteu e Acrísio de Argos,[6] motivo pelo qual foi chamado áspide argólico (clipeus Argolicus) na Eneida de Virgílio.[7] Segundo Heródoto e Platão, contudo, os gregos teriam incorporado este escudo, bem como o elmo, dos egípcios.[8][9][10] O escudo utilizado pelos heróis homéricos era grande o suficiente para cobrir o corpo todo. Era feito de vimeiros torcidos juntos, chamados ítea (ἰτέα), ou de madeira e então coberto com couros de boi de várias dobras profundas, e finalmente delimitado a volta com metal.[11]. Seu aro externo denominava-se antix (ἄντυξ),[12] ito (ἴτυς), peritereia (περιφέρεια) ou cúclo (κύκλος),[13] e no centro havia a bossa, chamada onfalo (ὀμφάλος) ou mesonfálio (μεσομφάλιον) em grego. Por vezes um espinho, ou algum tipo de excrescência proeminente, era colocado sobre a bossa e chamava-se eponfálio (ἐπομφάλιον).[14]

No período homérico, os gregos trajavam um cinturão, chamado bálteo, para apoiar o escudo, porém esse costume foi logo descontinuado devido a inconveniência trazida por ele. Em seu lugar foi adotada uma faixa de metal, ou couro, chamada cano (κανών), inventada pelos cários que sitiava-se através do lado interno do escudo, de borda a borda, como o diâmetro de um círculo, a qual acrescentava-se várias pequenas barras de ferro cruzando-se sob a forma da letra X, que se junto ao braço abaixo da curva interna da articulação do cotovelo, e serviu para firmar o orbe. Esse aparato denominava-se oxano (ὄξανον) ou oxana (ὄξανη). Em torno da borda interna havia uma tira de couro chamada pórpax (πόρπαξ), fixada por pregos a certa distância, para assim formar uma sucessão de ciclos em volta, que o soldado agarrou com sua mão.[15]

Referências

  1. Kagan 2013, p. 116.
  2. O'Bryan 2008, p. 61.
  3. Sekunda 2007, p. 10.
  4. «Shields» (em inglês). Enciclopédia Britânica. Consultado em 16 de outubro de 2015 [ligação inativa] 
  5. Smith 1875, p. 298-299.
  6. Pausânias século II, II.25 §6.
  7. Virgílio século I a.C., III.637.
  8. Heródoto século V a.C., IV.180.
  9. Platão século IV a.C., 24B.
  10. Smith 1875, p. 297.
  11. Homero século VIII a.C., XII.295.
  12. Homero século VIII a.C., XVIII.479.
  13. Homero século VIII a.C., XI.33.
  14. Smith 1875, p. 297-298.
  15. Smith 1875, p. 298.

Bibliografia

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  • Kagan, Donald; Viggiano, F. (2013). Men of Bronze: Hoplite Warfare in Ancient Greece. Princeton: Princeton University Press 
  • O'Bryan, John (2008). A history of weapons : crossbows, catapults, shurikens, tomahawks, and lots of other things that can seriously mess you up. São Francisco: Chronicle Books 
  • Sekunda, Nick (2007). Greek hoplite : 480 - 323 BC. Oxford: Oxford Osprey 
  • Smith, Sir William; Cheetham, Samuel (1875). Dictionary of Greek and Roman Antiquities. [S.l.]: Little, Brown and Company