AS Adema 149–0 SOE Antananarivo

No dia 31 de outubro de 2002, os clubes malgaxes Adema e SOE Antananarivo se enfrentariam na cidade de Toamasina em mais uma rodada do playoff do Campeonato de Futebol de Madagáscar. O que chamou a atenção foi o placar favorável ao Adema: 149 a 0[1][2], ultrapassando o placar de 36 a 0 do jogo entre Arbroath e Bon Accord, pela Copa da Escócia de 1885–86[3]. Mas nenhum atleta da equipe da casa marcou um gol, pois todos os gols foram contra. A atitude foi um pedido do treinador do SOE, Ratsimandresy Ratsarazaka, que, em protesto a diversos erros de arbitragem que prejudicaram sua equipe, obrigou os jogadores a marcar seguidamente contra o próprio gol.

AS Adema 149–0 SOE Antananarivo
Evento THB Champions League de 2002 (Playoff)
Data 31 de outubro de 2002
Local Estádio Municipal de Toamasina, Toamasina, Madagáscar
Árbitro Benjamin Razafintsalama

Ironicamente, o SOE fora o campeão malgaxe do ano anterior, e disputava o quadrangular-final do campeonato, junto com o Adema, o Ambohidratrimo e o DSA Atsimondrano, na cidade neutra de Toamasina, maior centro do futebol do país. O título foi decidido uma rodada antes, quando o SOE empatou com o DSA em virtude de um pênalti inexistente marcado pelo árbitro Benjamin Razafintsalama. Ao fim do jogo, Ratsarazaka avisou que algo aconteceria na rodada seguinte, contra o Adema, que se sagraria campeão.

Obedecendo ao pedido do treinador e pelo zagueiro Mamisoa Razafindrakoto (então capitão da seleção nacional), os jogadores do SOE marcaram todos os gols contra, após darem o tiro inicial e sob olhares espantados dos jogadores do Adema. Tal atitude fez com que quase todos os presentes se aglomerassem em frente às bilheterias do Estádio Municipal de Toamasina em busca do reembolso dos ingressos[4]. O SOE foi punido com a exclusão de torneios nacionais por dez anos[5].

Consequências editar

Além do técnico Ratsarazaka (que levou 3 anos de suspensão), foram punidos o zagueiro Razafindrakoto, o meio-campista Manitranirina Andrianiaina (capitão do SOE), o atacante Nicolas Rakotoarimanana e o goleiro Dominique Rakotonandrasana (estes últimos até o final da temporada, além de serem impedidos de frequentar estádios durante o período). Outros atletas do Adema e do SOE receberam uma advertência e sofreriam punições mais severas caso ocorresse incidente idêntico. Quanto ao árbitro da polêmica partida, ele não recebeu sanções.

A investigação terminou com o ministro dos Esportes do país, René Ndalana, destituindo os dirigentes da Federação Malgaxe de Futebol, que foram substituídos por uma nova equipe.

Detalhes editar

31 de outubro de 2002 Adema 149 – 0 SOE Antananarivo Estádio Municipal de Toamasina, Toamasina
14:00 (UTC+3)
Árbitro: Benjamin Razafintsalama
AS Adema
SOE Antananarivo
GK 1 Bruno Rajaozara
LD 2 Leonard Baraka
Z 3 Tojonavalona Rajaonarisoa
Z 4 Tsima Eddy Randriamihaja
Z 5 Jean Tholix
LE 6 Jean Fidele Randriamala
MC 7 Damien Mahavony
MC 8 Guy Hubert Mamihasindrahona
MC 9 Milison Niasexe
AT 10 Jean Natal Ratsimialona
AT 14 Jean Tsaralaza
Técnico:
Auguste Raux
GK Dominique Rakotonandrasana
LD Olivier Rakotondranoro
Z Mamisoa Razafindrakoto
Z Jimmy Radafison
LE Rakotoarimanana Tolojanahary
MC Manitranirina Andrianiaina  
MC Eric-Julien Rakotondrabe
MF Rija Juvence
MC Rija Rakotomandimby
AT Nicolas Rakotoarimanana
AT Nathalie Suivestin
Técnico:
  Ratsimandresy Ratsarazaka

Ver também editar

Referências

  1. «Madagascan champions win 149-0». The Guardian (em inglês). 1 de novembro de 2002. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  2. «149-0 scoreline sets new record». BBC Sport (em inglês). 1 de novembro de 2002. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  3. «Partida em Madagascar termina 149 a 0 e entra para a história do esporte mundial». Folha Online (em inglês). 2 de novembro de 2002. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  4. «Team repeatedly scores own goals to protest refs». ESPN (em inglês). 2 de novembro de 2002 
  5. «Team punished for 149-0 own-goal farce». The Guardian (em inglês). 29 de novembro de 2002