A Capital (romance)

romance de Eça de Queirós

A Capital é um romance do escritor português Eça de Queirós publicado postumamente em 1925, sob a orientação de seu filho José Maria Eça de Queirós.

A Capital
Autor(es) Eça de Queirós
Idioma português
País Portugal Portugal
Gênero romance
Linha temporal 1875-1876
Localização espacial Lisboa
Editora Livraria Chardron
Formato 19 cm
Lançamento 1925 (póstumo)
Páginas 573
Cronologia
Últimas páginas
O Conde de Abranhos

Obra iniciada em 1877, A Capital relata a história da ambição social, profissional e pessoal da personagem principal, Artur Corvelo, que acompanhamos ao longo do seu amadurecimento emocional e consequente resignação à triste realidade. A história desenrola-se por diferentes épocas e locais. Começa na sua "resguardada" infância, atravessa por uma adolescência contemplativa e termina já na sua enfadada vida adulta.

Enredo editar

“A estação de Ovar, no caminho de ferro do Norte, estava muito silenciosa pelas seis horas, antes da chegada do comboio do Porto. A uma extremidade da plataforma, um rapaz magro, de olhos grandes e melancólicos, a face toda branca da frialdade fina de Outubro, com uma das mãos metida no bolso de um velho paletot cor de pinhão, a outra vergando contra o chão uma bengalinha envernizada, examinava o céu. De manhã chovera e a tarde ia caindo com uma suavidade muito pura. Laivos rosados esbatiam-se nas alturas como pinceladas de carmim muito diluído em água (...)”

— 'A Capital (1925)

Desde o início, que Artur Corvelo sonha com o reconhecimento, a fama e a bajulação - para isso resolve escrever um livro que lhe traga a tão almejada visibilidade. Estuda em Coimbra onde a sua índole insegura, influenciável e contemplativa o impede de aproveitar verdadeiramente a vida académica, preferindo viver através das experiências dos seus colegas do Cenáculo residencial. Após a morte de seu Pai, deixa de ter condições monetárias para concluir o curso e depois de vender todos os seus bens, apenas lhe resta uma existência parasitária em casa de suas Tias em Oliveira de Azeméis. Aí, por entre ilusões de grandeza e grandes feitos, escreve aquele que julga ser o livro que o irá catapultar para o estrelato intelectual lisbonense. Entretanto, descontente com o seu quotidiano "provinciano" gasta os seus dias em partidas de bilhar e em serões bem regados com Rabecaz — antigo marialva em Lisboa, que mistifica histórias acerca dos prazeres lisbonenses. Aquando da morte de seu padrinho, recebe uma herança que lhe permite seguir o seu sonho e parte para a capital.

Lá conhece Melchior e Meirinho (dois fura-vidas interesseiros) que o persuadem a levar uma faustosa vida de aparências, na qual, desbarata a herança em jantares, lugares no teatro de São Carlos, compras fúteis, entre muitas outras peripécias, muito longe da vida pacata e austera apenas dedicada à literatura. Os sonhos vão, um a um, sendo transpostos para banalidades quotidianas — o seu livro é um fracasso de vendas, o seu génio não se distingue e o reconhecimento pessoal é uma anedota —, depressa perdem a prioridade no seu dia-a-dia preenchido de frivolidade citadina. Quando o dinheiro da herança acaba, a fraternidade com Melchior e Meirinho perde a relevância e é obrigado a vender alguns fatos para a passagem de comboio para Oliveira de Azeméis.

No final, retoma a sua velha função de farmacêutico na vila e goza fugazmente da fama de "folião" em Lisboa à custa de histórias a que acrescenta pormenores ficcionados.

Personagens editar

  • Artur Corvelo - autor do livro de poesia Esmaltes e Jóias e do melodrama Amores de Poeta
  • Melchior - Videirinho, anjo negro lisboeta de Artur
  • Teodósio - ex-colega coimbrão de Artur

Análise editar

A Capital é uma obra considerada normalmente pela crítica portuguesa uma novela clássica e de qualidade sobre a antinomia das relações humanas e um retrato credível e bem-escrito do século XIX português, em particular das famosas tertúlias lisbonenses e seus defeitos e virtudes, do enraizamento das ideias republicanas, da influência espanhola na vida boémia da capital e da transformação moral geral de uma sociedade tradicionalista, sendo também considerada (apesar de ser sobre, e resultado do século XIX), de uma actualidade sarcástica sobre a mentalidade colectiva portuguesa. Todavia, não é das obras de Eça mais reconhecidas em Portugal.

Ver também editar

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