A Consolação da Filosofia

Livro do filósofo medieval Boécio

A Consolação da Filosofia (em latim: Consolatio Philosophiae) é uma obra filosófica (um prosimetrum) escrita pelo filósofo Boécio por volta do ano 524. Tem sido descrita como a obra mais importante e influente no Ocidente com referência ao cristianismo medieval e do início do Renascimento, sendo também classificada como a última grande obra ocidental que se pode designar como clássica.[1][2]

Edição de Consolatio Philosophiae (1485)

A Consolação da Filosofia foi escrita durante a prisão de Boécio, que durou um ano, antes de ele ser julgado e executado pelos crimes de traição, durante o governo do rei ostrogodo, Teodorico, o Grande. À época Boécio estava integrado nos altos poderes de Roma. Essa experiência inspirou o texto, que refletia sobre como o mal pode existir num mundo governado por Deus (problema da teodiceia) e sobre como a felicidade pode ser alcançada no meio de fortuna volátil. A obra tem sido descrita como o "exemplo de obra de literatura de prisão mais interessante".[3]

Apesar de conter referências a Deus, a obra não é estritamente religiosa. Uma ligação com a religião é muitas vezes assumida, embora não haja referência a Jesus Cristo, nem ao Cristianismo ou a outra religião específica, exceto por referências oblíquas a escrituras paulinas, como a simetria entre as linhas que abrem o capítulo 3 do livro 4 e a passagem na Primeira Epístola aos Coríntios 9:24. Todavia, Deus é representado não apenas como um ser eterno e onisciente, mas também como fonte de todo o Bem.

Tradução portuguesa: Boécio, A Consolação da Filosofia, por Luís Manuel Gaspar Cerqueira, ed. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2011, sucessivamente reeditada. (1.º prêmio de tradução científica da União Latina em 2012)

Referências

  1. The Consolation of Philosophy (Oxford World's Classics), Introduction (2000)
  2. Dante colocou Boécio, o "últimos dos Romanos e o primeiro dos Escolásticos", entre os doutores no seu Paraíso (Divina Comédia)
  3. Catholic Encyclopedia, Anicius Manlius Severinus Boethius. A citação é encontrada numa variedade de fontes, mas sem atribuição; o artigo da Catholic Encyclopedia por William Turner (1907) é a mais antiga citação "conhecida" encontrada. De facto, a frase é originalmente de Boethius, an essay (1891), por H. F. Stewart, página 107.