A Evolução Criadora

A evolução criadora (L'évolution créatrice) é uma obra filosófica escrita por Henri Bergson em 1907. Nesta obra Bergson desenvolve a ideia de uma "criação permanente de novidade" pela natureza.

L'évolution créatrice
A evolução criadora (PT)
Autor(es) Henri Bergson
Idioma francês
Género Filosofia
Edição portuguesa
Tradução Pedro Elói Duarte
Editora Ed. 70
Edição brasileira
Tradução Adolfo Casais Monteiro
Editora Delta
Cronologia
Le Rire. Essai sur la signification du comique (1900)
L'Énergie spirituelle. Essais et conférences (1919)

Índice: Capítulos e secções editar

Introdução

Capítulo I: A evolução da vida. – Mecanismo e finalidade.

Da duração em geral. Os corpos não organizados. Os corpos organizados: envelhecimento e individualidade. Do transformismo e das maneiras de o interpretar. O mecanismo radical: biologia e físico-química. O finalismo radical: biologia e filosofia. Procura de um critério. Exame das diversas teorias transformistas sobre um exemplo determinado. Darwin e a variação insensível. De Vries e a variação brusca. Eimer e a ortogénese. Os néo-lamarckianos e a hereditariedade do adquirido. O élan vital.

Capítulo II: As direcções divergentes da evolução da vida. Torpor, inteligência, instinto. Ideia geral do processo evolutivo. O crescimento. As tendências divergentes e complementares. Significado do progresso e da adaptação. Relação do animal à planta. Esquema da vida animal. Desenvolvimento da animalidade. As grandes direcções da evolução da vida: torpor, inteligência, instinto. Função primordial da inteligência. A natureza do instinto. Vida e consciência. Lugar aparente do homem na natureza.

 
Retrato de Henri Bergson (1891), por Jacques-Émile Blanche.

Capítulo III: Do significado da vida. A ordem da natureza e a forma da inteligência. Ligação do problema da vida ao problema do conhecimento. O método filosófico. Círculo vicioso aparente do método proposto. Círculo vicioso real do método inverso. Da possibilidade de uma génese simultânea da matéria e da inteligência. Geometria inerente à matéria. Funções essenciais da inteligência Esquisso de uma teoria do conhecimento fundada sobre a análise da ideia de desordem. As duas formas opostas de ordem: o problema dos géneros e o problema das leis. A desordem e as duas ordens. Criação e evolução. O mundo material. Da origem e do destino da vida. O essencial e o acidental nos processos vitais e no movimento evolutivo. A humanidade. Vida do corpo e vida do espírito

Capítulo IV: O mecanismo cinematográfico do pensamento e a ilusão mecanística. Visão geral sobre a história dos sistemas. O futuro real e o falso evolucionismo. Esquisso de uma crítica dos sistemas fundados sobre a análise das ideias de nada e imutabilidade. A existência e o nada. O futuro e a forma. A filosofia das formas e a sua concepção do que há-de ser. Platão e Aristóteles. Inclinação natural da inteligência. O futuro segundo a ciência moderna. Dois pontos de vista sobre o tempo. Metafísica da ciência moderna. Descartes, Spinoza, Leibniz. A crítica de Kant. O evolucionismo de Spencer.

Finalismo e mecanicismo editar

Bergson debate a explicação finalista e a explicação mecanicista da evolução, defendidas respectivamente pela metafísica tradicional (herdada de Leibniz e, antes dele, de Aristóteles e centrando-se nas "causas finais", ou objectivos) e a dada pela ciência moderna (herdada de Descartes e centrando-se sobre as "causas eficientes", da "causalidade" científica).

Bergson mostra que estas duas visões, que muitas vezes colocamos em oposição, de fato, acabam por ser o mesmo no tratamento da evolução. Elas consistem em assumir que tudo foi dado no conjunto, desde o início: seja no objectivo que se julga que seja perseguido, desde o início, "em espírito" pela natureza; seja no conjunto dos parâmetros materiais de partida ou em presença (a partir das quais poderíamos deduzir exactamente o que ainda não aconteceu).

O elan vital editar

Às duas posições anteriores, Bergson opõe o seu próprio conceito de elã vital: não há nenhum plano "já previsto" (nem efectivamente previsto como no caso do finalismo, nem simplesmente previsível como no caso do mecanicismo). A ideia é que a evolução é imprevisível, que "o mundo vai à aventura", que ele se "inventa incessantemente" sem que o caminho que ele deixa para atrás pré-exista à viagem, de uma forma ou de outra.

Como refere um estudioso da matéria: “O elã vital (élan vital francês) aparece no pensamento de Henri Bergson como o princípio explicativo da evolução da vida em todas as suas formas. Trata-se de um princípio responsável não somente pela evolução da vida até às formas superiores do espírito, mas também pelo nascimento da matéria. Bergson insiste na unidade deste impulso vital que atravessa toda a matéria, todas as formas criadas, dando força e impulso ao movimento unitário da vida e sua evolução.”[1]

Recepção editar

Em Ensaios Cépticos (Sceptical Essays), Bertrand Russell faz a seguinte apreciação da obra:

« Bergson publicou Dados imediatos da consciência (Données immédiates de la Conscience) em 1889 e Matéria e Memória (Matière et mémoire), em 1896. Mas a sua enorme celebridade data de A evolução criativa (1907); este livro não é melhor que os anteriores, mas contém menos argumentação e mais retórica, ainda que tenha tido um efeito mais convincente. Não há neste livro, desde o início até ao fim, um único raciocínio, e portanto um único mau raciocínio. Ele contém apenas uma pintura poética que faz apelo à imaginação. Nada neste livro nos pode ajudar a fazer uma ideia da veracidade ou da falsidade da filosofia que ele ensina; Bergson deixa aos outros o cuidado de resolver este problema que pudemos ainda assm considerar muito importante. Mas de acordo com as suas próprias teorias, ele tem razão para assim proceder, pois que atingimos a verdade por intuição, e não pela inteligência: ela, portanto, não é matéria a submeter ao raciocínio.»[2]

Esta maneira de ver as coisas é também uma ilustração das críticas frequentemente aplicadas pelos filósofos analíticos a praticamente todos os filósofos continentais.

Edições em português editar

Ver também editar

Referências

  1. Adelmo José da Silva, em Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética e Artes da Universidade Federal São João Del-Rei, Ano II, Numero II – janeiro a dezembro de 2006
  2. Bertrand Russell, Sceptical Essays. London: George Allen & Unwin, 1928

Ligações externas editar