Em política e teoria social, aceleracionismo é a ideia de que tanto o sistema prevalecente capitalista, quanto certos processos sócio-tecnológicos historicamente caracterizados, devem ser ampliados, reaproveitados, ou acelerados, a fim de gerar uma mudança social significativa. O termo "Aceleracionismo" mais comummente usado de forma pejorativa para designar o processo pelo qual o capitalismo é intensificado na crença de que este irá apressar as suas tendências auto-destrutivas e conduzir ao seu colapso.[1][2]

Alguma da filosofia aceleracionista contemporânea começa com a teoria Deleuzo-Guattariana da desterritorialização, tendo como objetivo identificar e radicalizar as forças que promovem este processo emancipatório.[3] Também o filósofo Tomás Ferreira teoriza que a única forma de corrigir os erros da sociedade é através do aceleracionismo; na sua obra é claramente expresso que o meio para voltar a uma era tribal e de prosperidade se prende com a passagem por um período de anarquia, fortemente influenciada por este processo.

A teoria do aceleracionismo tem sido divida entre a direita e a esquerda. O "aceleracionismo de esquerda" pretende pressionar "o processo de evolução tecnológica" para além do horizonte constritivo do capitalismo, por exemplo pela reorientação da tecnologia moderna para desígnios sociais e emancipatórios benéficos; o "aceleracionismo de direita" supõe que uma intensificação indefinida do próprio capitalismo, possivelmente com o fim de trazer uma singularidade tecnológica.[4][5][6] Os escritores aceleracionistas têm distinguido outras variantes da filosofia, como o "aceleracionismo incondicional".[7]

Contexto editar

Um número de filósofos têm manifestado aparentemente atitudes aceleracionistas, incluindo Karl Marx no seu discurso em 1848 Sobre a questão do livre-câmbio:

Mas, em geral, nos nossos dias, o sistema do livre-câmbio é destruidor. Ele dissolve as antigas nacionalidades e leva ao extremo o antagonismo entre a burguesia e o proletariado. Numa palavra, o sistema da liberdade de comércio apressa a revolução social. É somente neste sentido revolucionário, senhores, que eu voto em favor do livre-câmbio.[8]

De maneira similar, Friedrich Nietzsche discutia que o processo de nivelamento do Homem europeu é o grande processo que não pode ser posto em prática, pois deve ser o próprio Homem a acelerá-lo,[9] o que pode ser simplificado a um processo de aceleração do processo, como referem Deleuze e Guattari.[10]

Aceleracionismo contemporâneo editar

Teóricos proeminentes incluem o aceleracionista de direita Nick Land.[7] A Unidade de Investigação Cultural Cibernética (Ccru), uma unidade de investigação não-oficial da Universidade de Warwick de 1995 a 2003,[11] que incluía Land e outros, como Mark Fisher e Sadie Plant, é considerado como um elemento chave enquanto orientador do pensamento aceleracionista, tanto de direita como de esquerda.[12] Alguns aceleracionistas de esquerda com alguma proeminência incluem Nick Srnicek e Alex Williams, autores do Manifesto para uma Política Aceleracionista,[5] e o coletivo da Laboria Cuboniks, que escreveram o manifesto Xenofeministo: Uma política para alienação.[13] Para Mark Fisher, assim escrevendo em 2012, "a decadência dos ataques por parte de Land à academia de esquerda... permanecem perspicazes" — sendo no entanto problemáticos — e "o Marxismo não é nada se não for aceleracionista".[14]

Em paralelo, em outras linhas do aceleracionismo, Paul Mason, em trabalhos como PostCapitalism: A Guide to our Future, tentou especular sobre o futuro do capitalismo. Ele declara que, "com o fim do feudalismo, há 500 anos, a substituição do capitalismo por pós-capitalismo será acelerado a por choques externos e moldado pela emergência de um novo ser humano. E já começou". Ele considera que o crescimento da produção colaborativa vai acabar por ajudar ao capitalismo a morrer.

Referências

  1. https://medium.com/@moysespintoneto/a-ofensiva-do-aceleracionismo-capitalista-5dc2910bb8a6#.hbjhg8r38
  2. http://pijamasurf.com/2015/11/que-es-el-aceleracionismo-y-por-que-se-considera-la-critica-mas-radical-contra-el-capitalismo/
  3. «So, Accelerationism, what's all that about?». DIALECTICAL INSURGENCY (em inglês). Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  4. «El vertigen acceleracionista (II): Entrevista a Robin Mackay». CCCB LAB (em catalão). 5 de novembro de 2014. Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  5. a b Williams, Alex; Srnicek, Nick (14 de maio de 2013). «#ACCELERATE MANIFESTO for an Accelerationist Politics». Critical Legal Thinking (em inglês). Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  6. Land, Nick (14 de maio de 2013). «#Accelerate | Urban Future (2.1)». web.archive.org. Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  7. a b «A Quick-and-Dirty Introduction to Accelerationism». Jacobite (em inglês). 25 de maio de 2017. Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  8. «Sobre a questão do livre-câmbio pronunciado». www.marxists.org. Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  9. Nietzsche, Friederich. A Vontade do Poder. [S.l.: s.n.] 
  10. Deleuze, Gilles; Guattari, Félix. O Anti-Édipo. [S.l.: s.n.] 
  11. «CCRU». V2_Lab for the Unstable Media (em inglês). Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  12. Schwarz, Jonas Andersson (2013). «Online File Sharing: Innovations in Media Consumption» 
  13. «After Accelerationism: The Xenofeminist manifesto». &&& Journal (em inglês). 11 de junho de 2015. Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  14. Fisher, Mark (2014). #Accelerate: The Accelerationist Reader. [S.l.: s.n.] 


  Este artigo sobre sociologia ou um(a) sociólogo(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.