Alcifrão

escritor da Grécia Antiga
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Alcifrão (em grego antigo: Ἀλκίφρων) foi um sofista grego, e os mais eminente entre os epistológrafos gregos. Não se sabe ao certo sobre sua vida ou período da história em que viveu.[1]

Alcifrão
Nascimento século II
Síria
Morte século II
Cidadania Desconhecido
Ocupação escritor, retórico

Obras editar

Sob o nome de Alcifrão existem 116 cartas ficcionais, reunidas em três livros, cujo objetivo é fornecer curiosos detalhes a respeito dos costumes de sua época e atribuídas a pessoas de todas as condições. As classes de pessoas que Alcifrão escolheu para este fim são as de pescadores, de gente do campo, pessoas contratadas para divertir os ricos (parasitas), e hetaerae ou cortesãs atenienses. Todas elas feitas para expressar seus sentimentos na linguagem mais graciosa e elegante, mesmo quando os assuntos são do tipo baixo ou obsceno. Os personagens são, de certa forma colocados acima do seu padrão comum, sem nenhuma grande violação da verdade da realidade.

A forma dessas cartas é de uma rara beleza, e a linguagem é o puro dialeto ático, como era falado nos melhores momentos das conversas familiares, mas requintado em Atenas. A cidade da qual as cartas são datadas é, com poucas exceções, Atenas e seus arredores; e do tempo, onde quer que seja perceptível, é o período após o reinado de Alexandre, o Grande. A nova comédia ática era a principal fonte da qual o autor derivou sua informação a respeito dos personagens e costumes que descreve, e por isso estas cartas contêm informações muito valiosas sobre a vida privada dos atenienses daquele período.

Tem-se dito que Alcifrão foi um imitador de Luciano; mas além do estilo, e, em alguns casos, o assunto principal, não há nenhuma semelhança entre os dois escritores: o espírito com o qual os dois tratam seus assuntos é totalmente diferente. Ambos derivaram seus materiais das mesmas fontes, e no estilo, ambos visaram a maior perfeição do genuíno grego ático. O erudito clássico, Stephan Bergler observou que Alcifrão fica na mesma relação com Menandro, assim como Luciano está para Aristófanes.[1]

Data editar

Alguns críticos mais antigos o colocam, sem qualquer razão plausível, no século V a.C.. O erudito clássico, Stephan Bergler, e outros que o seguiram, situam Alcifrão no período entre Luciano e Aristêneto, ou seja, entre 170 e 350, enquanto outros ainda atribuem-lhe uma data ainda mais cedo do que o tempo de Luciano. A única circunstância que sugere algo em relação à sua idade, é o fato de que, entre as cartas de Aristêneto, há duas entre Luciano e Alcifrão.[2] Uma vez que Aristêneto não foi culpado de qualquer grande imprecisão histórica, podemos seguramente inferir que Alcifrão foi um contemporâneo de Luciano, uma inferência que não é incompatível com a opinião, se verdadeira ou falsa, de que Alcifrão imitou Luciano.[1]

Edições editar

A primeira edição das cartas de Alcifrão é a do editor italiano Aldo Manúcio, em sua coleção dos Epistológrafos Gregos, Veneza, 1499. Esta edição, no entanto, contém apenas as cartas que, nas edições mais modernas, constituem os dois primeiros livros. Setenta e duas novas cartas foram adicionadas a partir de um manuscrito de Viena e um do Vaticano por Stephan Bergler, em sua edição (Leipzig, 1715) com notas e uma tradução em latim. Estas setenta e duas epístolas constituem o terceiro livro na edição de Bergler. J. A. Wagner, em sua edição (Leipzig, 1798, 2 volumes), com as notas de Bergler), acrescentou duas novas cartas inteiras e fragmentos de outras cinco. Uma longa carta, que até o século XIX não havia sido publicada em sua totalidade em inglês, existe em vários manuscritos de Paris.[1]

  • Editio princeps, Aldo Manúcio, (44 letras) (1499)
  • Stephan Bergler (1715)
  • Tradução inglesa por Monro e Beloe (1791)
  • E. E. Seiler (1856)
  • Rudolf Hercher (1873)
  • Sociedade Ateniense 1896
  • Schepers (1905).

Referências

  1. a b c d Schmitz, Leonhard (1867). «Alciphron». In: William Smith. Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. 1. Boston: Little, Brown and Company. 103 páginas 
  2. Aristêneto, i. 5 and 22

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