Ambição (traço de caráter)

Ambição é um traço de caráter que descreve pessoas que são motivadas a melhorar sua posição ou a ter sucesso em objetivos elevados.

Foi categorizado tanto como virtude como vício.

O uso da palavra "ambicioso" em Júlio César (1599), de William Shakespeare, por exemplo, aponta para seu uso para descrever alguém que é implacável na busca de posições de poder e influência:

The noble Brutus
Hath told you Caesar was ambitious:
If it were so, it was a grievous fault.[1]

Hoje, porém, pode ser descrito como “ambicioso” alguém que tem aspirações mais benevolentes: alguém que tem objetivos elevados, motivação, iniciativa, tenacidade e busca pela excelência.

Aristóteles encontrou a mesma ambigüidade no grego, onde φιλότιμος (ambição) e ἀφιλότιμος (falta de ambição) tinham conotações positivas ou negativas, dependendo do contexto. Ele não conseguiu descobrir um bom termo que descrevesse inequivocamente o desejável meio-termo para esta característica: “como não existe um termo reconhecido para a observância do meio-termo, os extremos lutam, por assim dizer, pelo que parece um lugar vazio”. [2]

Origem e natureza editar

A ambição tem sido interpretada como o culminar resoluto de uma decisão pessoal ousada, mas também como uma aceitação receptiva de um grande destino fornecido externamente. [3] Pode ser caracterizado como um impulso ou estímulo que deixa a pessoa ambiciosa desconfortável até que ela alcance seus objetivos. [4] Este desconforto pode surgir, em parte, do facto de os objetivos extraordinários que caracterizam a ambição tenderem a ser tornados públicos. [5] David Hume chamou-a de "a mais incurável e inflexível das paixões humanas". [6]

A filósofa Agnes Callard contrasta ambição com aspiração: [7] na sua opinião, a ambição diz respeito a objetivos com valor já determinado: dinheiro, poder, fama e assim por diante. A aspiração diz respeito a objetivos cujo valor ainda não se compreende completamente, mas que se espera compreender no processo de alcançá-los.

Referências

  1. Shakespeare, William (1599). Julius Caesar. [S.l.: s.n.]  (spoken by Mark Antony)
  2. Aristotle. Nicomachean Ethics. [S.l.: s.n.] 
  3. Marden, Orison Swett (1919). Ambition and Success. [S.l.: s.n.] 
  4. Addison, Joseph (10 de novembro de 1711). «Ambition: Its Use and Abuse». Spectator 
  5. de Montaigne, Michel (1580). «Of Three Commerces». Essays. [S.l.: s.n.] 
  6. Hume, David (1754–1761). The History of England. [S.l.: s.n.] 
  7. Callard, Agnes (2018). Aspiration: The Agency of Becoming. [S.l.: s.n.]