Antônio Cremonese
Antônio Cremonese (San Biaggio di Callalta, 17 de fevereiro de 1890 — Flores da Cunha, 14[1] ou 16[2] de fevereiro de 1943) foi um pintor e decorador italiano radicado no estado brasileiro do Rio Grande do Sul.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b8/Caravaggio16.jpg/320px-Caravaggio16.jpg)
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/14/A_Cremonese_-_Milagre_de_N_S_de_Caravaggio_2.jpg/320px-A_Cremonese_-_Milagre_de_N_S_de_Caravaggio_2.jpg)
Quase nada se sabe sobre sua vida. Registros paroquiais referem sua atividade em igrejas de vários municípios na região de colonização italiana do estado entre 1914 e 1942, onde ainda sobrevivem criações de sua autoria. Faleceu vítima de doença derivada do alcoolismo, conforme se registra em um arquivo em Flores da Cunha.[2][1]
Seu estilo releva um artista de extração popular, deixando criações singelas, mas apreciadas em suas comunidades e consideradas importantes documentos históricos e artísticos para o estado,[2][3][4] testemunhando a fase de consolidação de uma cultura original na região de colonização italiana, marcada pela simplicidade e pela grande influência do catolicismo.[5][6][4] Segundo a restauradora Marines Gallon, que supervisionou as obras na Capela dos Ex-Votos, centro de grande romaria anual, em cujas paredes ele deixou decoração ornamental, figuras isoladas e cenas de milagres de Nossa Senhora de Caravaggio, suas obras são eficientes evocações da religiosidade popular e revelam um artista sensível.[3] A Capela foi declarada patrimônio histórico e cultural pelo governo do estado, e outras de suas obras ainda preservam relevante interesse para suas comunidades.[7][8][9][10][11][12] Usava pigmentos naturais obtidos na região.[10] Contudo, segundo opinião do antigo coordenador de acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Ricardo Frantz, a "revitalização" das pinturas da Capela significou efetivamente uma repintura completa, desfigurando os valores plásticos da imagem primitiva, embora guarde suas linhas básicas, como é possível constatar na comparação de fotos obtidas antes e depois do procedimento. Em suas palavras,
- "O restauro, diferente do que foi feito aqui, é um processo fundado no respeito pela obra original, em que suas características distintivas são mantidas exatamente como são para poderem dizer o que têm a dizer, cumprindo seu papel de documento autêntico e legível, sem intervenções inteiramente arbitrárias como esta, que falsificam o que alegam preservar.... Toda a textura das pinturas foi alterada, inúmeros detalhes foram acrescentados, outros suprimidos, as cores mudaram seus tons, os volumes e contornos já são outros.... Na verdade, estudar arte e história a partir de testemunhos adulterados em tamanha extensão é aprender coisas falsas que levam a conclusões enganosas e disparates. Isso não é educar, isso não é documentar os fatos corretamente, é criar uma realidade artificial. Esse conhecimento desvirtuado acaba se multiplicando, cria tradição e passa a ser uma História mais verdadeira do que a verdade autêntica que fizemos questão de esconder sob camadas de pintura 'criativa', mesmo que isso possa ter sido feito na melhor das boas intenções".[13]
Tem obras documentadas nas seguintes igrejas:[14]
- Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Protásio Alves, c. 1914?
- Igreja de Nossa Senhora de Caravaggio, Caxias do Sul, 1917
- Capela dos Ex-Votos, Farroupilha, 1921.
- Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, Veranópolis, 1931
- Catedral de Vacaria, 1931[15]
- Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes, Flores da Cunha, 1940
- Igreja de Nossa Senhora da Purificação, Muçum, ?
- Igreja Matriz São Luís Gonzaga, Veranópolis, ?
Ver também
editarReferências
- ↑ a b Gardelin, Mário & Costa, Rovílio. Os Povoadores da Colônia Caxias. Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, 1992, p. 375
- ↑ a b c Moreira, Altamir. A Morte e o Além: Iconografia da pintura mural religiosa da região central do Rio Grande do Sul (século XX). Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006. p. 28; Anexo, p. 5
- ↑ a b Theodoro, José. "Restauradora do Santuário de Caravaggio diz que pinturas revelam sensibilidade do artista". Rede Sul de Rádio, 25/08/2012
- ↑ a b Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Globo, 1971, p. 268
- ↑ Adami, João Spadari. História de Caxias do Sul. Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, 1981. Tomo III (Educação), p. 17
- ↑ De Boni, Luis Alberto. "O Catolicismo da Imigração: Do Triunfo à Crise". In: Dacanal, José Hildebrando (org.). Rio Grande do Sul: imigração e colonização. Mercado Aberto, 1980, pp. 234-255
- ↑ Lopes, José Rogério & Silva, Adimilson Renato da. "Santuário de Caravaggio e a modernização de espaços sacralizados: notas etnográficas de uma romaria na serra gaúcha". In: Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião, 2012; 14 (17):105-132
- ↑ "Velho Santuário está Novo". Pioneiro, nº 11.463, 27/08/2012
- ↑ Marques, Carina. "Prestes a desabar?". O Informativo do Vale, ano XLIII, 28/12/2011
- ↑ a b Verdi, Larissa. "Reforma da Igreja Matriz está em fase de finalização" Arquivado em 2 de dezembro de 2013, no Wayback Machine.. O Florense, 02/08/2013
- ↑ Atuaserra: Associação de Turismo da Serra Nordeste. Igreja Matriz São Luiz Gonzaga.
- ↑ Fedrizzi, Diogo. "Rachaduras no teto ameaçam a Matriz". Jornal Opinião, 30/12/2011
- ↑ Frantz, Ricardo. "Antonio Cremonese revisitado". Academia.edu, nov/2013
- ↑ Moreira, pp. 22-66
- ↑ Catedral de Nossa Senhora da Oliveira. História da Catedral Arquivado em 3 de dezembro de 2013, no Wayback Machine..