Antonia Clementina Matos Aycinena (-de Massot), com nome artístico de Antonia Matos (Cidade da Guatemala, 21 de novembro de 1904[nota 1] — Cidade da Guatemala, 22 de junho de 1994), foi uma pintora guatemalteca.

Antonia Matos
Nascimento 21 de novembro de 1902
Cidade da Guatemala
Morte 22 de junho de 1994
Ocupação pintora

Biografia

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Era filha mais nova de José Matos Pacheco, diplomata de carreira. Numa época em que a sociedade de seu país limitava as mulheres aos afazeres domésticos, ela e sua irmã María Antonia estudaram na escola culinária Le Cordon Bleu em Paris onde esta optara pela música e Antonia por pintura.[1]

Ela então se matriculou no curso de Justo de Gandarias, em 1916; com a restauração da Academia Nacional de Pintura pelo presidente José María Reina Barrios, em 1920, ela ali ingressa; um dos mestres fundadores, Rafael Rodríguez Padilla, havia esculpido uma cariátide para servir de coluna no túmulo da família Castillo e um boato de que Antonia teria sido a modelo se espalhou, gerando escândalo; embora o corpo da figura mítica em nada lembrasse o seu, argumentavam que o rosto era bastante parecido.[1]

Com a criação da Sociedade das Nações, seu pai mudou-se com a família para a Europa e Antonia, já uma artista formada, foi prontamente aceita na Beaux-Arts de Paris, onde obteve um segundo lugar em pintura a óleo.[1]

Mesmo a Guatemala não integrando o Comitê Olímpico Internacional, participou da competição de 1932 em Los Angeles onde perdeu o ouro para David Wallin, recebendo "menção honrosa".[2][nota 2]

Ela era uma pintora pouco conhecida, contando somente com uma exposição na Guatemala e em Paris.[2] Em 1934 realizou sua primeira e única exposição no país natal mas logo o diretor de belas artes, após três dias de sua abertura, ordenou seu fechamento por conter três quadros expondo a nudez.[1] A pintora sofreu então com o escárnio e, mesmo antes de inaugurar sua exposição, os Correios se negavam a entregar os convites para a exposição se estes não estivesse envelopados de certa forma prescrita.[1]

Foi casada com o piloto da Força Aérea da França Henry Massot, falecido em 1956. Não tiveram filhos e, com o fim do governo de Ubico, a quem a família era ligada politicamente, sua irmã e o cunhado partiram para o exílio no México e tiveram os bens confiscados, incluindo a companhia Aviateca; ela então ficou com um sobrinho que, entretanto, morreu jovem. Vivendo de forma solitária e reclusa, sempre vestida de preto, e quase esquecida no país natal. Em 1982 a Belas Artes do país, porém, realizou uma exposição de sua obra, como um "desagravo" ao ostracismo a que fora relegada.[1]

Matos sofreu com o preconceito e se tornou um símbolo para as pintoras guatemaltecas, ao enfrentar os obstáculos da sociedade de seu tempo.[2]

Notas e referências

Notas

  1. A data precisa não é certa, havendo dúvida se teria sido nos anos de 1904 ou 1909, pois a pintora ocultava sua verdadeira idade.[1] Aqui manteve-se a data consagrada no site Olympedia.[2]
  2. Não existia, na época, medalhas para outras colocações nos Jogos Olímpicos além do primeiro lugar.

Referências

  1. a b c d e f g Claudia Palma (11 de fevereiro de 2015). «La pintora solitaria». Prensa Libre. Consultado em 17 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 17 de fevereiro de 2021 
  2. a b c d «Antonia Matos». Olympedia. Consultado em 17 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 17 de fevereiro de 2021 

Bibliografia

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  • Desirée de Aguirre; Francisco Aguirre Matos - La obra de Antonia Matos