Antracologia

estudo de carvão vegetal preservado

Antracologia é o estudo dos restos de madeira carbonizados provenientes seja de sítios arqueológicos ou de solos.

A Antracologia é uma ciência multidisciplinar que tem por princípio a análise e identificação de carvões com base na anatomia da madeira, a qual se conserva perfeitamente após a carbonização. Restos de madeira carbonizados podem ser provenientes de sítios arqueológicos ou de sedimentos, estando relacionados ao testemunho de paleoincêndios, naturais ou de origem antrópica, ou a diversos aspectos da atividade humana. Estudos antracológicos podem abordar também material atual, caso em que se relacionam principalmente com a descrição anatômica de material de referência ou com a fiscalização de carvões vegetais de procedência irregular.

A identificação de espécies a partir de material carbonizado, em si, é bastante antiga, datando do final do século XIX, mas o método de trabalho utilizado na época, a partir de lâminas finas, era lento e difícil, e as pesquisas não tinham ainda um caráter paleoambiental. A partir da década de 1970 a utilização da microscopia de luz refletida, difundida principalmente por Jean-Louis Vernet, a partir da França, permitiu a multiplicação das análises antracológicas, propiciando o surgimento de abordagens paleoecológicas. No Brasil, o desenvolvimento desta disciplina teve início com os trabalhos de Rita Scheel-Ybert, a partir do final da década de 1990.

A antracologia é um método de estudo privilegiado em contexto arqueológico. Os sedimentos arqueológicos são geralmente muito ricos em fragmentos de carvão, cuja identificação permite interpretações sobre a paisagem, a paleovegetação, as relações entre o homem e seu meio ambiente e os usos que populações passadas fizeram dos produtos vegetais. Além da perspectiva paleoecológica, que permite a reconstituição do paleoambiente vegetal e, em consequência, do paleoclima, esta disciplina fornece importantes informações paleoetnobotânicas relacionadas à utilização da madeira em contextos cotidianos e rituais e, inclusive, à alimentação das populações pré-históricas, pela conservação de restos alimentares carbonizados. A análise antracológica de carvões arqueológicos já é largamente reconhecida como uma ferramenta fiável para a reconstituição paleoecológica. No Brasil, estes estudos têm sido marcados por uma forte preocupação com a definição de metodologias apropriadas, buscando simultaneamente informações paleoambientais e paleoetnobotânicas comprometidas com a problemática arqueológica.

Análises antracológicas em sambaquis e sítios Tupiguarani do sudeste e sul do país, assim como em sítios cerâmicos da Amazônia Central, têm sido fundamentais para ampliar nosso conhecimento sobre os tipos de vegetação existentes nas áreas de implantação destes assentamentos, os recursos do meio, as áreas de captação de recursos, a economia do combustível e o uso de madeira em contextos cotidianos e rituais. Mais recentemente, a análise antracológica tem se revelado uma importante ferramenta de apoio à interpretação arqueológica, contribuindo para a compreensão dos processos de formação de sítio e fornecendo dados mais consistentes sobre aspectos funcionais dos sítios.

Além disso, a conservação de frutos, sementes e restos de raízes e tubérculos carbonizados tem permitido a abordagem de questões sobre dieta e produção de alimentos.

Antracologia e Dendrologia

Estudos de dendrologia associados à análise antracológica permitem obter estimativas do diâmetro mínimo dos lenhos carbonizados, com base na angulação dos raios. Os primeiros estudos desta linha de pesquisa foram feitos na Floresta Negra, na Alemanha, onde eles permitiram reconhecer os efeitos de atividades antrópicas na estrutura e composição florestal (Ludemann, 2002, 2008; Ludemann & Nelle, 2002; Ludemann et al., 2004; Nelle, 2002).

Geoantracologia

O estudo de carvões de origem sedimentar (solos, paleosolos, ou depósitos sedimentares) fornece essencialmente dados paleoecológicos, permitindo a reconstituição da vegetação passada e do paleoclima. Importantes informações sobre a relação entre a vegetação passada, incêndios florestais e mudanças climáticas vêm sendo obtidas a partir de diversos estudos realizados na Europa e na América do Norte. No Brasil, análises antracológicas associadas a análises de composição isotópica dos solos no Estado de São Paulo permitiram demonstrar que o clima da região era mais seco durante o início do Holoceno e em seguida mais úmido, semelhante ao atual, a partir de ca. 3000 anos BP (Scheel-Ybert et al., 2003).

Fiscalização de carvão vegetal

Os estudos antracológicos também podem ser aplicados em uma abordagem conservacionista e tecnológica, como a identificação de espécies de procedência irregular e qualidade do carvão. O direcionamento do uso da antracologia como ferramenta para identificação e consequentemente fiscalização e controle de carvão vegetal no Brasil se reveste de um importante caráter conservacionista, pois o país é o maior produtor mundial de carvão vegetal. Embora este carvão (destinado principalmente para a indústria siderúrgica) seja considerado como energia limpa, apresenta forte impacto ambiental porque grande parte dele ainda é produzido através da extração ilegal a partir de florestas nativas. 

Referências editar

  • Asouti, E. 2003. Woodland vegetation and fuel exploitation at the prehistoric campsite of Pinarbasi, south-central Anatolia, Turkey: the evidence from the wood charcoal macro-remains. Journal of Archaeological Science 30: 1185-1201.
  • Badal, E.; Bernabeu, J. & Vernet, J.-L. 1994. Vegetation changes and human action from the Neolithic to the Bronze Age (7000-4000 BP) in Alicante, Spain, based on charcoal analysis. Vegetation History and Archaeobotany 3: 155-166.
  • Beauclair, M. 2010. Produção de carvão vegetal e mudanças na paisagem do Maciço da Pedra Branca, Rio de Janeiro, RJ. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
  • Beauclair, M.; Rangel, A.; Oliveira, R.R. & Scheel-Ybert, R. 2011. Wood charcoal production and forest dynamics in the Pedra Branca Massif, Rio de Janeiro, RJ, Brazil. Saguntum 11: 121-122.
  • Beauclair, M.; Scheel-Ybert, R.; Bianchini, G.F. & Buarque, A. 2009. Fire and ritual: bark hearths in South-American Tupiguarani mortuary rites. Journal of Archaeological Science 36: 1409-1415.
  • Bianchini, G.F. 2008. Fogo e Paisagem: Evidências de Práticas Rituais e Construção do Ambiente a Partir da Análise Antracológica de um Sambaqui no Litoral Sul de Santa Catarina. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  • Bianchini, G.F. & Scheel-Ybert, R. 2012. Plants in a funerary context at the Jabuticabeira-II shellmound (Santa Catarina, Brazil) – feasting or ritual offerings? Saguntum 11: 253-258.
  • Bianchini, G.F.; DeBlasis, P.; Gaspar, M.D.; Scheel-Ybert, R. 2011. Processo de formação do sambaqui Jabuticabeira-II: interpretações através da análise estratigráfica de vestígios vegetais carbonizados. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia 21: 51-69.
  • Bianchini,G.F.; Scheel-Ybert, R.; Gaspar, M.D. 2007. Estaca de Lauraceae em contexto funerário (sítio Jaboticabeira-II, Santa Catarina, Brasil). Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia 17: 223-229.
  • Breuil, H. 1903. Les fouilles dans la grotte du Mas d'Azil (Ariège). Bulletin Archéologique 421-436.
  • Carcaillet, C., Thinon, M., 1996. Pedoanthracological contribution to the study of the evolution of the upper treeline in the Maurienne Valley (North French Alps): methodology and preliminary data. Review of Palaeobotany and Palynology 91: 399-416.
  • Chabal, L. 1997. Forêts et Sociétés en Languedoc (Néolithique Final, Antiquité Tardive). L’Anthracologie, Méthode et Paleoécologie. Documents d’archéologie française 63: 1-188.
  • Damblon F. (ed.). 2013. Proceedings of the Fourth International Meeting of Anthracology. British Archaeological Records International Series 2486: 1-251.
  • Deckers, K. & Hughes, P. 2010. Vegetation development in the Middle Euphrates and Upper Jazirah (Syria/Turkey) during the Bronze Age. Quaternary Research 74: 216-226.
  • Di Piazza, A. 1998. Archaeobotanical Investigations of an Earth Oven in Kiribati, Gilbert Islands. Vegetation History and Archaeobotany 7: 49-154.
  • Dufraisse A. & García Martínez M. S. 2011. Mesurer les diamètres du bois de feu en anthracologie. Outils dendrométriques et interprétation des données. Anthropobotanica 02: 1-18.
  • Figueiral, I. 1995. Evidence from charcoal analysis environmental change during the interval late Bronze Age to Roman, at the archaeological site of Castro de Penices, N.W. Portugal. Vegetation History and Archaeobotany 4: 93-100.
  • Figueiral I., Mosbrugger V., Rowe N.P., Utescher T., Jones T.P., Von Der Hocht F. 2002. Role of charcoal analysis for interpreting vegetation change and paleoclimate in the Miocene Rhine embayment (Germany). Palaios 17: 347–365.
  • Fiorentino, G. & Donatella, M. 2008. Charcoals from the Past: Cultural and Palaeoenvironmental Implications. Oxford: British Archaeological Reports International Series 1807: 1-318.
  • Gonçalves, T.A.P. & Scheel-Ybert, R. 2012. Contra o carvão ilegal: estudo da anatomia da madeira pode ajudar a salvar florestas nativas. Ciência Hoje 292: 74-76.
  • Henry, A.; Valdeyron, N.; Bouby, L. & Théry-Parisot, I. 2012. History and evolution of Mesolithic landscapes in the Haut-Quercy (Lot, France): New charcoal data from archaeological contexts. The Holocene 23(1): 127-136.
  • Ludemann, T. 2002. Anthracology and forest sites: the contribution of charcoal analysis to our knowledge of natural forest vegetation in south-west Germany. In: Thièbault, S. (ed.). Charcoal analysis: methodological approaches, palaeoecological results and wood uses. British Archaeological Reports International Series 1063: 209-217.
  • Ludemann, T. 2012. Past fuel wood exploitation and natural forest vegetation in the Black Forest, the Vosges and neighbouring regions in western Central Europe. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 291: 154-165.
  • Marguerie, D. ; Hunot, J.-Y. 2007. Charcoal analysis and dendrology: data from archaeological sites in north-western France. Journal of Archaeological Science 34: 1417-1433.
  • Nelle, O. 2002. Charcoal burning remains and forest stand structure: examples from the Black Forest (south-west Germany) and the Bavarian Forest (south-east Germany). In: Thiébault, S. (ed.). Charcoal analysis: methodological approaches, palaeoecological results and wood uses. British Archaeological Reports International Series 1063: 201-207.
  • Nelle, O.R. 2003. Woodland history of the last 500 years revealed by anthracological studies of charcoal kiln sites in the Bavarian Forest, Germany. Phytocoenologia 33(4): 667-682.
  • Nelle, O.; Robin, V.; Brigitte T. 2013. Pedoanthracology: Analysing soil charcoal to study Holocene palaeoenvironments. Quaternary International 289: 1-4.
  • Rubiales, J.M.; Hernández, L.; Romero, F. & Sanz, C. 2011. The Use of Forest Resources in Central Iberia during the Late Iron Age: Insights from the Wood Charcoal Analysis of Pintia, a Vaccaean Oppidum. Journal of Archaeological Science 38 (1): 1-10.
  • Scheel-Ybert, R. 1998. Stabilité de l'Écosystème sur le Littoral Sud-Est du Brésil à l'Holocène Supérieur (5500-1400 ans BP): les pêcheurs-cueilleurs-chasseurs et le milieu végétal: apports de l'anthracologie. 1998. 245 p. Tese (Doutorado em Ecologia) – Université de Montpellier II, Science et Tech du Languedoc, Montpellier, v. 1-3.
  • Scheel-Ybert, R. 2000. Vegetation stability in the Southeastern Brazilian coastal area from 5500 to 1400 14C yr BP deduced from charcoal analysis. Review of Palaeobotany and Palynology 110 (2): 111-138.
  • Scheel-Ybert, R. 2001a. Man and Vegetation in Southeastern Brazil during the Late Holocene. Journal of Archaeological Science 28 (5): 471-480.
  • Scheel-Ybert, R. 2001b. Os sambaquieiros e o mundo vegetal: meio ambiente, utilização da lenho e alimentação. In: Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira, 11., 2001, Rio de Janeiro. Resumos... Rio de Janeiro: SAB, v. 1, p. 1-17.
  • Scheel-Ybert, R. 2004a. Teoria e métodos em antracologia. 1. Considerações teóricas e perspectivas. Arquivos do Museu Nacional 62(1): 3-14.
  • Scheel-Ybert, R. 2004b. Teoria e métodos em antracologia. 2. Técnicas de campo e de laboratório. Arquivos do Museu Nacional 62(4): 343-356.
  • Scheel-Ybert, R. 2005. Teoria e métodos em antracologia. 3. Validade amostral. Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro 63(2): 207-232.
  • Scheel-Ybert, R. 2013. Antracologia: preservados pelo fogo. In M.D. Gaspar; S.M. Mendonça de Souza (eds.). Protocolos para pesquisas de campo em sambaquis. Erechin: Habilis
  • Scheel-Ybert, R. & Solari, M.E. 2005. Macro-restos vegetais do Abrigo Santa Elina: Antracologia e Carpologia. In: Vilhena-Vialou, A. (ed.) Pré-história do Mato Grosso. I. Santa Elina. São Paulo, EDUSP. pp. 139-147.
  • Scheel-Ybert, R. & Dias, O.F. 2007. Corondó: palaeoenvironmental reconstruction and palaeoethnobotanical considerations in a probable locus of early plant cultivation (south-eastern Brazil). Environmental Archaeology 12: 129-138.
  • Scheel, R.; Gaspar, M.D. & Ybert, J.P. 1996. A anatomia dos carvões pré-históricos. Arqueologia encontra respostas em restos de fogueiras e incêndios florestais. Ciência Hoje 21(122): 66-69.
  • Scheel-Ybert, R.; Gouveia, S.E. M.; Pessenda, L.C.R.; Coutinho, L. M. & Boulet, R. 2003. Holocene palaeoenvironmental evolution of the cerrado and semideciduous forest zone in the São Paulo State (Brazil), based on anthracology and soil d13C analysis. The Holocene 13 (1): 73-81.
  • Scheel-Ybert, R.; Klökler, D.; Gaspar, M.D. & Figuti, L. 2006. Proposta de amostragem padronizada para macrovestígios bioarqueológicos: antracologia, arqueobotânica, zooarqueologia. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia 15-16: 139-163.  
  • Scheel-Ybert, R.; Carvalho, M.A.; Moura, R.P.O.; Gonçalves, T.A.P.; Scheel, M. & Ybert, J.-P. 2006. Coleções de referência e bancos de dados de estruturas vegetais: subsídios para estudos paleoecológicos e paleoetnobotânicos. Arquivos do Museu Nacional 64(3): 255-266.
  • Scheel-Ybert, R.; Barros, L.H.P.; Carvalho, M.A. & Ramos, R.R.C. 2008a. Charcoalified wood remains from the Eocene of São José de Itaboraí Basin, Southeastern Brazil. In: IVth International Meeting of Anthracology. Programme and abstracts, p. 130.
  • Scheel-Ybert, R.; Witovisk, L.; Machado, L.G.; Carvalho, M.A.; Ramos, R.R.C.; Coelho, J.S.; Barros, L.H.P.; Beauclair, M.; Kellner, A.W.; Riff, D.; Romano, P.S.; Grillo, O. & Silva, H.P. 2008b. Cretaceous fossil wood from James Ross Island, northeastern Antarctica Peninsula: a preliminary report. In: 8th International Organisation of Palaeobotany Conference, GeoUnion, p. 247.
  • Scheel-Ybert, R.; Bianchini, G.F. & DeBlasis, P. 2009a. Registro de mangue em um sambaqui de pequeno porte do litoral sul de Santa Catarina, Brasil, a cerca de 4900 anos cal BP, e considerações sobre o processo de ocupação do sítio Encantada-III. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 103-118
  • Scheel-Ybert, R.; Eggers, S.; Wesolowski, V.; Petronilho, C.C.; Boyadjian, C.H.C.; Gaspar, M.D.; Barbosa-Guimarães, M.; Tenório, M.C. & DeBlasis, P. 2009b. Subsistence and Lifeway of Coastal Brazilian Moundbuilders. In: La Alimentación en la América Precolombina y Colonial: Una Aproximación Interdisciplinaria, edited by A. Capparelli, A. Chevalier and R. Piqué, 37-53. Treballs d’Etnoarqueologia 7.
  • Scheel-Ybert, R.; Beauclair, M. & Buarque, A. 2014. The Forest People: Landscape and firewood use in the Araruama region (Southeastern Brazil) during the late Holocene. Vegetation History and Archaeobotany 23(2): 97-111.
  • Solari, M.E. 1993. L’Homme et le bois en Patagonie et Terre de Feu au cours des six derniers millénaires: recherches anthracologiques au Chili et en Argentine. Thèse de Doctorat, USTL. Montpellier. 267 p
  • Talon, B., Payette, S., Filion, L., Delwaide, A., 2005. Reconstruction of the longterm fire history of an old-growth deciduous forest in Southern Quebec, Canada, from charred wood in mineral soils. Quaternary International 64: 36-43.
  • Tengberg, M. 2002. Vegetation history and wood exploitation in the Oman peninsula from the Bronze Age to the Classical period. In: Thiébault, S. (Ed.). Charcoal analysis: methodological approaches, palaeoecological results and wood uses. British Archaeological Reports International Series, Oxford, v. 1063, p. 151-158.
  • Théry-Parisot, I; Chabal, L. & Chrzavzez, J. 2010. Anthracology and taphonomy, from wood gathering to charcoal analysis: a review of the taphonomic processes modifying charcoal assemblages, in archaeological contexts. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 291: 142-153.
  • Thiébault, S. (Ed.). 2002. Charcoal analysis: methodological approaches, palaeoecological results and wood uses. British Archaeological Reports International Series, 1063: 1-284.
  • Thiébault, S. 1997. Early-Holocene vegetation and the human impact in central Provence (Var, France): charcoal analysis of the Baume de Fontbrégoua. The Holocene 7 (3): 343-349.
  • Vernet, J.-L. (org.). 1992. Les charbons de bois, les anciens écosystèmes et le rôle de l’homme. Actes du Colloque. Bulletin de la Société Botanique de France, Bulletin Société Botanique Française, Paris, v. 139, p. 725.
  • Vernet, J.-L. 1973. Étude sur l’histoire de la végétation du sud-est de la France au Quaternaire, d’après les charbons de bois principalement. Paléobiologie Continentale 4 (1): 1-90.
  • Vernet, J.-L. 1977. Les Macrofossiles Végétaux et la Paléoécologie du Pléistocène. Bulletin de l’Association Française pour l’étude du Quaternaire Suppl 47:53-55.
  • Vernet, J.-L. 1990. Man and Vegetation in the Mediterranean Area during the Last 20,000 Years. In: Biological Invasions in Europe and the Mediterranean Basin, edited by F. di Castri, A. J. Hansen and M. Debussche, 161-168. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.
  • Vernet, J.-L.; Bazile, E. & Evin, J. 1979. Coordination des analyses anthracologiques et des datations absolues sur charbon de bois. Bulletin de la Société Préhistorique Française 76(3): 76-79.
  • Vernet, J.-L.; Ogereau, P.; Figueiral, I.; Machado Yanes, C. & Uzquiano, P. 2001. Guide d'identification des charbons de bois préhistoriques et récents: Sud-Ouest de l'Europe: France, Péninsule Ibérique et Îles Canaries. Paris: CNRS editions. 395 p.
  • Western, C. 1963. Wood and charcoal in archaeology. In: Brothwell, D. & Higgs, E. Science in Archaeology. A comprehensive survey of progress and research. Londres: Thames and Hudson. pp. 150‑162.
  • Willcox, G.H. 1974. A History of Deforestation as Indicated by Charcoal Analysis of Four Sites in Eastern Anatolia. Journal of the British Institute of Archaeology at Ankara 24:117-133.
  Este artigo é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o. Editor: considere marcar com um esboço mais específico.