Appendix Probi é um texto do século IV d.C.[1] de autor desconhecido (erroneamente associado a Marco Valério Probo [2], que viveu muito anteriormente), no qual se compilam os erros mais frequentes na fala latina da época, opondo-os às formas corretas do latim clássico (embora, às vezes, o autor confunda-se e considere incorrecta a forma clássica). O texto foi encontrado num palimpsesto do século VIII [3] intitulado Instituta artium, também conhecido como Ars vaticana por ter sido encontrado na biblioteca do Vaticano.

A Biblioteca Vaticana

Para compreender que exista um texto como o Appendix Probi é preciso considerar que os romanos viviam em situação de diglossia: a língua do dia-a-dia não era o latim clássico (utilizado nos textos literários), senão uma forma distinta, ainda que próxima, chamada de sermo plebeius ('discurso plebeu'). O latim clássico era falado pelas classes sociais elevadas, enquanto que o sermo plebeius era a língua do povo comum, os comerciantes e os soldados. Sem possibilidade de aceder ao status de língua literária, o latim vulgar é por nós conhecido sobretudo graças aos estudos de fonética histórica, às citações e críticas pronunciadas pelos falantes do latim literário, assim como por meio de numerosas inscrições, registros, contos e outros textos correntes. De modo similar, o Satíricon de Petrônio, uma espécie de «romance» escrito provavelmente no primeiro século da era cristã, é um testemunho importante desta diglossia: segundo a sua categoria social, as personagens expressam-se numa língua mais ou menos próxima ao arquétipo clássico.

Veja também editar

Referências

  1. Latin Vulgar/Vocabulary/Appendix Probi
  2. Marcus Valerius Probus Arquivado em 16 de outubro de 2008, no Wayback Machine.. Encyclopædia Britannica. Cambridge University Press. 1911.
  3. «Os Appendix Probi da língua portuguesa. António da Costa Pereira. Universidade do Minho». Consultado em 8 de novembro de 2009. Arquivado do original em 23 de novembro de 2009