Arraia-aramaçá[2] (nome científico: Paratrygon aiereba) é uma espécie de peixe cartilaginoso da família dos potamotrigonídeos da bacia amazônica.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaArraia-aramaçá

Estado de conservação
Espécie deficiente de dados
Dados deficientes (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Chondrichthyes
Subclasse: Elasmobranchii
Ordem: Myliobatiformes
Família: Potamotrygonidae
Género: Paratrygon
Espécie: P. aiereba
Nome binomial
Paratrygon aiereba
Müller & Henle, 1841

Conservação

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Em 2007, foi classificada como vulnerável na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará;[4] como criticamente em perigo na Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014;[5] em 2018, como criticamente em perigo no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);[2] e como criticamente em perigo no anexo três (peixes) da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção da Portaria MMA Nº 148, de 7 de junho de 2022[6][7]

Etimologia

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Raia deriva do latim rāia ou rāja,ae em sentido literal. Foi registrada pela primeira vez no século XIII como raya.[8] Arraia é uma provável forma protética, fruto da aglutinação do substantivo com o artigo definido a. Nessa forma, ocorreu pela primeira vez em 1367 como arraya.[9] Aramaçá, por sua vez, deriva do tupi arama'sa, que é o nome popular comum dos linguados da família dos pleuronectídeos (Pleuronectidae). Ocorre em 1587 como uramaçá, em 1631 como aramaca, em 1789 como aramaçá e 1913 como aramaçã.[10]

Descrição

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Ilustração de P. ajereba

Esta arraia de água doce tem olhos pequenos e um disco em forma aproximada de um nenúfar (o focinho é ligeiramente côncavo). É castanha na parte superior com um padrão vermiculado ou reticulado escuro. Atinge até 1,6 metro de largura do disco e 110 quilos em peso, tornando-se uma das maiores espécies da família.[11] Existem reivindicações não confirmadas de indivíduos muito maiores, mas estas são consideradas questionáveis.[12] A maioria dos indivíduos possuem uma largura de disco de até 1,3 metro.[11]

Ecologia

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Esta espécie ocupa águas rasas e mornas com temperaturas em torno de 25ºC. Os juvenis habitam áreas mais rasas em praias arenosas e riachos[11], enquanto os adultos são encontrados em águas relativamente profundas nos principais canais dos rios, mas se movem para águas mais rasas para se alimentar à noite.[13] No Rio Negro, a espécie aparentemente mostra movimentos diários entre águas mais profundas e rasas.

Alimenta-se principalmente de peixes,[14] mas também de invertebrados, como insetos e crustáceos,[11] e é um predador de topo em seu habitat.[15]

Reprodução

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O modo reprodutivo é a viviparidade matrotrófica com trofonemas. A duração do ciclo reprodutivo é de cerca de dois anos, com um período de gestação de nove meses, após o qual a fêmea dá à luz em média dois filhotes com uma largura de disco de cerca de 16 centímetros. A segregação sexual foi observada nesta espécie.[13]

Referências

  1. Góes de Araújo, M. L.; Rincón, G. (2018). «Paratrygon aiereba». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2018: e.T161588A124329685. doi:10.2305/IUCN.UK.2009-2.RLTS.T161588A124329685.en . Consultado em 23 de abril de 2023 
  2. a b «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  3. Loboda, T. S.; Lasso, C. A.; Rosa, R. S.; Carvalho, M. R. (11 de junho de 2021). «Two new species of freshwater stingrays of the genus Paratrygon (Chondrichthyes: Potamotrygonidae) from the Orinoco basin, with comments on the taxonomy of Paratrygon aiereba». Neotropical Ichthyology. 19 (2). doi:10.1590/1982-0224-2020-0083 . Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 18 de abril de 2023 
  4. Extinção Zero. Está é a nossa meta (PDF). Belém: Conservação Internacional - Brasil; Museu Paraense Emílio Goeldi; Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Governo do Estado do Pará. 2007. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 
  5. «PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 12 de julho de 2022 
  6. «Portaria MMA N.º 148, de 7 de junho de 2022» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 14 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 1 de março de 2023 
  7. «Paratrygon aiereba (Müller & Henle, 1841)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SIBBr). Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023 
  8. Grande Dicionário Houaiss, verbete raia
  9. Grande Dicionário Houaiss, verbete arraia
  10. Grande Dicionário Houaiss, verbete aramaçá
  11. a b c d Last; White; de Carvalho; Séret; Stehmann; Naylor (2016). Rays of the World. Camberra: Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO). pp. 59–66. ISBN 9780643109148. Consultado em 23 de abril de 2023 
  12. «Paratrygon aiereba». fishing-worldrecords.com. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 15 de abril de 2023 
  13. a b Góes de Araújo, M.L. & Rincón, G. (5 de maio de 2004). «Paratrygon aiereba: e.T161588A124329685». IUCN. The IUCN Red List of Threatened Species 2018 (em inglês). doi:10.2305/iucn.uk.2009-2.rlts.t161588a124329685.en. Consultado em 17 de outubro de 2024 
  14. Reynolds, J.; Hornbrook, E.; Stettner, G.; Terrell, R. (2017). «Husbandry of freshwater stingrays». In: Smith, M.; Warmolts, D.; Thoney, D.; Hueter, R.; Murray, M.; Ezurra, J. The Elasmobranch Husbandry Manual II: Recent Advances in the Care of Sharks, Rays and their Relatives. Columbus, Ohio: Special Publication of the Ohio Biological Survey. pp. 99–112. ISBN 978-0-86727-166-9. Consultado em 23 de abril de 2023 
  15. Rosa, R. S.; Charvet-Almeida, P.; Quijada, C. C. D. (2010). «Biology of the South American Potamotrygonid Stingrays». In: Carrier, J. C.; Musick, J. A.; Heithaus, M. R. Sharks and Their Relatives II: Biodiversity, Adaptive Physiology, and Conservation (PDF). Col: Marine Biology. 20100521. Boca Raton, Flórida: CRC Press. pp. 241–285. ISBN 978-1-4200-8047-6. doi:10.1201/9781420080483-c5. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 7 de julho de 2017