As Cinquenta e Três Estações da Tōkaidō

As Cinquenta e Três Estações da Tōkaidō (em japonês Tōkaidō gojūsan-tsugi) é uma série de ukiyo-e criada por Hiroshige.

Odawara-juku na década de 1830, ilustrado por Hiroshige n' As Cinquenta e Três Estações da Tokaido
A província nas proximidades de Yui-shuku
Kanaya-juku no Rio Oi
Fujikawa-shuku coberto de neve
Seki-juku

A Tōkaidō era uma das Cinco rotas de Edo construída na época de Ieyasu Tokugawa, uma série de estradas que ligava Edo (actual Tóquio) ao resto do Japão. A Tōkaidō ligava Edo à então capital Kyōto e ao longo desta estrada encontravam-se cinquenta e três estações de correio, onde se encontravam estábulos, alojamento e comida para os viajantes.

Hiroshige e a Tōkaidō editar

Hiroshige percorreu a Tōkaidō em 1832, integrado numa delegação oficial que transportava cavalos para serem entregues à corte imperial,[1] uma oferta anual do shogun em reconhecimento do estatuto divino do imperador.[2]

As paisagens que observou ao longo da jornada impressionaram profundamente o artista, tendo criado numerosos esboços durante a viagem, bem como aquando do regresso. Após tornar a casa Hiroshige começou imediatamente a trabalhar nas primeiras telas d' As Cinquenta e Três Estações da Tōkaidō.[1] Acabando por produzir um total de cinquenta e cinco telas para compor a série: uma para cada estação, mais uma para o local de início e outra para o término.

A primeira obra da série foi publicada conjuntamente pelas casas Hoeido e Senkakudo, com a primeira a tratar de todas as seguintes edições sozinha.[1] Este estilo de blocos de madeira eram comummente vendidos por doze a dezasseis moedas de cobre cada, aproximadamente o mesmo preço que uma tigela de sopa ou umas sandálias de palha.[3] O sucesso d' As Cinquenta e Três Estações da Tōkaidō afirmou Hiroshige como o mais proeminente e bem-sucedido criador de ukiyo-e da era Tokugawa[4]

Hiroshige prosseguiu esta série com As Sessenta e Nove Estações da Kiso Kaido em colaboração com Eisen Keisai, documentando cada uma das estações de correio da Nakasendo (que também se denominava de Kiso Kaido).

Impacte histórico editar

Durante a sua estadia em Paris, Vincent Van Gogh foi um coleccionador ávido de ukiyo-e, juntando com o seu irmão uma colecção de várias centenas de gravuras compradas na galeria de S. Bing, onde se incluiam trabalhos de As Cinquenta e Três Estações da Tokaido[5]. Van Gogh incorporou elementos estilísticos da sua colecção nos seus próprios trabalhos, tais como cores brilhantes, detalhes naturais e perspectivas não-convencionais.[6] Chegando a afirmar na sua correspondência pessoal "...todo o meu trabalho é baseado em arte japonesa...", tendo descrito os impressionistas como "os japoneses de França".[7]

O arquitecto Frank Lloyd Wright foi também um colecionador entusiasta dos trabalhos de Hiroshige, incluindo alguns de As Cinquenta e Três Estações da Tōkaidō. Em 1906, organizou a primeira retrospectiva de sempre do trabalho de Hiroshige no Art Institute of Chicago, descrevendo-os no catálogo da exposição como algumas "das mais valiosas contribuições alguma vez feitas para a arte mundial".[8] Dois anos depois voltou a ceder elementos da sua colecção pessoal para uma outra exibição no Art Institute. Wright também projectou o espaço da galeria destinado à exposição, que foi na altura a maior de sempre do seu tipo.[8]

 
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Referências

  1. a b c Oka, Isaburō. Hiroshige: Japan's Great Landscape Artist, p. 75. Kodansha International, 1992. ISBN 4-7700-2121-6
  2. Hagen, Rose-Marie, e Rainer Hagen. Masterpieces in Detail: What Great Paintings Say, Vol. 2, p. 357. Taschen, 2000. ISBN 3-8228-1372-9
  3. Hagen & Hagen, Masterpieces in Detail, p. 352.
  4. Goldberg, Steve. "Hiroshige" in Lives & Legacies: An Encyclopedia of People Who Changed the World - Writers and Musicians, Ed. Michel-André Bossy, Thomas Brothers & John C. McEnroe, p.86. Greenwood Press, 2001. ISBN 1-57356-154-1
  5. Edwards, Cliff. Van Gogh and God: A Creative Spiritual Quest", p. 90. Loyola Press, 1989. ISBN 0-8294-0621-2
  6. Edwards. Van Gogh and God, p. 94.
  7. Edwards. Van Gogh and God, p. 93.
  8. a b Fowler, Penny. Frank Lloyd Wright: Graphic Artist, p. 30. Pomegranate, 2002. ISBN 0-7649-2017-0