Batalha de Aljezur


A batalha de Aljezur, foi uma batalha aérea ocorrida nos céu de Aljezur a 9 de julho de 1943 entre as forças alemãs da Luftwaffe e a Royal Air Force britânica.[1]

Batalha de Aljezur
Segunda Guerra Mundial
Data 9 de julho de 1943 (80 anos)
Local Aljezur, Portugal Portugal
Desfecho
  • Vitória britânica
Beligerantes
Reino Unido

Alemanha Nazi

Comandantes
Winston Churchill Adolf Hitler
Forças
2 Bristol Beaufigther 5 Focke-Wulf Fw 200
Baixas
Nenhuma 1 Focke-Wulf Fw 200 (destruído)

7 (mortos)

Preludio editar

Durante a Segunda Guerra Mundial, diversos comboios de navios entravam no Mediterrâneo em direcção à Sicília para reforçar as forças aliadas ai estacionadas. Para detectar esses comboios, os alemães subornaram o faroleiro do farol do Cabo de São Vicente que comunicava via rádio com a embaixada alemã em Lisboa, sempre que avistava navios aliados, avisando esta, por sua vez, as bases alemãs situadas no Sul de França, que em menos de uma hora colocavam aviões no local para interceptar e afundar os comboios e, como muitas outras vezes, na manhã do dia 9 de julho de 1943, levantou voo uma esquadrilha de quatro aviões de combate tipo Focke-Wulf 200 "Condor", da base aérea de Bordéus-Mérignac, em direcção ao comboio que passava ao largo da costa portuguesa.[2][3]

A batalha editar

Passava pouco das nove da manhã, quando os aviões alemães chegaram ao local e se depararam com uma escolta de dois caças Spitfire, da Royal Air Force britânica. Mesmo estando em superioridade numérica os bombardeiros da Luftwaffe, tiveram dificuldade em sobreviver ao embate que durou pouco mais de uma hora, vindo-se forçados a fugir, libertando as bombas para ganharem mais velocidade. No entanto, um dos bombardeiros ficou para trás, sendo abatido perto de Aljezur pelos caças britânicos.[2][4]

Prelúdio editar

O regime Salazarista tentou abafar o caso, pois comprometia a política de neutralidade de Portugal, já que o espaço aéreo nacional tinha sido violado, tendo mesmo a batalha sido referida como um acidente aéreo sem importância, no entanto, alguns dias mais tarde no jornal O Século pode-se ler:

(…) a bordo de barcos de pesca portugueses, como a traineira Valha-nos Deus, os tripulantes tiveram que deitar-se no convés, por causa das rajadas de metralhadora, pois os aviões voavam muito baixo". Uma missiva confidencial, datada de 14 de Julho desse ano, e enviada pelo Ministério da Marinha ao seu representante máximo, não deixa dúvidas quanto ao conhecimento do governo português da batalha aérea: "Na manhã de Sexta-feira, 9 de Julho de 1943, quatro aviões alemães apareceram na costa ocidental algarvia, três dos quais sobrevoaram Sines (conforme comunicação do posto de lá) às nove e dez minutos, a baixa altura, de sul para norte, largando bombas de profundidade junto à costa, provavelmente por virem perseguidos por aviões aliados". No fim concluía: " Possivelmente deste grupo de aviões faria parte o que caiu em Aljezur..."

Nessa mesma tarde, os corpos dos aviadores foram levados para a Igreja Matriz de Aljezur, onde decorreu no dia seguinte o enterro, e em que ficaram claras as simpatias do regime através da pompa e circunstância verificadas na cerimónia fúnebre em que participaram o adjunto do adido aeronáutico da embaixada alemã em Lisboa, Karl Spiess e uma extensa comitiva luso-germânica, vinda expressamente de Lisboa.[5]

Importância da Batalha editar

Esta batalha reveste-se de particular importância, pois é o único conflito da Segunda Guerra Mundial registado em terras portuguesas.[1] Adolf Hitler chegou mesmo a condecorar alguns habitantes de Aljezur com a Cruz de Mérito da Águia Alemã, como reconhecimento da ajuda prestada no enterro dos aviadores.[6] Como memória do ocorrido, encontram-se sete campas no cemitério de Aljezur onde se podem ler os nomes dos aviadores gravados nas cruzes militares. As campas foram cuidadas durante anos por militares alemães estacionados na base aérea de Beja.[4]

Referências

  1. a b «A batalha de Aljezur: No dia em que o céu ardeu». Terras de Mouros. Consultado em 12 de agosto de 2013 
  2. a b Vaz de Almada 1999
  3. «A batalha de Aljezur: O cheiro da guerra». Terras de Mouros. Consultado em 12 de agosto de 2013 
  4. a b «A batalha de Aljezur: O caçador foi caçado». Terras de Mouros. Consultado em 12 de agosto de 2013 
  5. «A batalha de Aljezur: Um episódio incómodo». Terras de Mouros. Consultado em 12 de agosto de 2013 
  6. «A batalha de Aljezur relembrada». Passaro de Ferro. Consultado em 12 de agosto de 2013 

Bibliografia

  • Vaz de Almada, João (1999). Revista do Independente, nº. 558. A guerra que veio do céu. 22 de Janeiro. Lisboa: [s.n.] 
  • Mattoso, José (1994). História de Portugal - O Estado Novo - Vol. VII (1926 - 1974). Sob os ventos da guerra "a primeira crise séria do regime (1940-1949)". Lisboa: Estampa. p. 301-415. 590 páginas. ISBN 9789723310863 
  • Rodrigues, José Augusto (2013). A Batalha de Aljezur. 3ª edição, revista e aumentada. Aljezur: Junta de Freguesia de Aljezur