A Batalha de Linga foi um encontro armado travado em 1525, no qual uma frota portuguesa destroçou uma armada do sultão de Bintão (antigo sultão de Malaca) e do sultão de Indragiri, em defesa de um aliado, o sultão de Linga.

Batalha de Linga
Conflitos Luso-Malaios

Localização de Linga
Data 1525
Local Estreito de Malaca
Desfecho Vitória do Império Português
Beligerantes
Portugal Império Português
Sultanato de Bintão
Sultanato de Indragiri
Comandantes
Álvaro de Brito
Baltasar Raposo
Sultão de Indragiri
Laqueximena
Forças
80 portugueses
2 naus
160 lancharas[1]
2000 homens[2]
Baixas
1 morto, 17 feridos.[3] 600 mortos, 80 navios.[4]

Contexto editar

Quando em 1511 o governador Afonso de Albuquerque conquistou a grande cidade malaia de Malaca, o sultão Mamude fugiu com a sua Corte e as suas tropas para Bintão, reino insular que ele usurpou. Ali ele construiu uma nova cidade, reuniu em torno de si vários estados da região hostis aos portugueses e continuamente atacava Malaca por terra e por mar.

Revoltado o sultão de Linga contra a suzerania do sultão Mamude, porém, prontamente se aliou aquele aos portugueses e frequentemente se encontravam navios de Linga em Malaca, a comerciar em mantimentos e a adquirir armas.[1]

O sultão Mamude persuadiu o sultão de "Draguim" (Indragiri) seu genro, na ilha de Samatra, a bloquear a cidade de Linga com a sua frota. A ela se juntou a frota do sultão Mamude, comandada pelo seu almirante, regressada ela de um raid falhado a Malaca e, assim, alcançaram as duas frotas conjuntas o número de 160 lancharas.[1]

Já o sultão de Linga havia pedido auxílio aos portugueses e o capitão de Malaca, Jorge de Albuquerque, enviou duas pequenas naus com 80 soldados, comandadas por Baltasar Rodrigues Raposo e Álvaro de Brito.

A batalha editar

Os portugueses ancoraram os seus navios por detrás de algumas ilhas "a um tiro de falcão" da ilha de Linga de forma a ocultarem a sua presença à frota inimiga, porém foram detectados por uma embarcação que fazia a vigia.[1][5] Na manhã seguinte, avistaram os portugueses uma pequena embarcação a sondar as águas em torno das naus, sinal claro de que o confronto estava para próximo e, assim, prepararam-se para a batalha: uniram as duas naus, substituitam as cordas das âncoras por correntes para que não pudessem ser cortadas; prepararam os arcabuzes, canhões e as bombas de pólvora que haviam trazido em abundância; por fim, instalaram paveses e longos tapetes de bambu que cobriam as enxárcias e impediam que elas fossem aferradas pelos ganchos dos inimigos que tentassem abordar.[1]

Um pouco antes do meio-dia, as duas naus portuguesas foram atacadas pela grande frota adversária, que resolutamente avançava dividida em dois esquadrões, de bandeiras arvoradas e com muito ruído dos instrumentos de guerra e dos gritos das tripulações.[6] A grande massa compacta de navios rasos e abertos porém, constituía um alvo ideal para a artilharia portuguesa: 12 navios foram afundados ou avariados pela primeira bordada.[6] Dispararam então os arcabuzes aos gritos de vitória, vitória enquanto os malaios lançavam lanças envenenadas e disparavam a sua artilharia; por fim, ao chegarem à distância de arremesso, foram recebidos com o lançamento de bombas, que lhes destroçou mais 17 embarcações.[6]

Nau portuguesa e lanchara malaia.

A mezena de uma das naus dos portugueses pegou fogo devido a um acidente no manuseio das bombas de pólvora; neste momento crítico, algumas embarcações malaias aferravam a nau pela popa e lograram subir a bordo pelas portinholas dos canhões de cada lado do leme, mas foram abatidos ou obrigados a fugir.[4] Uma salva das peças montadas à ré quebrou o ânimo dos malaios e dispersaram-se então, contra as ordens dos seus comandantes.[4]

Após a batalha, contaram os portugueses 80 navios dos inimigos afundados ou destroçados e estimaram os malaios mortos em 600.[4] Na manhã seguinte, juntou-se-lhes o sultão de Linga em pessoa, que os acompanhou à sua cidade para nela serem celebradas longas festividades.[4]

Ver também editar

Referências editar

  1. a b c d e Saturnino Monteiro: Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa 1139-1975, volume II, Livraria Sá da Costa Editora, 1991, p.75.
  2. João de Barros: Da Ásia dec. III, part II, Regia Officina Typografica, 1777 edition, p.472.
  3. Fernão Lopes de Castanheda: Historia do descobrimento e conquista da India pelos Portugueses, Typographia Rollandiana, 1833 edition, Volumes 6-7, 216.
  4. a b c d e Monteiro, 1991, p.78
  5. Castanheda, 1833, p.213
  6. a b c Monteiro, 1991, p.77