Batalha de Singara

A Batalha de Singara foi travada em 344 entre as forças romanas e sassânidas. Os romanos foram liderados pessoalmente pelo imperador Constâncio II, enquanto que o exército persa foi liderado pelo Sapor II. É a única batalha (de nove) de cujos detalhes foram preservados na íntegra em um conflito de mais de vinte anos, marcada principalmente por um cerco indecisivo. [1] Por mais que o efetivo persa tenha prevalecido no campo de batalha, os dois lados sofreram pesadas baixas. [2]

Batalha de Singara
Parte das Guerras Romano-Persas
Data 344
Local Singara, Mesopotâmia
Beligerantes
Império Sassânida Império Romano
Comandantes
Sapor II Constâncio II
Forças
Desconhecidas Desconhecidas
Baixas
Pesadas Pesadas

Contexto editar

Quando Sapor II, que ascendeu ao domínio do Império Sassânida em 309, atingiu a maioridade e assumiu a administração de seu reino, dedicou-se a uma missão ao longo da vida de restaurar o poder militar de seu país e vingar-se de suas derrotas recentemente sofridas contra romanos e sarracenos.[3] Depois de subjugar completamente a rebelião dos árabes lacmidas no sul, ele dirigiu sua atenção para Roma, seu principal inimigo, em 337. O saque de uma cidade sassânida e a deportação de sua população podem ter levado à intervenção de Sapor II. Ele começou recapturando a Armênia e depois avançou em sua primeira campanha contra Constâncio II no ano seguinte. Entretanto, as linhas defensivas romanas resistiram, e as forças persas fizeram um progresso limitado.[4]

Batalha editar

Em 344, Sapor criou um exército que incluía arqueiros montados e desmontados, cavalaria regular, catafractários, fundibulários e hoplitas. A preparação de um exército tão grande não passou despercebida pelo imperador romano, uma vez que seus espiões o informaram de todos os movimentos dos sassânidas.[5]

Os romanos retiraram suas tropas da fronteira do rio Tigre, e as forças persas, subsequentemente, cruzaram-na. A tática de Sapor era desgastar as forças romanas com uma longa marcha nas horas quentes do dia antes de enfrentá-las com seus arqueiros e catafractários. Assim, quando os dois exércitos ficaram cara a cara, a cavalaria persa fingiu debandar, e os romanos superconfiantes os perseguiram por mais de 18 quilômetros, chegando a Singara, ao passo que os sassânidas cortaram as linhas de comunicação deles.[5]

Quando a cavalaria persa alcançou uma posição mais alta durante sua retirada, eles pararam e atiraram flechas nas forças romanas, que provavelmente usavam a formação “em tartaruga” para resistir às flechas do inimigo. O exército romano havia incluído em suas fileiras unidades de elite: portadores de maças treinados para lutar contra a cavalaria pesada sassânida. Perto de anoitecer, as forças romanas chegaram ao acampamento persa e engajaram as tropas persas - embora Constâncio pedisse em vão que parassem. A tática dos portadores de maça era eficaz e simples, na qual cada um deles tinha que atacar os cavaleiros à sua frente com o intuito de desviar ou aparar a lança de seu inimigo e acertar o cavaleiro para derrubá-lo da montaria. Quando Sapor percebeu que os romanos haviam trazido um exército enorme o qual superava suas próprias forças, ele decidiu partir para o Tigre e ou deixar seu filho no comando, ou abandonar o exército sassânida.[5]

As tropas romanas esmagaram as defesas do acampamento persa, infligiram baixas pesadas, capturaram o filho de Sapor e o torturaram até a morte.[6][7] No entanto, as forças romanas dentro do acampamento persa cometeram um erro quando usaram tochas para iluminar o caminho. Enquanto os exaustos soldados romanos se recuperavam, as tropas sassânidas, orientadas pelas luzes das tochas, dispararam repentinamente uma barragem mortal de mísseis de alta precisão e lançaram um contra-ataque geral que infligiu baixas maciças às tropas romanas, que não conseguiram resistir.[7]

Eventos posteriores editar

A morte do filho de Sapor não facilitou uma solução amigável do conflito, e a guerra se arrastou vários anos depois. Sapor, apesar da extensão de sua vitória, mostrou-se incapaz de utilizar o evento para qualquer outra vantagem. Dois anos depois, ele ficou ocupado com outro cerco em Nísibis, mas foi novamente repelido por perdas.[5] Posteriormente, também se viu obrigado a interromper a guerra para enfrentar a ameaça de invasões bárbaras nômades em Sogdiana, no extremo leste. A guerra recomeçou em 359, mas terminou sem resultado conclusivo. Em 363, recrudesceu-se energicamente por Juliano, o qual sofreu uma derrota decisiva e morreu devido aos ferimentos dessa batalha. Seu sucessor, Joviano, foi forçado a ceder um extenso território romano no Tratado de Dura, e assim as ambições de Sapor foram finalmente realizadas.[carece de fontes?]

Referências

  1. Kahle, Louis G. (janeiro de 1952). «A History of Mexico, Revised and Enlarged. By Henry Bamford Parkes. (Boston: Houghton Mifflin Company, 1950. Pp. xxi, 446. $5.00.)». The Americas. 8 (3): 382–384. ISSN 0003-1615. doi:10.2307/978393 
  2. Dmitriev, Vladimir (21 de março de 2015). «The 'Night Battle' of Singara: Whose Victory?». Rochester, NY (em inglês) 
  3. Edwards, I. E. S. (Iorwerth Eiddon Stephen), 1909-1996,; Gadd, C. J. (Cyril John), 1893-1969,; Hammond, N. G. L. (Nicholas Geoffrey Lemprière), 1907-2001,; Boardman, John, 1927-; Lewis, David M. (David Malcolm),; Walbank, F. W. (Frank William), 1909-2008,; Astin, A. E.,; Crook, J. A. (John Anthony),; Lintott, A. W. (Andrew William),. The Cambridge ancient history. Third edition ed. Cambridge [England]: [s.n.] ISBN 0521850738. OCLC 121060 
  4. Harrel, John S.,. The Nisibis War 337-363 : the defence of the Roman East AD 337-363. Barnsley, South Yorkshire: [s.n.] ISBN 147384830X. OCLC 965126200 
  5. a b c d Syvänne, Ilkka,. Military history of late Rome 284-361. Barnsley, South Yorkshire: [s.n.] ISBN 9781473871830. OCLC 922640299 
  6. Dodgeon, Michael H., 1944-; Lieu, Samuel N. C. (1991). The Roman eastern frontier and the Persian Wars (AD 226-363) : a documentary history. London: Routledge. ISBN 0415003423. OCLC 19922745 
  7. a b Taylor, Ira Donathan, 1962- (2016). Roman Empire at war : a compendium of battles from 31 BC to AD 565. Barnsley, South Yorkshire: Pen & Sword Military. ISBN 9781473869097. OCLC 959150116