Bentinho (personagem)

um personagem do livro Dom Casmurro
(Redirecionado de Bento Santiago)

Bento de Albuquerque Santiago, também conhecido como Bento Santiago, Bentinho ou ainda Dom Casmurro, é personagem do livro Dom Casmurro de Machado de Assis.

Bento de Albuquerque Santiago
Personagem de Dom Casmurro
Informações gerais
Primeira aparição Dom Casmurro (1899)
Última aparição Capitu e o Capítulo (2023)
Criado por Machado de Assis
Interpretado por Othon Bastos
Vladimir Brichta
Informações pessoais
Pseudônimos Bentinho
Bento
Dom Casmurro
Características físicas
Sexo Masculino
Informações profissionais
Aliados Escobar
Manduca

Biografia

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 Ver artigo principal: Dom Casmurro

A história de Bento Santiago é contada por ele mesmo no livro Dom Casmurro. Desta forma, tudo que se sabe a respeito de sua vida é extraído do livro de Machado de Assis. Como a história é narrada pelo próprio personagem é possível que contenha imprecisões ou mesmo alterações dos fatos, de modo que favoreçam o seu ponto de vista enquanto narrador da história ou ainda que uma determinada lembrança de um fato dê lugar a uma análise inconsciente do narrador [1].

Características do personagem

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Bento Santiago pode ser considerado um anti-herói. Neste contexto, observam-se três fases distintas: a do menino Bentinho, o advogado Bento Santiago e, por fim, o recluso Dom Casmurro.[2]

Dom Casmurro

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Um homem desiludido começa a surgir. Bento torna-se um homem duro de hábitos difíceis. Nem mesmo a notícia da morte do filho o demove de seus hábitos. Em sua visão dos fatos, a traição de sua esposa com seu melhor amigo age sobre ele, transformando-o de um gentil e ingênuo Bentinho no duro, cruel e cínico Dom Casmurro.[3]

Lugar na Obra

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Bentinho obviamente possui lugar de destaque dentro da obra Dom Casmurro. Apesar de ficcional, Machado de Assis toma o cuidado de inserir Bento Santiago como personagem-autor.

É o próprio Bento Santiago que explica o porquê de ser chamado Dom Casmurro quando adormece no momento que um rapaz lia alguns versos de um poema para ele:

"No dia seguinte, entrou a dizer de nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meu hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou"
— Bento Santiago (in Dom Casmurro)

Além desta confissão, o personagem-autor também trata de fazer um paralelo entre sua história e a de Otelo de William Shakespeare, esclarecendo entretanto que diferente da Desdêmona original, a sua é culpada[4]:

"De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto e estimei a coincidência. (...) O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu devia morrer. (...) - E era inocente, vinha eu dizendo rua abaixo: - que faria o público, se ela deveras fosse culpada, tão culpada como Capitu?"
— Bento Santiago (in Dom Casmurro)

Outro ponto de interesse é que - como a narrativa sempre é desenvolvida segundo a ótica do personagem-narrador, é natural que a observação dos acontecimentos, os julgamentos e reflexões sejam as impressões do próprio personagem. Em suma, quem condena Capitu não é o leitor, mas sim o personagem que pretende persuadir o leitor com sua versão dos fatos.[5]

Controvérsias

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Uma questão a ser abordada também é o amor entre pessoas de classes diferentes. Ele, um homem de posses pertencente a aristocracia e ela uma moça pobre, mas esperta que terá seu futuro definido por um bom ou mau casamento.[6]

A visão da sociedade e de suas relações também variam conforme mudam os costumes. Assim, elementos que não eram vistos como condenatórios e determinantes para traição consumada em determinada época, passam a ser definitivos em outros momentos. Em uma destas abordagens, questionou-se uma possível relação homo-afetiva ente Bento e Escobar. Nesta abordagem, o alvo do ciúme de Bento não é a traição de Capitu com o seu melhor amigo, mas sim ele - por imposição da sociedade da época - não poder ter Escobar para si.[7]

Por fim, a religião também é um tema controverso para Bento Santiago. Aliás, o contraste entre Bento (derivado de Benedito, abençoado) e Capitu (que pode lembrar o termo capeta, apesar de ser um apelido para o nome Capitolina). Inicialmente fadado a vida clerical por conta de uma promessa de sua mãe ele chega ao seminário e somente pela observação sagaz de Escobar é que ele consegue abandonar o seminário e voltar para casa. E também para Capitu.[8]

Adaptações

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Também é personagem da minissérie televisiva Capitu, da Rede Globo, onde foi interpretado pelo ator Michel Melamed. e personagem do filme homônimo baseado no livro de Machado de Assis. No filme, Bentinho foi interpretado por Othon Bastos.

Referências

  1. SILVA, Armando Sergio (2002). J. Guinsburg: Diálogos sobre Teatro 2 ed. [S.l.]: Edusp. p. 234-237. ISBN 8531407443 
  2. «Personagens de Dom Casmurro». Consultado em 3 de outubro de 2014 
  3. CALDWELL, Helen (2002). O Otelo brasileiro de Machado de Assis: um estudo de Dom Casmurro. [S.l.]: Atelie Editorial. p. 29. ISBN 8574800937 
  4. CALDWELL, Helen (2002). O Otelo brasileiro de Machado de Assis: um estudo de Dom Casmurro. [S.l.]: Atelie Editorial. p. 20-23. ISBN 8574800937 
  5. Felipe dos Santos Matias. «A presença de Otelo em Dom Casmurro» (PDF). Revista de C. Humanas, Vol. 10, Nº 1, p. 134-145, jan./jun. 2010. Consultado em 3 de outubro de 2014 
  6. «"Dom Casmurro" - Análise da obra de Machado de Assis». Guia do Estudante. 23 de agosto de 2012. Consultado em 3 de outubro de 2014 
  7. Millôr Fernandes (26 de janeiro de 2005). «O outro lado de Dom Casmurro». Revista Veja. Consultado em 3 de outubro de 2014 
  8. «A problemática de Dom Casmurro». Vestibulando Web. Consultado em 3 de outubro de 2014