Boi Caprichoso (Manaus)

Evento cultural
 Nota: Não confundir com Boi Caprichoso (de Parintins).

O Grêmio Recreativo Popular “Boi Caprichoso”, foi um boi-bumbá fundado na Praça 14 de Janeiro em Manaus, tinha como característica seu couro branco e seu coração preto na testa. Notabilizou-se por participar dos torneios de Boi-Bumbá organizados pela prefeitura de Manaus, em que sagrou-se campeão em algumas oportunidades. A partir de 1957 começou a concorrer no Festival Folclórico do Amazonas onde participou até 1971, quando encerrou suas atividades.[1]

Boi Caprichoso (Manaus)
Boi Caprichoso (Manaus)
Fundação 14 de janeiro de 1913
Símbolo Coração
Bairro Praça 14 de Janeiro

História

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O Boi-Bumbá Caprichoso da Praça 14, foi criado pelo Mestre Raimundo Fonseca, um nordestino emigrante do Maranhão, filho de mãe escravizada, que foi a Manaus na época do apogeu da borracha, em busca de maior prosperidade. A Praça 14 de Janeiro onde fixou sua residência, no início do século XX foi o destino de boa parte da população negra em Manaus, neste território foi criado pela família Fonseca o Quilombo de São Benedito, que hoje é considerado o segundo maior quilombo urbano do Brasil. [1]

Mestre Raimundo Fonseca fundou o Caprichoso em 14 de janeiro de 1913, junto dos irmãos Manoel e Antão, do senhor Ramiro Silva e da sua esposa Paula Maria. Nos primeiros anos, o boi brincava na época de São João somente para os moradores da comunidade. Com o tempo o boi começou a participar das famosas touradas que aconteciam nas ruas de Manaus, quando um boi se encontrava com o outro. O seu principal rival era o Boi Mina de Ouro do Boulevard Amazonas que tinha como característica a cor preta e estrela branca na testa, o encontro geralmente acabava terminando em briga. [2] Um dos casos que acabou em tragédia foi noticiado pelo Jornal do Commercio em 1929, em que João Alves, a Catirina do Caprichoso, foi apunhalado por uma faca por um brincante do Mina de Ouro.[3]

Na década de 1940, a Prefeitura Municipal de Manaus realizou o primeiro concurso para escolher o melhor bumbá, com objetivo de cessar as touradas que causavam bastante indignação na imprensa.[1] Além do Caprichoso, nesse torneio participou quase todos os bois da cidade, entre eles o Mina de Ouro, Tira Prosa, Corre-Campo, Campineiro e o Boi Garantido do bairro da Cachoeirinha. Nesse período o Caprichoso ganhou títulos, um dos que se tem registro foi o campeonato de 1947.[4]

A partir de 1957 com a criação do Festival Folclórico do Amazonas, os bois começaram a concorrer dentro do evento, o Caprichoso participava do grupo principal junto com mais quatro boi-bumbás. Nesse período, com a morte de mestre Raimundo, em 1945, quem comandava o bumbá era a família de Luiz Gadelha. O Boi Caprichoso encerrou suas atividades em 1971, quando era dirigido por Alberto Orelhinha.[5]

Referências

  1. a b c JÚNIOR, Josivaldo Bentes Lima. Negros a bumbar: Boi Caprichoso, sociabilidade e resistência em Manaus (décadas de 1920 a 1940). Revista Aedos, v. 14, n. 31, p. 91-110, 2022.
  2. ANDRADE, Moacir Couto de. Alguns aspectos da Antropologia Cultural do Amazonas. Manaus: Casa Editora Madrugada, 1978..
  3. Jornal do Commercio. O que já foi apurado. Edição 08742, Manaus, 02 de julho de 1929..
  4. Jornal do Commercio. Concurso da escolha do melhor bumbá. Edição 14487, Manaus, 10 de julho de 1947.
  5. ASSUNÇÃO, Avaldir. O auto do boi-bumbá - Corre Campo e outros Famas. / Manaus: Edições Muiraquitã, 2011.