Candidíase
Candidíase é uma infecção fúngica causada por qualquer tipo do fungo Candida.[2] Quando a doença afeta a boca é denominada candidíase oral.[2] O sintoma mais evidente de candidíase oral são manchas brancas na língua ou em outras partes da boca e da garganta.[3] A boca pode também apresentar-se dolorida e haver dificuldade em engolir.[3] Quando a doença afeta a vagina é denominada candidíase vaginal.[2] Entre os sinais e sintomas da candidíase vaginal estão prurido e irritação vaginais e, por vezes, um corrimento vaginal branco semelhante a queijo fresco.[8] Ainda que de forma menos comum, o pénis pode também ser afetado causando prurido.[3] Muito raramente a infeção pode tornar-se invasiva e espalhar-se por todo o corpo, causando febre e outros sintomas que dependem das partes do corpo afetadas.[9]
Candidíase | |
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Candidíase oral | |
Sinónimos | Candidose, monilíase, oidomicose[1] |
Especialidade | Infectologia |
Sintomas | Manchas brancas na boca ou corrimento vaginal, prurido[2][3] |
Tipos | Candidíase oral, candidíase vaginal[2] |
Causas | Infeção por fungos do género Candida[2] |
Fatores de risco | Immunossupressão (VIH/SIDA), diabetes, corticosteroides, antibióticos[4] |
Medicação | Clotrimazol, nistatina, fluconazol[5] |
Frequência | 6% dos recém nascidos (oral)[6] 75% das mulheres em algum momento da vida (vaginal)[7] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | B37 |
CID-9 | 112 |
CID-11 | 2055968951 |
OMIM | 606788 |
DiseasesDB | 1929 |
MedlinePlus | 001511 |
eMedicine | med/264 emerg/76 ped/312 derm/67 |
MeSH | D002177 |
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A doença pode ser causada por mais de vinte tipos de fungos do género Candida, um tipo de levedura, dos quais a Candida albicans é o mais comum.[2] As infeções da boca são mais comuns entre crianças com menos de um mês de idade, idosos e pessoas com debilidade imunitária. Entre as condições que causam esta debilidade estão a SIDA, os medicamentos usados em transplante de órgãos, diabetes e o uso de corticosteroides. Entre outros fatores de risco estão o uso de próteses dentárias e o uso de antibióticos.[4] As infeções vaginais ocorrem com maior frequência durante a gravidez, em pessoas com debilidades imunitárias e que se encontram a tomar antibióticos.[10] Os fatores de risco para que a infeção se espalhe pelo corpo incluem estar presente numa unidade de cuidados intensivos, o período pós-cirurgia, recém-nascidos com pouco peso e pessoas com sistema imunitário debilitado.[11]
Entre as medidas para prevenir infeções estão a lavagem da boca com gluconato de clorexidina em pessoas com debilidade imunitária, e a lavagem da boca após a inalação de esteroides.[5] Há poucas evidências que apoiem o uso de probióticos, tanto na prevenção como no tratamento, mesmo entre pessoas com infeções vaginais frequentes.[12][13] No caso de infeções da boca, o tratamento com nistatina ou clotrimazol de aplicação tópica é geralmente eficaz. No caso destes medicamentos não resultarem, pode ser usado fluconazol, itraconazol ou anfotericina B de administração oral ou intravenosa.[5] No caso das infeções vaginais, podem ser usados diversos antifúngicos de aplicação tópica, entre os quais clotrimazol.[14] Em pessoas em que a doença se espalhou pelo corpo, podem ser usadas equinocandinas como a caspofungina ou a micafungina.[15] Em alternativa, pode ser administrada anfotericina B por via injetável ao longo de algumas semanas.[15] Em alguns grupos de risco muito elevado podem ser usados antifúngicos como medida de prevenção.[11][15]
Cerca de 6% dos recém-nascidos com menos de um mês de idade apresentam infeções da boca. Cerca de 20% das pessoas em tratamentos de quimioterapia para o cancro e 20% das pessoas com SIDA também desenvolvem a doença.[6] Cerca de três quartos da mulheres apresentam pelo menos uma infeção por leveduras em determinado momento da vida.[7] A doença disseminada pelo corpo é rara, exceto em grupos de maior risco.[16]
Sinais e sintomasEditar
Os sintomas mais frequentes da candidíase oral são a dor e vermelhidão da boca e mucosa, podendo também haver manchas brancas ou placas na mucosa da língua e bochecha. Já a candidíase nos órgãos genitais são frequentes a comichão (coceiras), vermelhidão e irritação da região exterior da vagina, bem como uma secreção branca e espessa no caso das mulheres e o inchaço, vermelhidão do pênis e prepúcio no caso dos homens.
Diagnóstico e tratamentoEditar
A candidíase pode afetar vários tecidos humanos. Na boca é popularmente chamado de "sapinho", acometendo principalmente crianças. Pode ocorrer na pele, mucosas genitais (candidíase vulvovaginal), ou mais raramente tecidos internos, particularmente em imunodeprimidos
A presença de hifas e leveduras observadas ao microscópio é diagnóstica, assim como a cultura com crescimento do fungo embora ambas não tenham sensibilidade muito elevada. A sorologia, com detecção de anticorpo específicos também é disponível, porém pouco útil na prática clínica pela baixa acurácia.
O tratamento das infecções sistêmicas pode ser realizado com medicações endovenosas ou orais com antifúngico como anfotericina B, caspofungina ou com derivados de azol, como fluconazol e itraconazol, enquanto o das infecções superficiais é feito pela aplicação de antimicóticos tópicos como nistatina, clotrimazol, miconazol, tinidazol+nitrato de miconazol, entre outros.
EpidemiologiaEditar
Existente em todo o mundo. As leveduras se aproveitam de debilidade ou imunodeficiência para se multiplicar e disseminar além dos níveis normais.
Referências
- ↑ James, William D.; Berger, Timothy G.; et al. (2006). Andrews' Diseases of the Skin: clinical Dermatology. [S.l.]: Saunders Elsevier. pp. 308–311. ISBN 978-0-7216-2921-6
- ↑ a b c d e f g «Candidiasis». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ a b c d «Symptoms of Oral Candidiasis». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ a b «Risk & Prevention». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ a b c «Treatment & Outcomes of Oral Candidiasis». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ a b «Oral Candidiasis Statistics». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ a b «Genital / vulvovaginal candidiasis (VVC)». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ «Symptoms of Genital / Vulvovaginal Candidiasis». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ «Symptoms of Invasive Candidiasis». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ «People at Risk for Genital / Vulvovaginal Candidiasis». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ a b «People at Risk for Invasive Candidiasis». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ Jurden L, Buchanan M, Kelsberg G, Safranek S (junho de 2012). «Clinical inquiries. Can probiotics safely prevent recurrent vaginitis?». The Journal of family practice. 61 (6): 357, 368. PMID 22670239
- ↑ Abad CL, Safdar N (junho de 2009). «The role of lactobacillus probiotics in the treatment or prevention of urogenital infections--a systematic review.». Journal of chemotherapy (Florence, Italy). 21 (3): 243–52. PMID 19567343. doi:10.1179/joc.2009.21.3.243
- ↑ «Treatment & Outcomes of Genital / Vulvovaginal Candidiasis». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ a b c Pappas PG, Kauffman CA, Andes DR, Clancy CJ, Marr KA, Ostrosky-Zeichner L, Reboli AC, Schuster MG, Vazquez JA, Walsh TJ, Zaoutis TE, Sobel JD (2016). «Executive Summary: Clinical Practice Guideline for the Management of Candidiasis: 2016 Update by the Infectious Diseases Society of America». Clin. Infect. Dis. 62 (4): 409–417. PMID 26810419. doi:10.1093/cid/civ1194
- ↑ «Invasive Candidiasis Statistics». cdc.gov. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 28 de dezembro de 2014