A Carta Marina (em português: Carta Marítima) foi o primeiro mapa das terras nórdicas e bálticas contendo detalhes e nomes de lugares. É uma xilogravura, composta por nove blocos com uma dimensão total de 1,70 metros de comprimento por 1,25 metros de altura. Faz parte da obra Carta marina et descriptio septentrionalium terrarum. O seu autor é Olaus Magnus, enviado pelo rei Gustavo Vasa numa missão diplomática a Roma, onde acabou por ficar, devido ao seu irmão João Magno (o último arcebispo católico da Suécia) se ter envolvido num conflito religioso com o próprio rei Gustavo Vasa, e consequentemente ter sido forçado a abandonar a Suécia.[1][2][3][4]

Carta marina
Carta marina et descriptio septentrionalium terrarum
Carta marina
A Carta Marina, desenhada por Olaus Magnus
Autor(es) Olaus Magnus
Localização espacial Países nórdicos e bálticos
Editora Veneza
Lançamento 1539

O mapa é resultado de um trabalho muito árduo que levou doze anos para ser concluído. As primeiras cópias foram impressas em Veneza, no ano de 1539, e a segunda edição em menor formato foi publicada em Roma em 1572. O fato de apenas algumas cópias terem sido impressas e o papa Paulo III ter reivindicado os "direitos autorais" que perdurou por 10 anos talvez explique por que o mapa foi repentinamente esquecido até desaparecer, em 1574. Mais tarde, as pessoas passaram a questionar se o mapa era um mito ou se realmente existira. Entretanto, em 1886, uma cópia foi achada na biblioteca pública de Munique, Alemanha, pelo Dr. Oscar Brenner, onde está atualmente. Mais recentemente, outra cópia foi descoberta na Suíça, em 1961. Esta foi trazida de volta à Suécia em 1962, para a Biblioteca da Universidade de Uppsala e atualmente se encontra no Carolina Rediviva, o edifício principal da biblioteca.[1][5]

As nove partes que compõem o mapa possuem dimensão de 55x40 centímetros cada, impressos de um bloco separado de xilogravura. As anotações em latim do mapa foram traduzidas pelo próprio Olaus Magnus para o italiano e alemão. O livro Historia de gentibus septentrionalibus (História dos Povos Nórdicos, Roma, 1555) de Olaus Magnus é considerado como sendo um grande comentário sobre o mapa. Além de Carta Marina, existem apenas dois mapas mais antigos sobre a Escandinávia conhecidos hoje, atribuídos a Jacob Ziegler e Claudius Clavus.[1][6]

Conteúdo editar

Para além dos países nórdicos, esta obra cartográfica mostra também os países bálticos e ainda partes da Escócia, Inglaterra, Holanda, norte da Alemanha, Polónia, Rússia e Groenlândia.[7]

No mapa estão inseridas três ilhas cuja existência não foi confirmada: Hvitsark (entre a Groenlândia e a Islândia), Tile (entre as ilhas Orkney e as ilhas Faroé) e Insula Magnetum (ao largo de Murmansk).[8][9]

As gravuras apresentadas incluem animais fantásticos como serpentes e outros monstros marinhos. [10] [11]

Referências

  1. a b c BUP 2019.
  2. Wennström 2019.
  3. Lindberg 2019.
  4. Jesus, Adriano Miranda Vasconcellos (2014). «O direito à coragem e o substituto do medo». Imagens e estratégias de poder: a construção midiática dos territórios do medo (Dissertação de Doutoramento). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. p. 30 
  5. «Map of the Sea» (em inglês). World Digital Library. Consultado em 31 de julho de 2021 
  6. Leena Miekkavaara (2008). «Unknown Europe: The mapping of the Northern countries by Olaus Magnus in 1539». Belgeo (3-4). p. 307-324. ISSN 2294-9135. Consultado em 31 de julho de 2021 
  7. «[Carta marina et descriptio septentrionalium Terrarum» (em inglês). JCB. Consultado em 31 de julho de 2021 
  8. Patrick Lockerby. «A Waymark Called Hvitsark» (em inglês). The Chatter Box. Consultado em 31 de julho de 2021 
  9. «Map Section C.» (em inglês). University o Minnesota. Consultado em 31 de julho de 2021. The top, right-hand part if this section carries the date of publication, 1539, with "Polus Articus" to its left and "Insula Magnetum" below the North Pole. 
  10. Vasco Soares Mantas. «Mitos, medos e geografia fantástica dos mares antigos e medievais» (PDF). Universidade de Coimbra. Consultado em 30 de julho de 2021. ...como na célebre Carta Marina de Olaus Magnus (Olof Månsson), notável erudito sueco cuja ampla obra corográfca foi inspirada por Damião de Goes e por Copérnico, não faltam representações de monstros marinhos... 
  11. RODRIGUES, CÂNDIDA LANER (2015). «Fase medieval pagã». Tradução e construção da alteridade: um estudo sobre o monstro Grendel, em Beowulf (Dissertação de Mestrado). Universidade de Brasília. p. 21. Parte do mapa Carta Marina (1539), por Olaus Magnus, que apresenta três krakens atacando navios. 

Bibliografia editar

  • Lindberg, Bo (2019). «Johannes Magnus». Enciclopédia Nacional Sueca (em sueco). Gotemburgo: Universidade de Gotemburgo 
  • Wennström, Hans-Fredrik (2019). «Carta Marina». Enciclopédia Nacional Sueca (em sueco). Gotemburgo: Universidade de Gotemburgo 

Ligações externas editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Carta marina