Eugenia involucrata

Planta nativa do Brasil
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A cereja-do-Rio-Grande ou cerejeira (Eugenia involucrata DC.; Myrtaceae) é uma árvore frutífera brasileira[2]. sua distribuição se dá também na Argentina, Uruguai e no Paraguai. Seu epiteto, involucrata, é atribuído à coroa de sépalas na extremidade dos frutos que sugerem seu invólucro.[3] A ocorrência da espécie se dá no Bioma Mata Atlantica, mais especificamente nos ecossistemas de Florestas Ómbrofila Densa, Estacional Semidecidual e Ombrófila Mista, podendo ser encontrada desde o estado do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul. Se desenvolve principalmente em áreas de sucessão secundária, e os climas que proporcionam melhor condição de desenvolvimento são os tropicais e subtropicais[4].

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCereja-do-rio-grande

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Plantae
Sub-reino: Viridiplantae
Infrarreino: Streptophyta
Superdivisão: Embryophyta
Divisão: Tracheophyta
Subdivisão: Spermatophytina
Classe: Magnoliopsida
Superordem: Rosanae
Ordem: Myrtales
Família: Myrtaceae
Gênero: Eugenia
Espécie: E. involucrata
Nome binomial
Eugenia involucrata
DC.
Sinônimos
Heterotípicos:
Homotípicos:
  • P. involucratus (DC.) O.Berg
  • Stenocalyx involucratus (DC.) Kausel

A espécie foi descrita pelo botânico suíço Augustin Pyrame de Candolle no ano de 1828.[5]

Morfologia

É uma espécie arbórea que pode atingir entre cinco a 15 metros de altura (Figura 3), seu tronco tem característica escamante e sua cor é alternada entre o cinza-amarronzado e o verde. O diâmetro do tronco é variável de acordo com a idade da planta, e os frutos se desenvolvem em ramos finos na ponta dos galhos[6] A folhagem é persistente, com folhas simples, glabras e opostas, medindo de 5 a 9 cm de comprimento por 2 a 3 cm de largura, com face superior verde-escuro e brilhosa. Apresenta caráter heliófilo, podendo ser utilizada nas fases iniciais da restauração de áreas degradadas ou em pomares comerciais.

Suas flores são hermafroditas e podem ser observadas em diferentes períodos de maturação em uma mesma inflorescência. As flores podem ocorrer isoladas ou em grupos nas axilas foliares, essas apresentam quatro pétalas brancas e cerca de 60 a 100 estames.

Sua floração é sazonal, e comumente o início da floração se dá na primavera, com todas as fases da floração concentradas no período de junho a setembro com picos nos períodos de menor precipitação. Já em Santa Catarina a floração se dá de setembro a novembro, e a maturação dos frutos se dá início de novembro podendo se estender até a segunda semana de dezembro, sendo que os eventos de frutificação ocorrem no início do período das chuvas[3].

A E. involucrata coincide com outras espécies de Eugenia (uniflora, florida, myrcianthes, etc) que também florescem no período de menor precipitação, frutificando no período de maior concentração de chuvas[7].

Biologia Reprodutiva

A E. involucrata é uma espécie autógama, e o principal agente de polinização são os insetos, com destaque para as abelhas, sendo que a visitação se dá principalmente nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. Outros insetos também contribuem para a polinização da espécie, entretanto, as abelhas são proeminentes.

Os estádios fenológicos reprodutivos foram determinados em nove fases, que correspondem: a) Indução floral, b) Botão floral, c) Início da abertura da flor, d) Antese, e) Curvatura dos estigmas e queda dos estames, f) Formação do fruto com queda das pétalas (Figura 5), g) Fruto maduro, h) Sementes, i) Ramos com frutos, respectivamente.

É interessante conhecer os estádios de desenvolvimento, pois essas características interferem na biologia das populações, com implicações diretas no fluxo gênico e na fauna associada que atua, polinizando, predando ou dispersando a espécie. Segundo Rego, et al (b), 2006, “O conhecimento dos padrões fenológicos pode ser usado para o entendimento da ecologia de ecossistemas.”

A dispersão das sementes se dá majoritariamente de forma zoocórica, principalmente através das aves, com especial destaque para o Turdus rufiventris (sabiá-laranjeira), embora também atraia Euphonia violácea (gaturamo), Pitangus sulfurathus (bem-te-vi), diversas espécies da família Fringillidae e do gênero Thraupis, etc.

Aspectos morfológicos e físico químicos dos frutos

Os frutos tem polpa comestível, agridoce, e suculenta. Tem comprimento médio de 2 a 4 cm, diâmetro médio entre 1,3 e 2,7 cm, com ocorrência média de duas sementes por fruto. Os frutos têm coloração negro-violácea característica (Figura 6), com diferença da época do início do desenvolvimento dependendo das condições climáticas e ambientais da região. A média de tempo para desenvolvimento dos frutos é de 43 dias[8].

Propagação da E. involucrata

A propagação da espécie é normalmente efetuada por via seminífera, entretanto quando utilizadas sementes essas devem ser imediatamente semeadas, pois a redução do teor de umidade reduz também a viabilidade das sementes, como demonstrado por Lorenzi (2002), onde as sementes armazenadas por mais de 30 dias apresentaram baixo poder germinativo[9], no trabalho de Alegretti, et al. (2015) a redução foi de 35%, e comparativamente observou-se menor redução do que os trabalhos de Maluf, et al (2003), e Pirola (2013), onde após 30 dias ocorreu redução de cerca de 60% e de 88% respectivamente.

A espécie também pode ser propagada de forma assexuada através de estaquia e enxertia, entretanto essas técnicas não apresentaram resultados satisfatórios de enraizamento e fixação[10]. Já Carvalho (2009) determina que a propagação da espécie se dá, além do método de semeadura, através de mergulhia, a qual requer especial cuidado, visto que a planta tem porte ereto o que dificulta o processo de dobrar os ramos até o solo para enterra-los. Nesse método o enraizamento leva cerca de seis meses, mas assim que enraíza e inicia o brotamento pode ser iniciada a separação da planta mãe. A técnica de propagação por alporquia, foi testada também, sem entretanto alcançar taxas adequadas de enraizamento, de modo que esse método não é recomendável nas condições do experimento realizado[11].

***Reprodução fiel da monografia de WAGNER, J. G 2017.

Sinonímia: Cerejeira, cerejeira-do-mato, cereja, cerejeira-da-terra, cereja-do-rio-grande.


Fontes

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Referências

  1. IUCN SSC Global Tree Specialist Group, Botanic Gardens Conservation International (BGCI) & Canteiro, C. (2018). Eugenia involucrata (em inglês). IUCN 2019. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2019​: 3.1. doi:https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2019-3.RLTS.T152946771A152946773.en Página visitada em 15 de agosto de 2021.
  2. «Flora do Brasil 2020». floradobrasil.jbrj.gov.br. Consultado em 15 de agosto de 2021 
  3. a b (CARVALHO, 2009), CARVALHO, P. E. R. Cerejeira Eugenia involucrata. Colombo, EMBRAPA-CNPF, 2009, 8p. (Comunicado Técnico, 224).
  4. (LISBÔA; KINNUP; BARROS, 2011), Lisboa, Gustavo, N.; Kinupp, Vanderley F. Barros, Ingrid B.I. Eugênia involucrata Cerejeira-do-rio-grande. In:Coradin, L., Siminski, A., Reis, A.(eds.). Capítulo 5: Grupos de Uso e as Espécies Prioritárias - Espécies Alimentícias Coradin, L., Siminski, A., Reis, A.(eds.). Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Sul.Brasília: MMA, p. 163-168, 2011.
  5. Tropicos (em identificadores taxonômicos)
  6. (DEGENHARDT; FRANZON; COSTA, 2007), DEGENHARDT, J.; FRAZON, R. C.;COSTA, R. R. da. Cerejeira-do-mato (Eugenia involucrata). Pelotas: Embrapa Clima Temperado. p. 1516-8840, 2007. (Documentos, 211),. p. 1516-8840, 2007.
  7. (REGO; LAVORANTI; ASSUMPÇÃO NETO, 2006), REGO, G. M.; LAVORANTI, O. J.; ASSUMPÇÃO NETO, A. Monitoramento dos estádios fenológicos reprodutivos da cerejeira-do-mato. EMBRAPA, Circular Técnica, Colombo, PR, dez. 2006.
  8. (LISBÔA; KINUPP; BARROS, 2011), Lisboa, Gustavo, N.; Kinupp, Vanderley F. Barros, Ingrid B.I. Eugênia involucrata Cerejeira-do-rio-grande. In:Coradin, L., Siminski, A., Reis, A.(eds.). Capítulo 5: Grupos de Uso e as Espécies Prioritárias - Espécies Alimentícias Coradin, L., Siminski, A., Reis, A.(eds.). Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial: Plantas para o Futuro - Região Sul.Brasília: MMA, p. 163-168, 2011
  9. (PIROLLA, 2013), PIROLLA, K. Caracterização fisiológica e conservação de sementes de oito fruteiras nativas do Bioma Floresta com Araucária. 2013. 129 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2013.
  10. (ALEGRETTI, et al, 2015), ALEGRETTI, A. L.; WAGNER, A. J.; BORTOLINI, A.; HOSSEL, C.; ZANELA, J.; CITADIN, I. Armazenamento de sementes de cerejas-do-mato (Eugenia involucrata) DC. submetidas ao recobrimento com biofilmes e embalagem a vácuo. Rev. Ceres vol.62 no.1 Viçosa Jan./Feb. 2015.; (LATTUADA; SOUZA; GONZATTO, 2010), LATTUADA, D.S.; SOUZA, P. V. de; GONZATTO, M. P. Enxertia herbácea em Myrtaceae nativas do Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Frutic. vol.32 no.4 Jaboticabal Dec. 2010 Epub Nov 19, 2010.
  11. (HOSSEL, et al, 2014), HOSSEL, C.; OLIVEIRA, J. S. M. A. de.; WAGNER JÚNIOR, A.; MOURA, J. C. de.; SILVA, M. da. Propagação da cerejeira do mato por alporquia. In: Encontro Sobre Pequenas Frutas e Frutos Nativos do Mercosul, VI, 2014 Pelotas. Resumos e Palestras, Brasília, EMBRAPA, 2014, p. 93.

Ligações externas

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