Chimilas

povo indígena da Colômbia

Chimilas ou ette ennaka ('gente propria')[5]​ é um povo originario aa Colômbia, que habita em dois Resguardos indígenas demarcados, o primeiro constituido em 1990 pelas áreas de Issa Oristunna (Terra da Nova Esperança),[6] e Ette Buteriya (Pensamento Próprio), no município de Sabanas de San Angel, departamento de Magdalena; o segundo constituido em 2021, Itti Takke (Nueva Tierra), no corregimento de Chimila, município de El Copey, departamento de Cesar,[7] e também, na comunidade Naara Kajmanta (Mãe Nossa), no corregimento de Gaira, Santa Marta, Magdalena. O 37,5% dos chimilas moram dispersos fora destes assentamentos.[8]

Chimilas
Ette ennaka
População total

1 701 (2018)[1]

Regiões com população significativa
 Colômbia:
Sabanas de San Angel 1 118[nota 1] [2]
El Copey 150 [3]
Santa Marta 119 [2]
Valledupar 72 [2]
Línguas
ette taara
Religiões
Religião étnica
  
55%
Catolicismo romano
  
40,5%
Protestantismo
  
4,5%
[4]
Grupos étnicos relacionados
Ika, Kogui, Barí

História editar

Até o século XVIII, o território Chimila estava compreendido entre o sopé da Sierra Nevada de Santa Marta, a ilha de Mompox e a Ciénaga de Zapatosa, a margem direita do rio Magdalena, o rio Ariguaní e o rio Cesar,[9] sendo seu vizinhos ao sudeste dos Yukpa; ao norte e noroeste o Ika, Koguis e Mocanás e ao sul o Pacabuye.

Durante o século XVIII, o território Chimila foi continuamente invadido pelos fazendeiros espanhóis, que acabaram por obrigar os indígenas a aceitarem ser reduzidos a povoados, no final desse século e no início do século XIX. Aproveitando a guerra de independência, os Chimila deixaram as aldeias e foram para a selva, principalmente na bacia do rio Ariguaní. A partir de 1920, patrões italianos tomaram o território Chimila e trabalhadores indígenas para explorar o bálsamo-de-tolu, mas ainda em 1944 foi possível encontrar chimilas desfrutando de sua vida tradicional em áreas de selva que serviam de refúgio para eles.[9][10]

Entre 1946 e 1960 os refugios Chimila foram atacados pelos proprietários de terras que incendiaram os assentamentos e instalaram outros habitantes como lavradores, sob o regime feudal do terraje. Em 1989, os Chimila foram atomizados trabalhando em fazendas na planície de Ariguaní entre Monte Rubio e El Difícil. A luta deles fez com que o Instituto Colombiano de Reforma Agrária extinguisse o domínio do latifundiário em um setor da fazenda La Sirena para estabelecer em 19 de novembro de 1990, o resguardo onde hoje vivem, à qual se agregou um terreno adquirido pela mesma entidade em a fazenda da Alemanha, em 2 de abril de 1992,[5][10] que os Chimila chamam de Ette Butterita.[11] A partir de 2005, o Instituto Colombiano de Desenvolvimento Rural adquiriu gradualmente outras fazendas para expandir o resguardo chimila e resolver o problema de escassez de terras.[11]

Entre 1996 e 2006 uma parte dos chimila sofreram o deslocamento interno que determinou a formação das comunidades de Itti Takke em El Copey, Diwana em Valledupar e de Naara Kajmanta em Santa Marta.

Hoje os Chimila vivem principalmente da agricultura e do trabalho assalariado nas fazendas de gado. Os sonhos parecem ser muito importantes para sua cultura.[12]

Notas

  1. Somando-se 875 de Issa Oristunna e 343 de Ette Buteriya

Referências

  1. DANE (2019). Población Indígena de Colombia (PDF). Censo 2018. Bogotá: Departamento Nacional de Estadística, 16 de setembro de 2019. Consultado em 28 de julho de 2020 
  2. a b c «Plan de Salvaguarda. Pueblo Ette Enanaka» (PDF). Bogotá: Ministerio del Interior. 2013. Consultado em 5 de dezembro de 2021 
  3. Vanegas, Juan Rincon (27 de abril de 2021). «La dura lucha de Teodolinda por la dignidad de su pueblo Chimila». El Pilón | Noticias de Valledupar, El Vallenato y el Caribe Colombiano. Consultado em 27 de julho de 2022 
  4. Project, Joshua. «Chimila in Colombia». joshuaproject.net (em inglês). Consultado em 27 de julho de 2022 
  5. a b Trillos Amaya, María 1997: Categorías gramaticales del ette taara - Lengua de los Chimilas. Bogotá: CCELA - Universidad de los Andes.
  6. Resolución 75 del 19 noviembre de 1990 de la Junta Directiva del Instituto Colombiano de la Reforma Agraria - Incora.
  7. Consejo Directivo de la Agencia nacional de Tierras (9 de novembro de 2021). «Acuerdo número 177 de 2021, por el cual se constituye el Resguardo Indígena Itti Takke, del pueblo Ette Ennaka». VIEX. Consultado em 5 de dezembro de 2021 
  8. «Plan de Salvaguarda. Pueblo Este Enanaka» (PDF). Bogotá: Ministerio del Interior. 2013. Consultado em 5 de dezembro de 2021 
  9. a b Uribe Tobón, Carlos Alberto 1987: "Chimila"; Introducción a la Colombia Amerindia: 51-62. Bogotá: Instituto Colombiano de Antropología. ISBN 958-612-051-1
  10. a b Rey Sinning, Edgar (1999) "Resistencia chimila: ni aniquilados, ni vencidos".
  11. a b Programa Presidencial de Derechos Humanos (2010) Diagnóstico de la situación del pueblo indígena Chimila-Ette Ennaka Bogotá: Colombia.
  12. Niño Vargas, Juan Camilo 2007: Ooyoriyasa. Cosmología e interpretación onírica entre los ette del norte de Colombia. Bogotá: Universidad de los Andes.