Comando de Libertação Nacional

Organização de origem guerrilheira brasileira composta basicamente por estudantes universitários mineiros, que lutou contra o regime militar brasileiro instalado em 1964

Comando de Libertação Nacional (COLINA) foi uma organização de origem guerrilheira brasileira de extrema-esquerda, composta basicamente por estudantes universitários mineiros, que lutou contra a ditadura civil-militar brasileira instalada em 1964, e que por meio da luta armada e de focos de guerrilha urbana e rural tinha a pretensão de reestabelecer as ordens democráticas ao país. Teve origem em 1967 no estado de Minas Gerais a partir da fusão com outra organização de esquerda, POLOP, abraçando as ideias defendidas pela OLAS, executando, desde 1968, ações armadas urbanas para levantamento de recursos para guerrilha no campo.[1] No COLINA havia a participação da ex-presidenta brasileira Dilma Rousseff, [2] além de cinco sargentos do exército: João Lucas Alves, Severino Viana Colon, Valdivo de Almeida, José Alves da Silva e Roil de Noronha Soares.[3] A partir de 1969, quando teve vários de seus militantes presos, ela deu origem à VAR-Palmares, com o apoio de ex-membros da VPR.

O COLINA ficou conhecido por se envolver em uma tentativa de assassinato do boliviano Gary Prado, divulgado como o oficial que teria capturado e executado o líder da revolução cubana Che Guevara na Bolívia a mando do então Presidente da Bolívia René Barrientos. Em 1 de julho de 1968, três integrantes da organização, João Lucas Alves, Severino Viana Colon e José Roberto Monteiro assassinaram a tiros um oficial no bairro da Gávea, acreditando ser o oficial boliviano, quando na verdade se tratava de um major do exército alemão e ex-combatente do exército nazista na 2ª Guerra Mundial, Edward Ernest Tito Otto Maximilian von Westernhagen.[4] Amílcar Baiardi era o responsável por redigir o documento onde o COLINA assumiria o atentado caso os guerrilheiros não retornassem da missão com vida. Diante do equívoco, a organização não assumiu a autoria do atentado. Já em novembro daquele ano, João Lucas foi preso e torturado até a morte. Três meses mais tarde, foi a vez de Severino, que foi encontrado morto em sua cela sob alegação de suicídio. Valdivo de Almeida foi preso em 1970 e solto anos mais tarde.

Em caso de tortura, o grupo seguia seu manual, chamado "Comportamento do companheiro em caso de cair preso", que dizia, entre outras coisas:

"[...] Dar abundantes dados falsos, porém coerentes, que permitam ganhar tempo, para que os companheiros fujam [...] Em caso de tortura - deve-se analisar rapidamente a situação para decidir as atitudes a tomar. Continua válido falar bastante em torno de dados falsos. Se a tortura insuportável, deve-se buscar uma maneira de ser ferido ou desfalecido, pois o tempo é fundamental. [...] Toda declaração obtida em tortura pode ser negada em juízo, o que deve ser feito em interrogatório prestado ao juiz."[3]

Em janeiro de 1969, a polícia civil de Minas Gerais, ao empreender uma busca em uma "aparelho" da organização, travou um forte tiroteio com os militantes que ocasionou a morte de dois policiais civis, desbaratando o grupo e prendendo suas lideranças. Um dos seus dirigentes, Murilo Pezzuti, foi preso-cobaia em aulas de tortura na Vila Militar do Rio de Janeiro no mesmo ano.[5]

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Referências