Contrato de comunicação

O contrato de comunicação pode ser entendido como um contrato no qual são reconhecidas as condições de concretização das trocas linguageiras.[1] De acordo com Patrick Charaudeau, o que impera no contrato de comunicação é um acordo tácito, no qual os envolvidos sabem como devem agir em determinada situação sem precisar ler determinadas regras ou escutar conselhos de alguém. Um exemplo seria a sala de aula, onde os alunos sabem que devem respeitar e ouvir o professor e este deve assumir uma postura que o distingue dos seus alunos. Contudo, o contrato de comunicação é sempre atualizado, dependendo das situações vividas e pode ser ou não aceito [2]. Para entender por onde passa o contrato de comunicação é importante compreender que a base deste contrato está fincada no dialogismo, proposto por Mikhail Bakhtin. Segundo o autor, a enunciação é o resultado da interação de dois sujeitos inseridos num contexto social organizado[3] As características da troca linguageira são divididos por Charaudeau em dados externos[nota 1] e dados internos.[nota 2]. Estas características se subdividem ainda em outras categorias.

Características do ato de comunicação editar

Dados Externos editar

Condição de Identidade editar

Quem são os sujeitos inseridos na conversa? Esta resposta é importante para entender como que a troca linguageira irá acontecer.

Condição de finalidade editar

Todo ato de linguagem acontece motivado por algo e esta motivação é que também irá guiar a conversa

Condição de propósito editar

Qual o tema da conversa, do que se trata?

Condição de dispositivo editar

Onde ocorre o ato de comunicação? Dependo da resposta a conversa pode acontecer de maneiras diferentes

Dados internos editar

Espaço de locução editar

Mostra quem é o sujeito que fala no ato de comunicação. Ao mesmo tempo, ele deve mostrar-se para o destinatário ou interlocutor da fala

Espaço de relação editar

É como irá acontecer a relação entre os sujeitos envolvidos no ato de comunicação: aliança, exclusão, agressão ou de conivência

Espaço de tematização editar

Como o discurso será organizado. Sob qual tema ou domínio do saber ele será acontecer

Notas

  1. "São constituídos pelas regularidades comportamentais dos indivíduos que aí efetuam trocas e pelas constantes que caracterizam esses trocas e que permaneceram estáveis por um determinado período" [4]
  2. "São aqueles propriamente discursivos, os que permitem responder à pergunta do "como dizer?""[5]

Referências

  1. CHARAUDEAU, Patrick. O Discurso das mídias. Tradução de A. Corrêa. São Paulo: Contexto, p. 68, 2006.
  2. CHARAUDEAU, Patrick. O Discurso das mídias. Tradução de A. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2006
  3. BAKHTIN, Mikhail. A interação verbal. In: Marxismo e filosofia da linguagem. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes,1997. p.112
  4. CHARAUDEAU, Patrick. O Discurso das mídias. Tradução de A. Corrêa. São Paulo: Contexto,p.68, 2006
  5. CHARAUDEAU, Patrick. O Discurso das mídias. Tradução de A. Corrêa. São Paulo: Contexto,p.70, 2006

Ver também editar

Bibliografia editar

  • BAKHTIN, Mikhail. A interação verbal. In: Marxismo e filosofia da linguagem. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997
  • CHARAUDEAU, Patrick. O Discurso das mídias. Tradução de A. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2006.
  • CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso: modos de organização. Coordenação da equipe de tradução: Ângela M. S. Corrêa & Ida Lúcia Machado. São Paulo: Contexto, 2008.
  • MAINGUENEAU, Dominique. Análise de Textos de Comunicação. São Paulo: Cortez, 2005