Crônica dos Imperadores

A Crônica dos Imperadores (em alemão: Kaiserchronik) é uma crônica de imperadores do século XII, escrita em 17 283 linhas de verso alto-alemão médio.[1][2] Nela consta uma história que percorre do período de Júlio César até Conrado III (r. 1138–1152), e procura dar um relato completo da história dos reis e imperadores romanos e germânicos, baseado em uma visão historiográfica da continuidade das sucessões romanas e germânicas. O padrão geral é de uma progressão do mundo pagão ao cristão, e disputas teológicas situam-se nos momentos decisivos da cristianização do império.[3] Contudo, muito do material é lendário e fantástico, sugerindo que grandes seções foram compiladas de trabalhos anteriores, principalmente biografias mais curtas da vida de santos.[4]

Fol. 109a dum manuscrito da Crônica dos Imperadores

A crônica foi escrita em Ratisbona em algum momento após 1146. O poeta (ou ao menos o compilador final) foi presumivelmente um clérigo em serviço secular, um partidário dos guelfos. Contudo, a visão que foi escrito por Conrado, o Padre, autor da A Canção de Rolando, foi desacreditada. Dentre as fontes conhecidos está a Crônica de Wirzeburgo, a Crônica de Eceardo de Aura e a Canção de Anno; a relação com a Canção de Anno recebeu especial atenção dos estudiosos, com as teorias sobre uma predileção da Crônica dos Imperadores ou uma fonte comum sendo gradualmente descartadas.[5]

A julgar pelo grande número de manuscritos (12 completos e 17 parciais), deve ter sido muito popular, e foi continuada duas vezes no século XIII: a primeira adição, a "continuação bavária", compreende 800 versos, enquanto a segunda, a "continuação suábia", que levou o poema para o Interregno (r. 1254–1273), consiste em 483 linhas. A Crônica dos Imperadores por sua vez foi usada como uma importante fonte para outras crônicas em verso do século XIII, notadamente aquela de Jans der Enikel.

A crônica foi publicado pela primeira vez integralmente em 1849-1854 por Hans Ferdinand Massmann,[6] cujo trabalho foi descrito como uma "editionsphilologischer Amoklauf" (um editor filológico correndo solto),[7] embora faz presente uma impressionante coleção de análogos. A única edição crítica é aquela de Edward Schröder.[8] Há também uma edição de sala de aula de excertos com tradução paralela em inglês.[9] Um projeto para produzir uma nova edição integral com tradução paralela em inglês e ao mesmo tempo colocando todos os manuscritos digitalizados online foi anunciada pela Universidade de Londres em dezembro de 2012.

Referências

Bibliografia

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  • Dunphy, Graeme (2009). «On the Function of the Disputations in the Kaiserchronik». The Medieval Chronicle. 5 
  • Herweg, Mathias; Ludwigslied, De Heinrico (2002). Annolied: Die deutschen Zeitdichtungen des frühen Mittelalters im Spiegel ihrer wissenschaftlichen Rezeption und Erforschung. Wiesbaden: Reichert 
  • Massmann, H. F. (1849–1854). Der keiser und der kunige buoch, oder die sogenannte Kaiserchronik, Gedicht des 12. Jahrhunderts in 18578 Reimzeilen. 3 vols. Quedlimburgo: [s.n.] 
  • Müller, Stephan (1999). Vom Annolied zur Kaiserchronik: Zur Text- und Forschungsgeschichte einer verlorenen deutschen Reimchronik. Heidelberga: Carl Winter 
  • Nellmann, Eberhard (1991). «Kaiserchronik». Lexikon des Mittelalters. 5. [S.l.: s.n.] 
  • Ohly, Friedrich (1940). Sage und Legende in der Kaiserchronik. [S.l.: s.n.] 
  • Schröder, E. (1984). Monumenta Germaniae historica. Deutsche Chroniken; I,i. Die Kaiserchronik eines Regensburger Geistlichen. Hanôver: Hahnsche Buchhandlung 
  • Schultz, James A. (2000). Sovereignty and Salvation in the Vernacular, 1050-1150. Das Ezzolied, Das Annolied, Die Kaiserchronik vv. 247-667, Das Lob Salomons, Historia Judith. (= Medieval German Texts in Bilingual Editions vol. 1). Kalamazoo MI: Western Michigan University Press 
  • Shaw, Frank (2010). «Kaiserchronik». Encyclopedia of the Medieval Chronicle. [S.l.: s.n.]