Cria ensacada brasileira

A cria ensacada brasileira (CEB) também conhecida como Mal do Barbatimão ou Mal de outono é uma doença que afeta as larvas de abelhas melíferas [1] e ocorre apenas no Brasil. A doença foi descoberta na década de 90 [1] [2]. A princípio ela foi confundida com a cria ensacada causada pela ação do vírus SBV por apresentar os mesmos sintomas. Inclusive o nome cria ensacada brasileira é chamada dessa forma juntamente por apresentar essa semelhança. No entanto as amostras das colmeias doentes não possuíam o vírus, ao invés disso foram encontradas toxinas presentes no pólen [1] [2] [3]. Os pesquisadores então descobriram que quando as abelhas nutrizes alimentavam as crias com o pólen tóxico ocorria a interrupção do desenvolvimento e a morte antes das abelhas chegarem a fase de pupa.

As principais plantas que produzem pólen tóxico para as abelhas responsáveis pelos sintomas da Cria Ensacada são o Stryphnodendron adstringens, Stryphnodendron poplyphyllum conhecidas popularmente como barbatimão e Dimorphandra mollis conhecida como barbatimão-falso [4] [5] [6] [7]. São árvores nativas do bioma cerrado presentes em vários estados brasileiros. Costumam florescer nos meses de setembro a dezembro [7,9]. Justamente quando os sintomas da doença começam a surgir. Por isso a doença também é chamada de mal do barbatimão e mal do outono.

Em alguns casos, pode provocar 100% de mortalidade de crias, chegando a destruir uma colônia forte em menos de dois meses [8]. A maioria dos relatos são para colmeias de Apis mellifera, mas já existem estudos da toxidade da planta para abelhas sem ferrão [8], sendo ainda desconhecidos os efeitos sobre abelhas solitárias.

Sintomas editar

  • Favos com falhas e opérculos geralmente perfurados ou removidos.[2] [9]
  • Ocorre a formação de líquido entre a epiderme da larva e da pupa em formação.[2] [9]
  • A morte ocorre na fase de pré-pupa.[2] [9]
  • Não apresenta cheiro pútrido.[2] [9]
  • A cor do corpo da cria muda para amarelo e depois de morrer se torna marrom escuro, ou cinza. A cabeça e as regiões torácicas escurecem primeiro.[2] [9]
  • Quando a cria doente é retirada do alvéolo com o auxílio de uma pinça, apresenta formato de saco, ficando o líquido acumulado na parte inferior.[2] [9]

Prevenção e Tratamento editar

  • O tratamento indicado é o fornecimento de alimentação artificial a base de mistura proteica para a substituição do pólen. O alimento deve ser fornecido 30 dias antes do início da floração do Barbatimão que geralmente ocorre no período da seca.[3] [9]
  • É recomendado também evitar a instalação de apiários em locais de incidência do Barbatimão, lembrando que não se deve cortar essa árvore pois é crime ambiental.[3] [9]

Referências

  1. a b c CARVALHO, A. C. P. Efeito do pólen de Stryphnodendron polyphyllum na doença Cria Ensacada Brasileira em Apis mellifera L. 1758 (Africanizadas) (Hymenoptera: Apidae). 1998. 66 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 1998.
  2. a b c d e f g h CARVALHO, A. C. P.; MESSAGE, D. A scientific note on the toxic pollen of Stryphnodendron polyphyllum (Fabaceae, Mimosoideae) wich causes sacbrood-like symptoms. Apidologie, v. 35, p. 89-90, 2004.
  3. a b c CASTAGNINO, G. L. B. Efeito do fornecimento de substituto de pólen na redução da mortalidade de Apis mellifera L., causada pela Cria Ensacada Brasileira. 2002. 63 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2002.
  4. CINTRA, P.; MALASPINA, O.; BUENO, O. C. Toxicity of barbatimao to Apis mellifera and Scaptotrigona postica, under laboratory conditions. Journal of Apicultural Research, v. 42, n. 1-2, p. 9-12, 2003
  5. CINTRA, PRISCILA et al. Oral toxicity of chemical substances found in Dimorphandra mollis (Caesalpiniaceae) against honeybees (Apis mellifera) (Hymenoptera: Apidae). Sociobiology, v. 45, n. 1, p. 141-149, 2005.
  6. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, v.2, 2.ed. São Paulo: Instituto Plantarum, 2002b, 368p
  7. MARTINS, E.M.O. 1980. Distribuição geográfica do gênero Stryphnodendron com descrição de nova espécie (Leg., Mim). Rev. Brasil., 40:729-732.
  8. CINTRA, P., MALASPINA, O., & BUENO, O. C. (2003). Toxicity of barbatimão to Apis mellifera and Scaptotrigona postica, under laboratory conditions. Journal of Apicultural Research, 42(1-2), 9–12. doi:10.1080/00218839.2003.11101079
  9. a b c d e f g h LOPES, M.T.R. et al. Doenças e Inimigos Naturais das Abelhas. 1. Ed. Teresina: Embrapa, 2004. 26 p.