Cristalografia

estudo de cristais

A cristalografia é a ciência experimental que tem como objeto de estudo a disposição dos átomos em sólidos.

Um sólido cristalino: imagem de resolução atômica de um titanato de estrôncio. Os átomos mais brilhantes são do elemento Sr, as mais escuras de Ti.

É também a ciência experimental que estuda o cristal, ou cristais.

  • Cristal: a maioria dos cristalígrafos hoje, usa o termo cristal referindo-se a qualquer sólido com estrutura interna ordenada, possua ele ou não faces externas. Podemos assim idealizar em um conceito mais amplo de cristal como: um sólido homogêneo possuindo ordem interna tridimensional que, sob condições favoráveis, pode manifestar-se externamente por superfícies limitante, planas e lisas.

O termo cristal pode ser usado em seu sentido mais amplo com modificadores indicando perfeição de desenvolvimento. Sendo assim são classificados em:

  1. Euédrico (ou Idiomórfico): possui faces bem formadas.
  2. Subédrico (Hipidiomórfico ou Subdiomórficos): possui faces imperfeitamente formadas.
  3. Anédrico (Xenomórfico ou informe): não possui faces.

Embora a maioria das substâncias, tanto naturais como sintéticas sejam cristalinas, a algumas delas falta qualquer estrutura interna ordenada. Diz-se que tais substâncias são amorfas. As substâncias amorfas de ocorrência natural, recebem o nome de mineralóides.

História editar

A cristalografia é uma ciência relativamente recente. Foi René Just Haüy, que viveu nos finais do século XVIII, princípios do século XIX, quem conseguiu que a cristalografia se tornasse uma ciência matemática exata, a partir da classificação de cristais de determinadas formas. Christian Westfeld (1746-1823) definiu o conceito de célula unitária. Christian Weiss (1780-1856) classificou os cristais nos diferentes sistemas cristalográficos que são atualmente utilizados e em 1848, Auguste Bravais (1811-1863) demonstrou que existem apenas 14 maneiras diferentes de preencher todo o espaço com unidades que se repetem e que não deixem vazios ou sobreposições, essas unidades são conhecidas como redes de Bravais.

A cristalografia moderna tem por objetivo essencialmente o conhecimento da estrutura dos materiais a nível atômico, independentemente do seu estado físico e de sua origem, e das relações entre essa estrutura e suas propriedades. Esta definição foi se estabelecendo a partir de 1911, quando a primeira experiência de difração de raios-X foi realizada no laboratório de Max von Laue tendo como resultado duas descobertas fundamentais: a natureza eletromagnética dos raios-X e a natureza descontínua da matéria. Estabeleceu-se, desta forma, o fato de todos os materiais serem constituídos por átomos e/ou moléculas que, nos cristais, apresentam distribuição periódica tridimensional definindo uma rede tridimensional de difração para raios-X de comprimento de onda da ordem de 1Å, o retículo cristalino.

Entretanto, materiais que apresentam ordem apenas bi ou monodimensional apresentam padrões de difração típicos e podem ser analisados por técnicas difratométricas. Finalmente, partículas de dimensões adequadas, dispersas em um meio de densidade eletrônica diferente, apresentam efeitos de espalhamento que podem ser observados utilizando-se a técnica de espalhamento de raios-X a baixo ângulo, usualmente conhecida por sua sigla SAXS. Nêutrons ou elétrons, com comprimento de onda associado adequado, também são utilizados com a finalidade de caracterização estrutural de materiais.

Para marcar o centenário da cristalografia moderna, foi celebrado em 2014 o Ano Internacional da Cristalografia por decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas.[1]

Cristalografia antes da técnica de difração de raios X editar

Antes do uso de técnicas de difração de raios X a cristalografia estudava os cristais baseando-se nas suas propriedades geométricas, isto é, sua simetria e sua regularidade.

Cristalografia de raios X editar

A técnica de difração de raios X serve não apenas para determinar a estrutura dos cristais, que foi sua principal utilização no início, mas também para vários outros objetivos como análise química de amostras, determinação da orientação cristalina (ver índice de Miller) e estudar o equilíbrio de fases.

A cristalografia de raios X também tem várias aplicações em outras áreas como biologia, medicina e engenharia.

Outras técnicas de cristalografia editar

Outras técnicas foram desenvolvidas para se estudar outras características dos materiais que não podiam ser estudadas com os raios X, as principais são a difração de elétrons e a difração de nêutrons:

  • Difração de elétrons: os elétrons se diferenciam dos raios-x por terem um poder de penetração menor e terem carga elétrica não nula. Ideal para estudar as propriedades das superfícies dos materiais;
  • Difração de nêutrons: os nêutrons possuem um pequeno momento magnético, e alto poder de penetração. Ideal para se estudar as propriedades magnéticas da matéria e determinar a posição de átomos leves numa estrutura, principalmente os átomos de hidrogênio.

Aplicações em várias áreas editar

  • Cristalografia de proteínas: A cristalografia de proteínas consiste em transformar as proteínas em cristais e usar técnicas cristalográficas para determinar a estrutura das proteínas. É extremamente importante para a farmacologia, medicina e biologia (ver Protein Data Bank, PDB) e é uma das principais utilidades do LNLS em Campinas, SP.

Ver também editar

Referências

  1. «International Year of Crystallography» (em inglês). United Nations General Assembly. Consultado em 26 de agosto de 2012 
 
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