Curador ferido é um termo criado pelo psicólogo Carl Jung. A ideia informa que um terapeuta é compelido a tratar os pacientes porque ele mesmo está "ferido". A ideia pode ter origem na mitologia grega. Pesquisas tem mostrado que 73.9% dos conselheiros e psicoterapeutas experimentaram uma ou mais experiências de feridas internas que os levaram à sua escolha de carreira.

Como exemplo do "fenômeno curador ferido" entre um terapeuta e seu/sua paciente:

  • O terapeuta está consciente de suas próprias feridas pessoais. Estas feridas podem ser ativadas em certas situações, especialmente se as feridas do paciente são similares às suas próprias.[1]
  • As feridas tratadas afetam as feridas do terapeuta. O terapeuta consciente ou inconscientemente transmite esta consciência para seu paciente, causando um relacionamento inconsciente entre terapeuta e paciente.[2]

Pesquisa

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Existem vários estudos que tratam do conceito do curador ferido, os mais notáveis são da psicoterapeuta britânica Alison Barr, que estudou o significado das feridas psicológicas em pessoas que decidem se tornar conselheiras ou psicoterapeutas.[3] Barr usou uma abordagem pluralista na sua pesquisa, com dados quantitativos analisados através do uso de estatísticas descritivas e inferenciais, e dados qualitativos usando a análise temática, com a abordagem da Teoria Fundamentada nos Dados. Um questionário online foi conduzido com 253 pessoas. Estudos piloto e de verificação foram realizados, e as oportunidades de futuras pesquisas foram ressaltadas.

Os resultados da pesquisa de Barr mostraram que 73.9% dos conselheiros e psicoterapeutas experimentaram uma ou mais experiências de feridas internas que levaram à escolha da carreira. Ela também notou o seguinte:

  • Em relação ao significado do(s) evento(s) na escolha da carreira, quando unindo as categorias "provavelmente escolheria a carreira sem relação como evento" com "possivelmente escolheria a carreira sem relação com o evento", e  "improvável escolha sem a relação com o evento" com ‘não consideraria a carreira de outra forma", há uma leve maioria desta última em relação à primeira. Não há diferenças significativas em relação a fatores demográficos.
  • Em relação a se uma ou mais experiências psicologicamente prejudiciais levaram à escolha de uma carreira como terapeuta, há uma diferença significativa entre designação, gênero, agrupamento de gênero e etnia e agrupamento de gênero e idade. Não há diferenças significativas entre abordagem, etnia ou idade.
  • A maioria das feridas foram causadas por eventos experimentados diretamente pelos respondedores (65%) em contraste com experiência indireta ou ambas. Dentro dos fatores demográficos, as causas das experiências feridas que levaram à escolha da carreira não são estatisticamente relevantes.
  • As causas exatas das feridas variam enormemente. As categorias principais são abuso, vida familiar enquanto criança, problemas de saúde mental própria, vida social e familiar como adulto, perdas, problemas de saúde mental de outros, ameaça de vida, problemas de saúde física de outros, problemas de saúde física próprias, e outros.
  • Há muitas implicações para o futuro do mundo terapêutico, focadas principalmente no treinamento e supervisão. 

A ideia do curador ferido tem se expandido desde então e inclui o estudo de qualquer curador profissional que tem sido ferido, incluindo conselheiros, psicoterapeutas, médicos e enfermeiros.

A ferida de Jung

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Pesquisadores sugerem que as vulnerabilidades da infância de Jung o inclinaram a curar sua própria vida.[4] Jung afirmou que "certos distúrbios psíquicos podem ser extremamente infecciosos se o próprio médico possuir uma predisposição latente naquela direção"... Por esta razão ele corre um risco - e deve corrê-lo na natureza das coisas".[5] Depois afirmou que "não é perda, tampouco, se (o analista) sente que o paciente o está atingindo, ou mesmo se aproveitando dele: é a própria ferida que dá a medida da sua força de cura".[6]

Os Junguianos afirmam que as próprias feridas de Jung poderiam causar danos àqueles que ele estava tentando curar.[7]

Veja também

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References

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  1. This can be the basis of countertransference.
  2. C.G. Jung "The Psychology of the Transference", The Practice of Psychotherapy (CW 16), par. 422
  3. Barr, A. (2006).
  4. Smith, p. 2
  5. C. G. Jung, The Practice of Psychotherapy (London 1993) p. 172
  6. Jung quoted in Stevens, p. 110
  7. Mary Ann Mattoon, Personal and Archetypal Dynamics in the Analytical Relationship (1991) p. 486