Debates Lincoln–Douglas
Os debates Lincoln–Douglas foram uma série de sete debates, no ano de 1858, entre dois candidatos a uma vaga no Senado dos Estados Unidos pelo estado de Illinois: o ex-deputado Abraham Lincoln, candidato republicano, e o senador Stephen Douglas, candidato democrata que tentava a re-eleição. Os debates trouxeram à tona assuntos que seriam revisitados na campanha presidencial de 1860 nos EUA. O principal assunto em discussão foi a escravidão, e especificamente a sua expansão nos novos territórios dos EUA.
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Houve sete debates, um em cada distrito do estado de Illinois que ainda não havia sido visitado pelos candidatos. Os debates foram reproduzidos nos jornais de todo o país, e deram fama a Abraham Lincoln, que seria eleito em 1860 para a presidência dos EUA.
Em seu Discurso da Casa Dividida, Lincoln havia alertado contra a divisão dos EUA entre estados escravocratas, no sul, e livres, no norte. Douglas, por sua vez, foi o autor do Ato de Kansas-Nebraska, que encerrou o Compromisso do Missouri e abriu caminho para a adoção da escravatura em territórios a norte do paralelo 36°30'. Nos debates Lincoln–Douglas, o republicano defendeu que as garantias expressas na Declaração de Independência pelos Pais Fundadores eram válidas também para pessoas negras, enquanto Douglas preferia que a extensão de direitos aos negros fosse decidida pela soberania popular, sendo uma escolha da população de cada estado. Lincoln condenava a expansão da "monstruosa injustiça da escravidão" para os novos territórios dos Estados Unidos. Para ele, a escravidão deveria ser vista como um mal, e impedida de crescer.[1]
Douglas acusou Lincoln de ser um abolicionista e de ter procurado uma aliança com o ex-escravo Frederick Douglas. Nos debates, porém, Lincoln não defendeu o fim imediato da escravidão em todo o país nem a igualdade racial absoluta. Ele disse, no debate em Charleston:
“ | Eu não sou, nem jamais fui, favorável à igualdade social e política das raças branca e negra, nem fui favorável a fazer dos negros jurados ou eleitores, nem permitir que ocupem cargos públicos, nem permitir que se casem com brancos; e eu vou dizer adicionalmente que existe uma diferença física entre as raças branca e negra que, eu creio, vai impedir para sempre que as duas raças vivam juntas em termos de igualdade social e política. E na extensão em que elas não possam viver assim, enquanto elas permanecerem juntas deverá haver uma posição superior e uma inferior, e como qualquer outro homem, eu defendo que a posição superior seja concedida à raça branca. Eu digo nesta ocasião que eu não penso que, porque o homem branco deve ter a posição superior, o homem negro deve ser proibido de tudo. Eu não penso que, porque eu não quero ter uma mulher negra como escrava, eu necessariamente devo tê-la como esposa. Eu penso que eu posso apenas deixá-la sozinha.[2] | ” |
Douglas viria a vencer as eleições para o Senado por Illinois, mas sua postura, especialmente em virtude de seu pronunciamento na cidade de Freeport, conhecido como a Doutrina Freeport, dividiu o eleitorado democrata no sul dos EUA, abrindo caminho para a vitória de Lincoln nas eleições presidenciais de 1860.
Referências
- ↑ No primeiro debate, na cidade Ottawa, em 21 de agosto de 1858, Lincoln advogou, sobre a escravidão, que fosse posta em "the position in which our fathers originally placed it-restricting it from the new Territories where it had not gone." Em 27 de fevereiro de 1860, no discurso à Cooper Union, Lincoln reafirmou essa opinião de forma mais incisiva.
- ↑ Pronunciamento de Lincoln em 18 de setembro de 1858.