Discussão:Charneca em Flor
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Charneca em Flor
Enche meu peito, num encanto mago/ O frémito das coisas dolorosas.../ Sob as urzes queimadas nascem rosas.../ Nos meus olhos lágrimas apago.../
Anseio! Asas abertas! O que trago/ Em mim? Eu oiço bocas silenciosas/ Murmurar-me palavras misteriosas/ Que perturbam meu ser como um afago!/
E, nesta febre ansiosa que me invade,/ Dispo a minha mortalha, o meu borel,/ E já não sou, Amor, Soror Saudade.../
Olhos a arder em êxtases de amor,/ Boca a saber a sol, a fruto, a mel:/ Sou a charneca rude a abrir em flor!
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Tal como tinha feito no seu primeiro livro, neste também Florbela se tenta descrever e se encontrar. É neste livro de sonetos que se encontram os mais romanticos, mas também os mais desesperados e angústiados. No soneto "Versos de Orgulho" há uma tentativa ao longo deste de se superiorizar, justificando esta ascensão logo no primeiro verso "O mundo quer-me mal porque ninguém(...)". Na realidade, Florbela tinha essa precepção de que era especial e mais avançada que os outros,nem por isso foi compreendida. Mistura os seus pensamentos e a paisagem com os seus sentimentos, "Via Láctea fechando o infinito" (Versos de orgulho).
O erotismo, tão anunciado quandos e estuda uma obra de Florbela, está presente nos seguintes sonetos.
IMPORTANTE: Raros são os versos em que ela descreve directamente este erotismo! Para compreendermo-lo, temos que para além de ter um espiríto muito aberto, temos também que ir mais além "mais alto", como ela o dizia.
.: Se tu viesses ver-me... :. (exerctos)
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... Quando a noite de manso se avizinha,/ E me prendesses toda nos teus braços.../
Quando me lembra: esse sabor que tinha/ A tua boca... o eco dos teus passos.../ O teu riso de fonte... os teus abraços.../ Os teus beijos... a tua mão na minha.../
Se tu viesses ver-me quando, linda e louca,/ Traça as linhas dulcíssimas dum beijo/ ... ... ... ... ... ... ... ... ...
... ... ... ... ... ... ... ... ... Quando os meu olhos se cerram de desejo.../ E os meus braços se estendem para ti...
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"A nossa casa" (somente o último terceto)
Num país de ilusão que nunca vi.../ E que eu moro - tão bom! - dentro de ti!/ E tu, ó meu Amor, dentro de mim...
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"Volúpia" (somente o último terceto)
E do meu corpo os leves arabescos/ Vão-te envolvendo em círculos dantescos/ Felinamente, em voluptuosas danças...
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IV (primeiro terceto)
Prende-me toda, Amor, prende-me bem!/ Que vês tu em redor? Não há ninguém!/~ A Terra? - Um astro morto que flutua...
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Filtro (segunda quadra)
... ... ... ... ... ... ... ... E as minhas mãos, abertas a diamante,/~ Hão-de crucificar-se nos espinhos/ Quando o meu peito for o teu mirante!
Podemos com este excertos verificar o desejo que Florbela tinha, aliado á ilusão e á não corresponência do amor, que levou á sua infinita insatisfação! "Um homem? - Quando eu sonho o amor de um Deus!"
Maya Ogwara - Sexta-Feira 24 Março 2006 - 16:17