Ditongo é o nome que se dá à combinação de um som vocálico com um som semivocálico emitidos num só esforço de voz. O ditongo diferencia-se do hiato pelo fato de este último ser constituído por duas vogais e não ser pronunciado na mesma sílaba.[1]

Classificação dos Ditongos

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Os ditongos podem ser classificados, quanto à posição da semivogal em relação à vogal, em crescentes ou decrescentes. Em relação ao uso ou não da cavidade nasal, podem ser classificados em orais ou nasais. E os ditongos orais, por sua vez, podem ser classificados em abertos ou fechados [2].

Quando a vogal vem antes da semivogal, o ditongo é classificado como ditongo decrescente[3]. Exemplos:

  • leite /ˈlej.ti/ (PB) /ˈlɐj.tɨ/ (PE)
  • cai /ˈcaj/
  • dói /ˈdɔj/
  • foi /ˈfoj/
  • cuidado /cuj.ˈda.du/
  • viu /ˈviw/
  • meu /ˈmew/
  • céu /ˈcɛw/
  • mau /ˈmaw/
  • sou /ˈsow/ (em muitos dialetos não é pronunciado como ditongo, mas sim como uma vogal: /ˈso/)

Em muitos dialetos brasileiros, devido à Vocalização do fonema /l/ em fim de sílaba, também são considerados ditongos decrescentes os seguintes casos. Ex.:

  • funil /fu.ˈniw/
  • feltro /few.tɾu/
  • mel /ˈmɛw/
  • mal /ˈmaw/
  • Sol /ˈsɔw/
  • soldado /sow.ˈda.du/
  • azul /aˈzuw/

E quando a semivogal vem antes da vogal, o ditongo é chamado de ditongo crescente[3].

Os ditongos serão denominados orais quando a passagem de ar é feita exclusivamente pela boca. E serão denominados ditongos nasais quando a passagem de ar é feita tanto pelo nariz quanto pela boca.

Exemplos de ditongos nasais:

  • mãe /ˈmɐ̃j/
  • põe /ˈpõj/
  • não /ˈnɐ̃w/

Segundo as convenções da língua portuguesa apenas são considerados ditongos estáveis os ditongos cujo primeiro elemento é a semivogal /w/, e quando estão precedidos dos sons /k/ ou /ɡ/. Ex.:

  • aguardar /aɡwaʀˈdaʀ/ (PB) /ɐɡɾˈdaɾ/ (PE)
  • igual /iˈɡwaw/ (PB) /iˈɡwal/
  • quase /ˈkwazi/ (PB) /ˈkwazɨ/ (PE)
  • quanto /ˈkwɐ̃tu/

Os outros casos que na escrita costumam estar representados por «i» + vogal ou «u» mais vogal (ou, no português europeu, «e» + vogal ou «o» + vogal), costumam ser considerados como hiatos.

No caso de ditongos formados por u + i antecedidos de g ou q, a escrita não permite saber se se trata de um ditongo crescente ou de um decrescente, podendo haver uma ambiguidade. Por exemplo, a 3ª pessoa do presente do verbo arguir, (ele) argui (outrora escrita argúi, com ditongo decrescente), é escrita de forma idêntica à 1ª pessoa do pretérito perfeito, (eu) argui (outrora argüi, com ditongo crescente). Esta última forma só pode levar acento (arguí) se, em vez de ditongo, houver hiato entre o U e o I, porque as regras ortográficas estabelecem que nesses casos o I só leva acento se não formar ditongo com a vogal anterior. Por isso, Suíça leva acento (U e I não formam ditongo, mas hiato), mas linguiça não (já que U e I formam ditongo).

Observação: qu"em : não é um encontro vocálico, pois não se pronuncia o U. Portanto, é um dígrafo e não um ditongo.

Os ditongos podem ser classificados, ainda, como abertos e fechados *

Os ditongos são abertos quando constituídos por vogais abertas, e fechados, por vogais fechadas ou nasais.

Revisando conceitos

Quanto ao timbre, as vogais podem ser: abertas, fechadas e reduzidas.

O timbre é o resultado da posição da língua na cavidade bucal no momento da emissão dos sons:

  • com a língua na posição baixa, produz-se as vogais de timbre aberto: [a, é, ó];
  • com a elevação da língua, produz-se as vogais de timbre fechados: [ê, ô, i, u];
  • nas reduzidas, o timbre quase se anula. Em português, são consideradas semivogais [i e u].

Ditongo é o encontro de dois tons: uma vogal e uma semivogal:

  • Ditongo aberto Diz-se que o ditongo é aberto quando une-se uma vogal de timbre aberto a uma semivogal ou vice-versa:
  • Ditongo fechado Quando se une uma vogal de timbre fechado a uma semivogal, diz-se que há um ditongo fechado: (orais): (nasais):[4]

Referências

  1. CEGALLA, Domingos Paschoal (2020). Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional. ISBN 9788504021882 
  2. FIGUEREDO, Vinícius. «Fonologia (parte 2) – semivogal e ditongo». Nova Gramática On-line. Consultado em 19 de maio de 2025 
  3. a b BECHARA, Evanildo (2009). Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 66. ISBN 9788520923184 
  4. «Como faço para saber se é ditongo aberto ou fechado? - Língua Portuguesa em Uso». www.lpeu.com.br. Consultado em 17 de julho de 2022 
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