Ecotécnica

neologismo proposto por Jean-Luc Nancy

A ecotécnica é definida como a 'techne' dos corpos. A Ecotécnica pensa o corpo como uma tecnologia que possibilita a inclusão de toda uma nova gama de corpos. Isso dá às pessoas mais agência e biopoder sobre o uso que fazem de seus corpos. Isso o torna utilizável para teoria queer e estudos sobre deficiência. Uma interpretação também se refere ao termo como o ofício do lar.[1]

Ao classificar o corpo como um objecto técnico, Jean-Luc Nancy explicou como funciona particionando os corpos nas suas próprias zonas e espaços, o que também permite que tais corpos se liguem a outros corpos.[2] Consequentemente, Nancy afirma que a tecnologia determina nossas interações com outros seres no mundo.[2] A ecotécnica também é central na coleção de ensaios de Sullivan e Murray, Queering the Technologisation of Bodies. Baseia-se no trabalho de Bernard Stiegler, que vê o corpo e a tecnologia como um processo duplo: a tecnologia e o corpo são informados um pelo outro. Derrida, que estende as ideias de Nancy e Stiegler, argumenta que o “corpo próprio” implica interconexões de acréscimos técnicos. A ecotécnica vai contra a noção essencialista e binária do corpo como objeto tecnológico que o posiciona no pós-estruturalismo. O corpo só pode ser compreendido dentro do seu ambiente e este ambiente é técnico.

Nancy também aplicou os conceitos de ecotécnica à problemas contemporâneos como guerras e globalização. Ele afirmou, por exemplo, que conflitos modernos são produzidos quando divididas linhas entre: Norte e Sul; rico e pobre; e, integrados e excluídos.[3] Ele também acredita que a ecotécnica está desfazendo comunidades devido a eliminação da polis e a prevalência dos oikos, clamando por uma soberania global que administraria o mundo como uma única família.[4]

Referências

  1. Greer, John Michael (1 de outubro de 2009). The Ecotechnic Future: Envisioning a Post-Peak World (em inglês). [S.l.]: New Society Publishers. ISBN 9781550924398 
  2. a b Ash, James (2016). The Interface Envelope: Gaming, Technology, Power. New York, NY: Bloomsbury Publishing USA. 109 páginas. ISBN 9781623564599 
  3. Devisch, Ignaas (2013). Jean-Luc Nancy and the question of community. Col: Bloomsbury studies in continental philosophy. London New York: Bloomsbury 
  4. Curtis, Neal (2006). War and social theory: world, value and identity. Basingstoke, Hampshire: Palgrave Macmillan