Eliza Gonçalves de Mello, ou simplesmente Eliza M., como assinava suas pinturas (Monte Azul Paulista, 6 de julho de 1910 — 23 de julho de 1996), foi uma artista autodidata do movimento artístico denominado naïf (arte ingênua, em francês).

Eliza Gonçalves de Mello
Nome completo Eliza Gonçalves de Mello
Pseudónimo(s) Eliza M.
Conhecido(a) por Dona Eliza Mello
Nascimento 6 de julho de 1910
Monte Azul Paulista, São Paulo, Brasil
Morte 23 de julho de 1996
São Paulo, SP, Brasil
Nacionalidade Brasileira
Ocupação Atuou em diversas áreas, como artista plástico, artesã e poetisa
Movimento estético Contemporâneo, Arte naïf, Arte Primitiva

Biografia editar

Eliza era filha de Joaquim Gonzales Santana e Generosa Vicente Santana, nasceu em Monte Azul Paulista no dia 6 de julho de 1910. Seus irmãos eram: Manuel; Alfredo; Helena; Josefa; Maria; Darcilia e Amparo.

Morou muitos anos na cidade de Mirassol, onde casou-se com Antonio Moreira de Mello e tiveram seis filhos: Ismael; Valter; Ismênia; Paulo; Valdir e Sonia. Por volta de 1947, mudaram-se para a capital, São Paulo. Era uma casa de aluguel. Situava-se à rua Maria Cândida, no bairro de V. Guilherme.

Eliza, junto de seu marido, Antonio, que tinham uma pequena colchoaria ali perto de onde moravam, produziam e reformavam colchões de clina (vegetal), que tinham muita aceitação na época. Quando Eliza terminava os seus afazeres cotidianos; Antonio, quando terminava o seu turno de trabalho nas I. R. F. Matarazzo, onde era operário; os dois iam para a colchoaria, ganhar um “dinheirinho” a mais, para juntar e comprar um terreno para construir a desejada casa própria, objetivo que conseguiram, por volta de 1951: mudaram-se para a nova casa, ainda inacabada, à rua Gabriel Orífice, 193, na Vila Mazzei, sub-distrito de Santana, São Paulo.

A artista faleceu aos 86 anos, por insuficiência respiratória e acidente vascular encefálico, em 23 de julho de 1996.

Obra editar

A artista fez muito artesanato: Flores em papel crepom, também em tecido; abajures decorados; grinaldas para noivas e tantas outras coisas. Aos 60 anos de idade, já viúva, “descobriu-se” na pintura naïf buscando inspiração na alma, cenas do cotidiano, festas populares, e muita alegria, o que pode ser visto em suas obras. Irrequieta, pintava sobre tecidos; madeira; tela; murais. como constatado através dos catálogos, matérias na imprensa, etc.

José Nazareno Mimessi, que organizou a coleção da artista no Museu de Arte Primitiva de Assis em 1988, disse sobre ela:

"Os temas dessa pintora, que só foi descoberta em 1980 (por Lourdes Cedran e Roberto Rugiero) [...] vêm diretamente do seu passado, ou melhor, de sua infância que costuma retornar nos momentos mais inesperados sob a forma de sonhos tão vívidos e coloridos que a obrigam a levantar as altas horas da noite para registrá-los num esboço que depois será completado em sua própria cozinha que funciona como atelier. [...]
"Suas pinceladas são decididas, suas cores fortes e vibrantes e sua composição plástica é extremamente rigorosa. Tudo é pensado, medido e equilibrado, evidenciando um alto domínio do ofício de pintar, sem que isso impeça o afloramento do onírico e do intuitivo, este criteriosamente organizado, de modo a não se dispersar, perdendo assim sua força de origem. Ela põe tudo em ordem, todos bem vestidos e comportados. Casas pintadas de novo, mesas arranjadas, rendas, jardins, flores [...] caminhos floridos, árvores frondosas, frutos, ninhos, famílias felizes, bichos de estimação, céus azuis, sóis vibrando, pássaros, veleiros singrando os mares com os nomes de Felicidade, Paz, Amor ou ".[1]

A obra de Eliza Gonçalves de Mello consta nos principais dicionários de artes plásticas brasileiras, os de Roberto Pontual, Flávio de Aquino, Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala.[1]

É considerada uma referência entre os artistas naïf nacionais.[2][3][4][5] Recebeu medalha de prata no III Salão de Artes Plásticas de Mococa em 1986 e menção honrosa no IV Salão de 1987,[6][7] o Prêmio Aquisição na Mostra Nacional de Arte Ingênua e Primitiva de 1986; Referência Especial na Mostra de 1987, e por indicação do juri de 1987, teve uma sala especial na Mostra de 1988.[8][1] Expôs na Bienal Naïfs do Brasil de 1996 e teve uma sala especial na Bienal de 2002.[9] Expôs com artistas brasileiros em Tóquio[1] e tem obras no Museu de Arte Primitiva de Assis.[3]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d "Eliza Gonçalves de Mello: delicadeza e força". Jornal de Piracicaba, jun-jul/1988, p. 5
  2. "Cultura: O traço simples". SESC São Paulo, 01/11/2002
  3. a b "MAPA". Secretaria Municipal de Cultura de Assis
  4. "Pintura naif em bienal". Tribuna do Paraná, 05/12/2002
  5. "Bienal reúne representantes da arte naif". Folha de Londrina, 21/11/2002
  6. "III Salão de Artes Plásticas de Mococa". Jornal de Mococa, nov/1986
  7. "IV Salão de Artes Plásticas de Mococa". Jornal de Mococa, nov/1987
  8. D'Ambrosio, Oscar Alejandro Fabian. Um mergulho no Brasil naïf: A Bienal Naifs do Brasil do SESC Piracicaba 1992 a 2010. Doutorado. Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2013, pp. 22-23
  9. D'Ambrosio, pp. 109; 189

Leituras adicionais editar

  • Pereira, Jesus Vasquez (coord.). Bienal Naïfs do Brasil, 3. São Paulo: SESC SP, 1996
  • Dränger, Carlos (coord.). Pop Brasil: arte popular e o popular na arte. São Paulo: CCBB, 2002
  • Nascimento, Antonio do (cur.). Bienal Naïfs do Brasil 2002. Piracicaba: Sesc Piracicaba, 2002
  • "Eliza M".. In: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Acesso em 09 de setembro de 2022