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Um dos primeiros registos de utilização de canhoneiras, foi pelos [[Espanha|espanhóis]] no terceiro assédio a [[Gibraltar]], que durou de [[1779]] a [[1783]]. Sob o comando do almirante espanhol António Barceló, foram construídas canhoneiras, que consistiam em grandes [[bote]]s a remos, sem velas, armados com um pesado canhão de 24 libras e com uma couraça que as protegia desde as [[obras mortas]] até pouco abaixo da [[linha de flutuação]].
 
Uma vantagem deste tipo de embarcação era o fato de que, como só tinham montado um único canhão, este podia ser bastante pesado. A outra grande vantagem era a fácil manobrabilidade das canhoneiras em águas rasas ou restritas, locais difíceis para navios maiores. Um único tiro certeiro de uma [[fragata]] destruiria uma canhoneirascanhoneira, mas uma fragata enfrentando meia dúzia de canhoneiras no [[estuário]] de um [[rio]] certamente seria atingida gravemente por elas antes de poder afundá-las a todas. Além disso, as canhoneiras eram baratas e fáceis de construir, sendo muitas vezes montadas nos próprios locais onde iriam ser utilizadas.
 
As canhoneiras foram empregues em várias operações durante as [[Guerras Napoleónicas|Guerras Napoleônicas]]. As canhoneiras iriam ter um papel importante na invasão de [[Inglaterra]] planeadaplanejada por [[Napoleão]]. Ao serviço dos dinamarqueses foram extensivamente usadas, entre [[1807]] e [[1814]] para enfrentar a mais forte ''[[Royal Navy]]'' britânica, equipada com navios de grande porte. Também, uma flotilha de canhoneiras britânicas foi responsável por proteger, no [[rio Tejo]], o flanco direito das fortificações das [[Linhas de Torres Vedras]].
 
===O desenvolvimento das canhoneiras===
O uso intensivo das canhoneiras ressurgiu na [[Guerra Civil Americana]], resultante do armamento de [[navio a vapor|vapores]] de rodas. Inicialmente foram transformados em canhoneiras, vapores de transporte de passageiros já existentes, mas depois foram construídos alguns vapores de rodas propositadamente como canhoneiras. Este tipo de canhoneira era, normalmente blindada e tinha montadas 12, ou mais, [[peça de artilharia|peças de artilharia]], algumas de grande calibre.
 
Com a generalização da propulsão a vapor, no [[século XIX]], foi construído um considerável número de pequenas embarcações propulsadascom propulsão por rodas, e, mais tarde por hélices, para as marinhas de guerra de quase todos os países do mundo. Estes navios mantinham mastros e velas, sendo o vapor apenas uma forma de propulsão auxiliar. No final do século XIX e no início do século XX, a canhoneira era o típico navio de patrulha de pequena oou média dimensão. Estes navios eram frequentemente usados pelas maiores potências em ações de policiamento ou de demonstração naval nas suas colóniascolônias ou em países mais fracos onde tinham interesses. O uso de navios de guerra como demonstração de força em território estrangeiro tornou-se conhecido como a [[diplomacia das canhoneiras]].
 
Por esta altura as canhoneiras começaram a ter várias classificações, conforme as suas caraterísticascaracterísticas e as suas funções. Assim, existiam as '''canhoneiras fluviais''', as '''canhoneiras couraçadas''', as '''canhoneiras de patrulha''' e as '''canhoneiras de defesa costeira'''. Existiam também os [[monitor encouraçado|monitores]] que eram canhoneiras, com limitadas capacidades náuticas, mas armadas com peças de grande calibre para bombardeamentos costeiros. Surgiram também modelos de canhoneiras, armadas com [[torpedo]]s, classificadas como '''canhoneiras-torpedeiras'''.
 
===Era moderna===
Por altura da [[Primeira Guerra Mundial]] a função das canhoneiras começou a passar a ser desempenhada pelos [[aviso]]s. Estes foram, por sua vez, substituídos pelas [[corveta]]s e [[fragata]]s, durante a [[Segunda Guerra Mundial]].
 
No entanto, algumas marinhas, continuaram a classificar como canhoneiras alguns dos seus [[navio-patrulha|navios-patrulha]]. Durante a Segunda Guerra Mundial, a [[Marinha dos EUA]] classificava como ''patrol gunboats'' (PG - canhoneiras de patrulha) os seus [[navio de escolta|navios de escolta]] de cerca de 1000 t de deslocamento, incluindo-se, nestes, as corvetas de fabrico britânico e canadiano, da Classe Flower, que tinha ao seu serviço. Já durante a [[Guerra do VietnameVietnã]] os EUA classificaram como ''river gunboats'' (canhoneiras fluviais) as suas embarcações rápidas com cascos em fibra de vidro e armadas com metralhadoras. Também durante a Segunda Guerra Mundial, a ''Royal Navy'' classificou de ''motor gun boats'' (MGB - canhoneiras a motor) as suas embarcações ligeiras de ataque, semelhantes às [[torpedeiro#embarcações de ataque rápido|torpedeiras do tipo MTB]], mas armadas com peças ligeiras e metralhadoras.
 
==Canhoneiras na Marinha Portuguesa==
A necessidade de manter uma presença naval nos diversos territórios do vasto [[Império Português]], levou a [[Marinha Portuguesa]] a aumentar ao seu efetivo um elevado número de canhoneiras, na segunda metade do [[século XIX]]. As canhoneiras portuguesas eram navios mistos a vela e a vapor, com deslocamentos médios de 200 t a 600 t, armadas com peças e metralhadoras, construídas inicialmente em madeira e, mais tarde, em ferro. Este tipo de naviosnavio era económicoeconômico e relativamente fácil de construir, permitindo a existência de bastantes unidades que podessempudessem guarnecer todos os territórios ultramarinos. As canhoneiras destinadas especificamente a integrar as várias divisões e estações navais ultramarinas eram classificadas como '''canhoneiras de estação'''.
 
Além das canhoneiras de mar alto, a Marinha Portuguesa integrou também canhoneiras fluviais - classificadas como '''lanchas-canhoneiras''' - para atuarem, sobretudo nos rios dos territórios deda [[África]]. Estas eram embarcações de fundo chato, com deslocamentos médios de 20 t a 40 t, armadas, principalmente, com metralhadoras. As lanchas-canhoneiras foram bastante empregues no apoio às tropas terrestres, nas campanhas de pacificação ultramarina da transição do século XIX para o XX.
 
As canhoneiras e lanchas-canhoneiras constituiramconstituíram o núcleo do que era chamada a "Marinha do Império", representando cerca de dois terços dos navios combatentes da Marinha Portuguesa entre as décadas de [[década de 1880|1880]] e de [[década de 1910|1920]].
 
Na década de 1930 as canhoneiras começaram a ser substituídas pelos [[aviso|avisos coloniais]]. No entanto, algumas mantiveram-se ao serviço até depois da Segunda Guerra Mundial.