Gestão Leonel Brizola no governo do Rio Grande do Sul: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
WaldirBot (discussão | contribs)
m general cleanup utilizando AWB
Linha 13:
Brizola concluiu que o Brasil sofria um processo que ele denominou de "perdas internacionais", por parte das organizações estrangeiras protegidas por seus países de origem. Com isso já em mente, Brizola passou a enfrentar a Companhia Telefônica Riograndense, filial da ITT. Da mesma forma que a ''Bond and Share'', a ITT estava com a concessão terminada, e exigia condições semelhantes para investir. As negociações duraram dois anos e, ao final, chegou-se a um acordo, estabelecendo a criação de uma [[sociedade de economia mista]], com participação do governo (25%), da ITT (25%) e dos usuários (50%). Havia ainda a questão do valor do acervo da ITT, e para isso ela e o governo designaram dois árbitros, que escolheriam um terceiro caso houvesse necessidade. Brizola indicou um inimigo político, da [[UDN]], o professor Luiz Leseigneur de Faria, diretor da Faculdade de Engenharia, enquanto a ITT indicou o engenheiro Frederico Rangel. Brizola considerou alta a avaliação, mas não se manifestou. Porém, após dois meses, a ITT mudou sua direção, afastou seu vice-presidente e exigiu novas negociações, alegando que o laudo não era satisfatório. Brizola anunciou a expropriação dos bens da companhia, com base no valor avaliado pelos árbitros, mas descontando o que havia sido doado pelo governos para composição da rede e os lucros remetidos ilegalmente para o exterior. O [[poder judiciário]] autorizou a emissão de posse.
 
Novamente o fato repercutiu nos Estados Unidos, cujo governo reclamou junto ao Brasil. Brizola se reuniu então no [[Itamaraty]] com o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, [[Roberto Campos]], seu secretário de Justiça, [[Francisco de Paula Brochado da Rocha]], o ministro [[San TiagoThiago Dantas]] e [[Lincoln Gordon]], embaixador dos Estados Unidos. Brizola exigiu que da reunião não participassem os representantes da ITT, o que foi atendido cinco minutos depois.
 
Licoln Gordon afirmou que a empresa não concordava com a avaliação. Brizola retrucou que a avaliação havia sido feita dentro da lei, e que a empresa pudera rever o valor com uma ação no poder judiciário. Lincoln passou a argumentar que a avaliação teria que ser feita por peritos internacionais e não brasileiros, enquanto Brizola rebateu novamente, dizendo que a ITT havia concordado com a indicação dos árbitros e que a expropriação da empresa havia sido por decisão judicial. Lincoln Gordon disse então que o poder judiciário brasileiro era suspeito para julgar uma questão de tal natureza, e Brizola concluiu que dessa forma não havia mais o que discutir, no que foi apoiado por seu secretário de Justiça, que disse que o poder judiciário seria parte da soberania do país e que havia legitimidade para julgar uma empresa estrangeira operando no país.
 
A crise entre Brasil e Estados Unidos agravou-se <ref>[http://www.cpdoc.fgv.br/nav_jgoulart/htm/biografias/Lincoln_Gordon.asp Biografia de Lincoln Gordon no site da FGV]</ref> e Brizola acabou se afastando do governo federal. Brizola ficou magoado com [[João Goulart]] ao tomar conhecimento do acordo feito entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, contemplando as exigências da ''Bond and Share'' e da ITT, e dando empréstimo a juros baixos, pelo [[Banco do Brasil]]. O governo federal emcampouencampou as companhias telefônicas do [[Rio de Janeiro]] e [[São Paulo]], iniciando o projeto [[Embratel]], a cargo do [[Departamento de Correios e Telégrafos]].
 
Um anônimo entregou a Brizola uma cópia do acordo feito. Brizola encontrou-se com o ministro da Fazenda, San Thiago Dantas, que não o convenceu. Assim, no dia seguinte, Brizola foi à [[televisão]] denunciar o acordo de caráter lesivo aos interesses nacionais. Houve crise no governo. O ministério caiu, inclusive o ministro da Guerra, [[Amaury Kruel]], que havia sediado em sua casa a reunião do acordo. João Goulart suspendeu então o acordo. Porém, uma das primeiras medidas do governo do [[golpe militar de 1964]] foi reativar o acordo, pagando ainda mais 10 milhões de dólares pelo atraso. O Brasil pagou ao todo, parceladamente, 470 milhões de dólares à empresa ''American Foreing Powers''.