Alexander Selkirk: diferenças entre revisões

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Permaneceu longe seis anos, fugindo das restrições e desaprovações de sua comunidade e aprendendo o ofício de [[marinheiro]]. Acabou voltando em [[1701]], "mais impulsivo e tempestuoso do que nunca", de acordo com alguns biógrafos. Tempos depois Andrew, irmão de Alexander, lhe dá um copo de água salgada, que o outro bebe incauto. Ao começar a rir da reação do irmão, Andrew é severamente espancado, o mesmo acontecendo a John, seu irmão mais velho, e também ao pai, que tentaram intervir. Na confusão acaba sobrando também para a esposa de John, que é atingida por um golpe na cabeça.<ref name="desperate"/>
 
Dessa vez ele não conseguiu escapar da audiência, e em [[30 de novembro]] de [[1701]], diante de todos no púlpito da igreja, "reconheceu seus pecados ao entrar em conflito com seus irmãos", sendo repreendido pela congregação e dispensado sob a promessa de que se regeneraria "em nome do Senhor". Aquilo fora humilhação o bastantesuficiente para o jovem esquentadoimpulsivo. O inverno reteve-o reteve em Largo, mas com a chegada da primavera ele partiu novamente. A princípio envolveu-se em expedições [[Bucaneiro|bucaneiras]] para as [[Polinésia|Ilhas do Sul]], e em [[1703]] juntou-se à expedição do [[corsário]] e [[Exploração|explorador]] de renome [[William Dampier]]. Enquanto Dampier capitaneava o ''St. George'', Selkirk serviu na [[galé]] acompanhante ''Cinque Ports'' como mestre de navegação sob o comando de Thomas Stradling.<ref name="desperate"/>
 
=== Náufrago ===
[[Ficheiro:Alexander Selkirk Title Page.jpg|thumb|right|Livro de 1835 baseado na vida de Selkirk]]
Em [[outubro]] de [[1704]], após as embarcações se separarem devido a umaum desentendimento entre Stradling e Dampier, o ''Cinque Ports'' dirigiu-se à [[ilha]] Más a Tierra (atualmente conhecida como [[Ilha Robinson Crusoe]]) no [[arquipélago]] desabitado de [[Arquipélago Juan Fernández|Juan Fernández]], ao largo da costa do [[Chile]], para renovar suas provisões e estoquestock de [[água]]. O local, alvo de uma tentativa mal-sucedida de colonização pelos [[Espanha|espanhóis]], encontrava-se então abandonado, servindo como ponto de parada frequente para marinheiros britânicos.<ref name="desperate"/>
 
Neste ponto, Selkirk tinha graves preocupações a respeito da capacidade de navegação da galé, cuja estrutura mostrou-se não se adaptar bem ao clima tropical. Contando com a passagem iminente do ''St. George'', ele disse a Stradling que preferia ficar em Más a Tierra a afundar com o ''Cinque Ports'', tentando convencer alguns dos seus colegas a desertar e permanecer na ilha. Ninguém concordou, mas o capitão declarou que lhe concederia aquele desejo, abandonando-o sozinho no local. Selkirk imediatamente arrependeu-se arrependeu da decisão, mas não havia como voltar atrás. Como fora abandonado e não expulso, pôde permanecer com seus pertences, e munido de seu [[mosquete]], [[pólvora]], ferramentas variadas (incluindo suas ferramentas náuticas), uma [[faca]], uma [[Bíblia]], livros de [[salmos]], algumas peças de [[roupa]] e uma [[corda]], ele passaria os quatro anos e quatro meses seguintes privado de qualquer companhia humana. Quanto ao ''Cinque Ports'', acabou [[Naufrágio|naufragando]] em alto-mar, vitimando a maioria de seus marujos.<ref name="desperate"/>
 
=== Vida na ilha ===
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[[Ficheiro:Selkirk reading his Bible.png|thumb|left|"Selkirk lendo sua Bíblia", gravura de 1837]]
Selkirk provou ser engenhoso em utilizar o equipamento que trouxera, assim como materiais disponíveis na ilha. Ele construíu, próximo a uma fonte de água, duas [[cabana]]s a partir de árvores de [[pimenta-da-jamaica]], utilizou seu mosquete para caçar cabras, e a faca para limpar suas carcaças.<ref name="bbc">[http://news.bbc.co.uk/1/hi/scotland/7703375.stm "Dig finds camp of 'real Crusoe'"]. ''BBC News'', 1 de novembro de 2008</ref> Quando a munição ficou escassa, passou a caçar suas presas a pé e, durante uma dessas perseguições, feriu-se seriamente ao cair de um [[penhasco]], ficando inconsciente por aproximadamente um dia. O animal a quem caçava, pelo menos, amorteceu-lhe a queda, poupando-o de uma ferimentos mais graves. Ele lia a Bíblia com frequência, buscandoprocurando nela conforto para a sua condição e prática para o seu [[Língua inglesa|inglês]].<ref>"Providence display’d, or a very surprising account of one". Woodes Rodgers. ''The British Library journal'', Volumes 5-6. British Museum Publications (1979)</ref>
 
As lições que aprendera no [[curtume]] de seu pai na infância foram de grande ajuda durante a estadia na ilha; quando suas roupas puíram, ele produziu novos trajes a partir da pele das cabras, usando um [[prego]] para costurar. Depois que seus sapatos desgastaram, ele não teve necessidade de fabricar outros uma vez que seu pé [[Calo|calejado]] e endurecido tornou qualquer outra proteção desnecessária. Quanto aos instrumentos, ele conseguiu ao menos forjar uma nova faca a partir dos anéis dos [[Barril|barris]] abandonados na praia.
 
Nesse ínterim, duas embarcações ancoraram na ilha, mas eram ambas espanholas; no auge da [[Guerra da Sucessão Espanhola|Guerra da Sucessão]] e na condição de [[corsário]] e escocês, Selkirk corria um grande risco caso fosse capturado. Da primeira vez, seguiu até a praia para determinar a nacionalidade do navio ancorado; ao descobrir, pôs-se a correr, não sem antes servir de alvo aos mosquetes espanhóis, cujos donos decidiram não perseguir mais além aquela estranha figura. O segundo encontro, no entanto, foi mais arriscado. Tendo os espanhóis desembarcado sem o náufrago tê-losos ter visto, a sua única opção foi buscar refúgio no topo de uma árvore, de onde viu seus perseguidores matarem diversos animais e urinarem no sopé da própria árvore onde se escondia. Frustrados e incapazes de encontrar o marinheiro inimigo, os espanhóis levantaram vela e partiram.<ref name="desperate"/>
 
[[Ficheiro:Serkirk being taken aboard the Duke.jpg|thumb|right|Desenho de 1859 mostrando o resgatado Selkirk (''sentado, à direita'') sendo levado à bordo do ''Duke'']]
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Muitos que estiveram com Selkirk após o resgate (como o capitão Rogers e o jornalista Steele), impressionaram-se com a paz de espírito e vigor corporal que o ex-náufrago adquirira enquanto na ilha. No começo de [[1717]], Selkirk retornou a Lower Largo, mas permaneceu apenas alguns meses. Conheceu ali Sophia Bruce, uma criada de dezesseis anos. Eles fugiram para [[Londres]], mas aparentemente não se casaram pois, em março daquele ano, o marujo estava de volta ao trabalho. Mais tarde, em visita a [[Plymouth (Devon)|Plymouth]], ele casou-se com uma [[Estalagem|estalajadeira]] viúva.<ref name="spiegel">[http://www.spiegel.de/international/zeitgeist/0,1518,605963,00.html "Scientists Research the Real Robinson Crusoe"]. ''Der Spiegel'', 2 de junho de 2009</ref>
 
Um diário de bordo registra que Selkirk morreu às oito da noite de [[13 de dezembro]] de [[1721]], enquanto servia como [[tenente]] a bordo do navio [[Marinha Real Britânica|real]] ''Weymouth''. Ele provavelmente foi vítima da [[febre amarela]] que devastou igualmente grande parte daquela tripulação. Foi sepultado no mar, próximo à costa ocidental dade [[África]].<ref name="spiegel"/>
 
== Legado ==