Gambiarra evolutiva: diferenças entre revisões

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Revisão das 12h05min de 25 de abril de 2017

Gambiarra evolutiva (Kluge ou também bagagem evolutiva) tem sido um termo utilizado nos campos da ciência evolucionista para descrever estruturas, órgãos e comportamentos imperfeitos, desajeitados, inelegantes, ineficientes, difíceis de entender ou prejudiciais que são resultantes do processo evolutivo [1][2][3][4]. O termo  tem aparecido na literatura[1] e se tornado familiar entre os biólogos, aparecendo até como título do livro Kluge do psicólogo Gary Marcus, da Universidade de Nova York, que usa desta analogia para descrever a mente humana[3].

Aparições na literatura:

  • O termo Gambiarra evolutiva aparece na obra "O vazio da Máquina" , livro de André Cancian, que investiga alguns dos tópicos mais incômodos trazidos à luz pelo vazio da existência. O nada, o absurdo, a solidão, o sofrimento, o suicídio, a hipocrisia são alguns dos assuntos principais abordados ao longo da obra. Em um trecho de sua obra, ele usa o termo Gambiarra como analogia para retratar sobre a desajeitada formação humana[4]:

" [...] Mas o fato é que somos uma gambiarra evolutiva, e mesmo que essa ideia seja incômoda, ela nos permite compreender em função de que está programada essa realidade virtual chamada consciência – e as emoções que a norteiam - , e assim finalmente entendamos um pouco melhor por que somos tão contraditórios e tão complicadamente incoerentes"[4].

  • Gambiarra Evolutiva aparece também no livro "The Accidental Mind: How Brain Evolution Has Given Us Love, Memory, Dreams, and God" do neurocientista David Linden, onde o mesmo discute como os defensores do design inteligente interpretaram mal a anatomia do cérebro. Linden contesta a suposição generalizada de que o cérebro é um modelo de design - e em seu lugar nos dá uma explicação convincente de como a evolução acidental do cérebro resultou em nada menos do que a humanidade na espécie Homo sapiens. A obra mostra como o cérebro não é uma máquina de resolução de problemas otimizada e de propósito geral, mas sim uma aglomeração estranha de soluções ad hoc que foram empilhadas por milhões de anos de história evolutiva[2]. Em um trecho Linden aborda:

"Os aspectos transcendentes de nossa experiência humana, as coisas que tocam nosso núcleo emocional e cognitivo, não nos foram dados por um Grande Engenheiro.  Estas não são as últimas características de design de um cérebro impecavelmente trabalhada.  Em vez disso, a cada passo, o design do cérebro tem sido um obstáculo, uma solução alternativa, um desordem, um pastiche.  As coisas que possuímos mais alto em nossa experiência humana (amor, memória, sonhos e uma predisposição para o pensamento religioso) resultam de uma aglomeração particular de soluções ad hoc que foram acumuladas através de milhões de anos de história da evolução.  Não é que tenhamos pensamentos e sentimentos fundamentalmente humanos, apesar do design kludgy do cérebro moldado pelas reviravoltas da história evolutiva.  Pelo contrário, nós os temos precisamente por causa dessa história[2]". 

  • O livro do psicólogo de pesquisa Gary Marcus, "Kluge: The Haphazard Construction of the Human Mind"[3], compara os kluges evolucionários com os de engenharia, como limpadores de pára - brisas com vácuo - quando você acelerou ou dirigiu para cima, "seus limpadores abrandaram, completamente". O livro é dedicado a mostrar como as faculdades mentais humanas mais caras -consciência e raciocínio lógico- foram construídas pela evolução aproveitando estruturas cerebrais primitivas, e que na falta de algo melhor serve ao humano, mas o preço pago pela gambiarra cerebral é que ela freqüentemente entra em "curto-circuito"[1].

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  1. a b c «Folha de S.Paulo - Falha de conexão - 07/12/2008». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 25 de abril de 2017 
  2. a b c Linden, David J. (2007). The Accidental Mind: How Brain Evolution Has Given Us Love, Memory, Dreams, and God. Belknap Press. pp. 245–246. ISBN 0-674-02478-8.
  3. a b c Marcus, Gary (2008). Kluge: The Haphazard Construction of the Human Mind. Houghton Mifflin Co. pp. 4–5. ISBN 0-618-87964-1.
  4. a b c Cancian, André (1 de janeiro de 2007). O Vazio da Máquina: Niilismo e outros abismos (em inglês). [S.l.]: André Cancian. ISBN 9788590555827