Língua hebraica: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Desfeita(s) uma ou mais edições de 179.212.91.109, com Reversão e avisos
Linha 43:
O hebraico é uma [[Línguas afro-asiáticas|língua afro-asiática]]. Essa família linguística provavelmente se originou no Nordeste da [[África]], e começou a divergir nos meados do [[oitavo milênio a.C.]]; de qualquer forma, existe grande debate em relação à data. (A teoria é defendida pela maioria dos linguistas e arqueólogos mas contraria a leitura tradicional da [[Torá]]). Os falantes do [[proto-afro-asiático]] expandiram-se para norte e acabaram por chegar ao Médio Oriente.
 
No fim do terceiro milénio a.C. as línguas ancestrais como o aramaico, o [[ugarítico]] e várias outras línguas cananitas eram faladas no [[Levante (Mediterrâneo)|Levante]] ao lado dos influentes dialectosdialetos de [[Ebla]] e [[língua acadiana|Acádia]]. À medida que os fundadores do hebraico migravam para o sul, onde receberiam influências do levante, tal como outros povos que empreenderam o mesmo caminho, como os [[filisteus]], adoptaramadotaram os dialectosdialetos cananeus. A primeira evidência escrita do hebraico, o [[calendário de Gezer]], data do século X a.C., os tempos dos reinados dos reis [[Davi]] e [[Salomão]]. Apresenta uma lista das estações e de actividadesatividades agrícolas com elas relacionadas. O calendário de Gezer (que recebeu o nome da cidade em cujas proximidades foi encontrado) está escrito em um alfabeto semítico antigo, aparentado ao [[alfabeto fenício|fenício]], o qual, passando pelos [[Grécia Antiga|gregos]] e pelos [[etruscos]], deu origem ao [[alfabeto latino]] usado hoje em quase todas as línguas europeias. O calendário de Gezer é escrito sem nenhuma vogal, e não usa consoantes substitutas de vogais mesmo nos lugares onde uma soletração mais moderna o requer (ver abaixo).
 
[[Ficheiro:Silwan-inscr.jpg|left|thumb|upright=1.5|A verga [[Shebna]], da tumba de um camareiro real achado em Siloé, datado do século VII a.C.]]
Linha 50:
O escrito mais famoso originalmente em hebraico é o [[Tanakh]], base das Escrituras Sagradas hebraicas, apesar de as datas em que teria sido escrito ainda sejam disputadas ([[Ver datar a bíblia]]). As cópias existentes mais antigas foram encontradas entre os [[manuscritos do Mar Morto]], escritos entre o século II a.C. e o século I d.C.
 
A língua formal do império babilónico era o [[aramaico]] (cujo nome deriva de ''Aram Naharayim'', "Mesopotâmia", ou de ''Aram'', "terras altas" em cananeu e o antigo nome da [[Síria]]). O [[Império Aquemênida]], que conquistou o [[Império Neobabilónico]] poucas décadas depois do início do exílio judeu, adoptouadotou o aramaico como língua oficial. O aramaico é também uma língua semítica norte-ocidental, bastante semelhante ao hebraico. O aramaico emprestou muitas palavras e expressões ao hebraico, principalmente devido a ser a língua utilizada no [[Talmude]] e noutros escritos religiosos.
 
Além de numerosas palavras e expressões, o hebraico também recebeu do aramaico o seu [[alfabeto aramaico|alfabeto]]. Apesar de as letras aramaicas originais terem origem no alfabeto fenício que era usado no antigo Israel, divergiram significativamente, tanto às mãos dos judeus como dos mesopotâmios, assumindo a forma que hoje nos é familiar cerca do século I a.C.. Escritos desse tempo (especialmente notáveis são os manuscritos do Mar Morto encontrados em [[Qumran]]) foram redigidos com um alfabeto muito semelhante ao "quadrático" ainda hoje usado.
Linha 65:
 
[[Ficheiro:Eliezer Ben Jehuda bei der Arbeit.jpg|thumb||upright=1.5|[[Eliezer Ben-Yehuda]]]]
Apesar de a princípio o seu trabalho ter sido desprezado, a necessidade de uma língua comum começou a ser entendida por muitos. Em breve seria constituído o Comité da Língua Hebraica. Mais tarde tornar-se-ia a [[Academia da Língua Hebraica]], uma organização que existe actualmenteatualmente. Os resultados do seu trabalho e do do comité foram publicados num dicionário (''O Dicionário Completo de Hebraico Antigo e Moderno''). O trabalho de Ben-Yehuda acabou por encontrar solo fértil e no princípio do século XX, o hebraico estava a tornar-se a principal língua das populações judias.
 
=== História recente ===
 
Ben-Yehuda baseou o hebraico moderno no hebraico bíblico. Quando o comité decidia inventar uma nova palavra para um determinado conceito, Yehuda procurava em índices de palavras bíblicas e dicionários estrangeiros, particularmente de [[Língua árabe|árabe]]. Enquanto que Yehuda preferia as raízes semíticas às europeias, a abundância de falantes europeus de hebraico levou à introdução de muitas palavras estrangeiras. Outras mudanças que tiveram lugar à medida que o hebraico voltava à vida foram a sistematização da gramática, uma vez que a sintaxe bíblica era por vezes limitada e ambígua; e a adopçãoadoção da pontuação ocidental.
 
A influência do [[Língua russa|russo]] é particularmente evidente no hebraico. Por exemplo, o sufixo russo -ácia é usado em nomes onde o português usa o sufixo -ação. Isto aconteceu tanto em empréstimos directosdiretos do russo, como por exemplo "industrializacia", industrialização, e em palavras que não existem em russo. A influência do inglês é também muito forte, parcialmente devido à administração britânica de [[Israel]], que durou cerca de 30 anos, e devido a laços fortes com os [[Estados Unidos]]. A influência do alemão integrada ao [[iídiche]] é bem acentuada, nomeadamente nos diminutivos. Finalmente o árabe, sendo a língua de numerosos judeus [[Mizraico]]s e [[Sefardita]]s imigrados ou com nacionalidade de países árabes, assim como os árabes israelitas, teve uma influência importante no hebraico, especialmente no [[calão]].
 
O hebraico moderno é escrito com um [[Alfabeto hebraico|alfabeto]] conhecido como " quadrático". É o mesmo alfabeto, em última análise derivado do [[aramaico]], que foi usado para copiar livros religiosos em hebraico durante dois mil anos. Este alfabeto tem também uma versão cursiva, que é usada para a escrita à mão.
Linha 98:
O hebraico [[sefardita]] é a base do hebraico padrão e não é muito diferente deste, mas tradicionalmente tem maior variedade de pronúncias. Foi influenciado pelo [[Judeu-espanhol|ladino]].
 
O hebraico [[mizrahi]] (oriental) é na realidade um grupo de dialectosdialetos falados liturgicamente por judeus em várias partes do mundo árabe e islâmico. Foi influenciado pelo [[Língua árabe|árabe]].
 
Quase todos os emigrantes em [[Israel]] são encorajados a adoptaradotar o hebraico moderno como a sua língua diária. O bilinguismo é um fenômeno frequente, o que se observa em particular com judeus brasileiros residentes em Israel, que tendem a manter o uso cotidiano do português do Brasil, juntamente com o hebraico. Isso se verifica em concentrações demográficas de judeus brasileiros, como os kibutzim [[Bror Chail]] e [[Ga'ash]].
 
Como dialectodialeto, o hebraico padrão foi inicialmente baseado no hebraico sefardita, mas foi influenciado pela fonologia asquenaze até formar um dialectodialeto moderno único.
Por exemplo, o som da consoante ''[[resh]]'' no hebraico padrão atual se aproxima mais do som gutural que a letra "[[r]]" possui no alemão, no iídiche e no francês, que do seu som no dialeto sefardita, ou de seus equivalentes nas outras [[línguas semíticas]]. Assim como o som da letra "tz" (tzadi) que no hebraico moderno possui o som duplo semelhante ao "z" do alemão, e não a pronúncia sefardita e mizrahita que é semelhante ao "çad" do árabe.
 
Linha 167:
 
O hebraico também tem o ''[[dagesh]],'' um "enfatizador". Há dois tipos de enfatizadores: o brando
(''qal'', conhecido também como ''dagesh lene'') e o forte (''chazaq'' ou ''dagesh fortis''). Há duas subcategorias de dagesh forte: forte estructural (''chazaq tavniti'') e o forte complementar (''chazaq mashlim''). O brando afeta os fonemas /v/ /g/ /d/ /kh/ /f/ /t/ no início de uma palavra, ou depois de um ''schwa'' de repouso. As ênfases do tipo forte estructuralestrutural pertencem a certos padrões vocálicos
(''mishkalim'' e ''binyanim''; ver a secção sobre gramática, a ser incluída a seguir). O ''dagesh'' forte complementar é acrescentado quando ocorre uma [[assimilação (linguística)|assimilação vocálica]]. Como mencionado
antes, a ênfase influencia qual de um par de [[alófono]]s é pronunciado. Bastante interessante, evidência histórica indica que /g/, /d/ and /t/ costumavam ter versões de ênfase próprias, contudo elas desapareceram de virtualmente todos os dialetos falados do hebraico. Todas as outras consoantes, exceto as [[aspirada]]s, podem receber uma ênfase, mas seus sons não sofrerão mudanças.
Linha 281:
A palavra em hebraico para verbo é “poal”, as três letras desta palavra são geralmente usadas para indicar o paradigma da construção verbal פ.ע.ל. Esta tabela na forma de uma Menora pode ser útil para exemplificar os sete binyamim (construções): do lado direito temos três(binyamim) que indicam a voz ativa, do lado esquerdo se encontram três binyanim que indicam a voz passiva e no meio se encontra um binyan que indica a forma reflexiva ou recíproca.
 
Os verbos no hebraico são declinados pelo [[Gênero gramatical|género]], [[Pessoa gramatical|pessoa]], [[Número (gramática)|número]] e [[Tempo verbal|tempo]]. A forma base para os verbos é a terceira pessoa masculina singular do passado activoativo do [[indicativo]].
 
=== Pessoa, número, e gênero ===
Linha 289:
O [[dual]] arcaico presente no sistema nominal não é usado no sistema verbal.
 
Usualmente a pessoa afectaafeta o [[sufixo]] do verbo. Assim, ''lamadti (לָמַדְתִּי)'' significa "aprendi", ''lamadta (''לָמַדְתָּ)'''' significa "aprendeste", ''lamdu (לָמְדוּ)'' significa "aprenderam". A raiz ''lamd-'' mantém-se constante.
 
O hebraico declina ainda com o género, distinguindo, por exemplo, entre ''lamadet (לָמַדְתְּ'') ("aprendeste", no feminino) e ''lamadta (''''לָמַדְתָּ'''')'' ("aprendeste", no masculino).