Leonel Brizola: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Leandrod (discussão | contribs)
m →‎Deputado federal pela Guanabara: Correção da gramática
Etiquetas: Edição via dispositivo móvel Edição via aplic. móvel
→‎Exílio: adicionei novas informações e referências.
Linha 110:
[[Imagem:Família Brizola saindo do Uruguai durante o exílio.png|thumb|Brizola e sua família deixando o [[Uruguai]], em 1977.]]
 
Em abril de 1964, um [[Golpe de Estado no Brasil em 1964|golpe de Estado]] derrubou Goulart.{{sfn|Braga, Souza, Dioni e Bones|2004|p=85}} Brizola acolheu-o em Porto Alegre, na esperança de incentivar o exército local a reagir e assim restaurar o governo deposto. Brizola se envolveu em planos para enfrentar os militares golpistas, inclusive proferindo um ardente discurso público na Câmara Municipal de Porto Alegre, exortando os suboficiais do exército a "ocupar quartéis e prender os generais", o que lhe valeu o ódio duradouro dos comandantes militares da ditadura.{{sfn|Filho & Moreira|2008|p=275}}{{sfn|Kohut & Vilella|2010|p=81}}{{sfn|Frota|2006|pp=487-489}}{{sfn|Soares, Batista & Pimentel|2008|p=}} Depois de um mês mal sucedido no estado, Brizola fugiu no início de maio de 1964 para o [[Uruguai]], onde Goulart já estava no exílio depois de demonstrar pouco interesse com as tentativas de resistência armada.{{sfn|Alexander & Parker|2003|p=141}} Politicamente solitário no início de seu exílio, eventualmente preferiu a política insurrecional ao reformismo.{{sfn|Rollemberg|2001|p=29}}{{sfn|Laqueur|2009|p=329}} No início de 1965, um grupo de simpatizantes seus tentou e não conseguiu articular uma [[guerrilha]] nas montanhas do leste brasileiro ao redor de [[Caparaó]].{{sfn|Igreja Católica|1986|p=100}} Outro grupo de guerrilheiros ''brizolistas'' se dispersaram após um confronto com o exército no sul.{{sfn|Ridenti|1993|p=214}} Este evento levantou suspeitas sobre a má administração de Brizola dos fundos que lhe foram oferecidos por [[Fidel Castro]].{{sfn|Rollemberg|2001|pp=29-31}} Com exceção desse episódio, Brizola passou os primeiros dez anos da ditadura militar brasileira isolado no Uruguai, onde geriu a propriedade de sua esposa e manteve-se a par do que acontecia no Brasil. Ele rejeitou as tentativas de ser recrutado para a [[Frente Ampla]], um grupo informal de líderes pré-ditadura da década de 1960 que pretendia pressionar pela redemocratização, incluindo [[Carlos Lacerda]] e [[Juscelino Kubitschek]].{{sfn|Penna|2008|p=288}} Durante a tentativa de recrutamento, rompeu os laços restantes com Goulart; eles se reconciliaram em setembro de 1976.{{sfn|Rose|2005|p=137}}{{sfn|Braga, Souza, Dioni e Bones|2004|pp=100-101}} A [[StB]] ([[Serviço de inteligência|inteligência]] da [[Tchecoslováquia]]) entrou em contato com ele para auxiliá-lo numa reação armada contra o regime militar.<ref name="Gazeta do Povo">[[Gazeta do Povo]] - [http://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-a-espionagem-comunista-se-infiltrou-no-governo-de-dois-ex-presidentes-brasileiros-e73p4i3scc55a8th9ycmz2a52 ''Como a espionagem comunista se infiltrou no governo de dois ex-presidentes brasileiros.''] Tiago Cordeiro, 21 de Dezembro de 2018. Acessado em 04/03/2018.</ref> Mas Brizola considderou que, naquele momento, tal reação não seria possível.<ref name="Gazeta do Povo"/>
 
Desde o início do seu exílio, Brizola foi observado de perto pela inteligência brasileira, que pressionou regularmente o governo uruguaio. No final da década de 1970, no entanto, o surgimento de uma ditadura militar no Uruguai permitiu ao governo brasileiro trabalhar em conjunto com os militares uruguaios para, como parte da [[Operação Condor]], capturá-lo.{{sfn|Braga, Souza, Dioni e Bones|2004|pp=90-94}}<ref>{{Citar web |url=http://submissoes.al.rs.gov.br/index.php/estudos_legislativos/article/viewArticle/16 |título=As ações da polícia política durante a ditadura contra os exilados brasileiros no Uruguai: o caso do Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul |publicado=Revista Estudos Legislativos |autor=Ananda Simões Fernandes |data=2009 |acessodata=24 de dezembro de 2017}}</ref> Até o final da década de 1970, a inteligência norte-americana ajudou nos esforços das ditaduras latino-americanas a controlar Brizola,<ref>{{Citar web |url=http://www.eeh2008.anpuh-rs.org.br/resources/content/anais/1210691256_ARQUIVO_textoanpuh2008.pdf |título=A ditadura brasileira e a vigilância sobre seu “inimigo interno” no Uruguai (1964-1967): os órgãos de repressão e de espionagem |publicado=Vestígios do Passado |autor=Ananda Simões Fernandes |data= |acessodata=24 de dezembro de 2017}}</ref> que pode ter sobrevivido ao seu exílio graças a mudança da política dos EUA para a [[América Latina]], ocorrida com o governo de [[Jimmy Carter]], que se esforçou para conter abusos aos direitos humanos.{{sfn|McSherry|2005|p=164}} Esta mudança levou Brizola a ter uma gratidão eterna com Carter.{{sfn|López & Stolz|1987|p=248}} Entre o final de 1976 e o início de 1977, o fato de que todos os três membros mais proeminentes da Frente Ampla - Kubitscheck, Goulart e Lacerda - morreram sucessivamente e em circunstâncias um tanto misteriosas, fez Brizola se sentir cada vez mais ameaçado no Uruguai.<ref>{{Citar web |url=http://www.seer.ufrgs.br/aedos/article/view/12769 |título=Operação Condor: Terrorismo de Estado no Cone Sul das Américas |publicado=Revista do Corpo Discente do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS |autor=Fabiano Farias de Souza |data=2011 |acessodata=24 de dezembro de 2017}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.wsws.org/en/articles/2013/12/13/braz-d13.html |título=Probe finds ex-president of Brazil was assassinated by US-backed regime |publicado=World Socialist Web Site |autor=Bill Van Auken |data=13 de dezembro de 2013 |acessodata=24 de dezembro de 2017}}</ref> Diante da iminente retirada de seu asilo, procurou a Embaixada dos EUA, onde conversou com o conselheiro John Youle. Mesmo com a oposição do subsecretário de Estado para os Assuntos do Hemisfério Ocidental Terence Todman, Youle concedeu a Brizola um visto de trânsito que permitiu-lhe, já que em meados de 1977 foi deportado do Uruguai por supostas "violações de normas de asilo político", viajar para - e, eventualmente, ser dado um asilo imediato - os EUA.{{sfn|McSherry|2005|p=164}}{{sfn|Black|1995|p=480}}{{sfn|Braga, Souza, Dioni e Bones|2004|p=97}} O resgate de Brizola é reconhecido como um dos sucessos da retórica dos Direitos Humanos de Carter.{{sfn|López & Stolz|1987|p=248}} Depois deste episódio, não se oporia mais diretamente às políticas norte-americanas em relação ao Brasil, contentando-se em denunciar vagamente as "perdas internacionais" incorridas pelo Brasil devido a termos de câmbio injustos impostos pelas corporações multinacionais.{{sfn|Brigagão & Ribeiro|2015|p=}}